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O “vazamento” de dados do Facebook e um novo aprendizado no relacionamento

A ética é individual ou coletiva no seu trabalho e na sua vida? E qual a chance de aprendizado quando a ética “falha”?

MARK ZUCKERBERG: diretor do Facebook aceita depor em investigação contra rede social / Stephen Lam | Reuters (Stephen Lam/Reuters)
MO

Marcio Oliveira

Publicado em 2 de abril de 2018 às 10h38.

Mais uma vez nos deparamos com um problema de “vazamento” de dados, agora com o Facebook no olho do furacão. Coloquei a palavra vazamento entre aspas porque não acredito que os dados foram simplesmente vazados, mas não pretendo entrar no mérito desta questão aqui.

O ponto que levanto é o que enxergo como uma falta clara de limites éticos no uso de informações pessoais, muitas vezes coletadas de forma manipulada, para fins comerciais e, como foi este caso específico do Facebook, eleitorais. E como não existem estes limites éticos claros para isso começam a aparecer leis como a GDPR (General Data Protection Regulation) na Europa e até algumas iniciativas aqui no Brasil, como o Marco Civil na Internet, já mencionado em alguns de nossos artigos. Infelizmente, como toda a lei que nasce para regular algo que a própria sociedade não consegue controlar sozinha, ela acaba sendo dura demais, como é o caso destas leis.

Considero ética um conceito estranho simplesmente porque esta palavra traz consigo uma subjetividade intrínseca que complica muito as coisas. Vejamos uma das definições de ética que aparece no Google.

“p.ext. conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade.”

Nesta definição que em essência não é diferente das demais, mas apenas mais objetiva, existem 3 tipos de éticas que podem se chocar: a do indivíduo, a do grupo social e a da sociedade. Nesta ordem, para haver harmonia, o código de comportamento ético estabelecido precisa ser aceito primeiramente pelo indivíduo para depois ser aceito por um grupo e, assim, virar um comportamento padrão esperado numa sociedade, eventualmente com leis para regrar e punir desvios. Eventualmente porque quando todos aceitam e praticam, não precisamos de lei, certo?

O problema é que normalmente ficamos sempre no primeiro nível da ética, o do indivíduo, e aí acontecem as escolhas e os choques de pensamento, afinal, o que pode ser uma atitude ética para uma pessoa não necessariamente é para outra, considerando também que pessoas se importam em níveis diferentes com isso. Quem já não soube de algum caso onde alguém até sabe que aquele comportamento não é necessariamente bom, mas todo mundo faz? Tenho certeza de que muitos de nós, inclusive, já agimos assim em vários momentos.

E, voltando ao caso, este comportamento geral é também refletido nas decisões que acontecem em salas de reuniões de muitas empresas. Muitas vezes, inclusive, são escolhas que trabalham conscientemente para conseguir vantagens exatamente colocando subjetividade na definição de ética, usando como argumentos coisas como: precisamos vender, precisamos ganhar da concorrência, precisamos manter empregos, precisamos lucrar ou precisamos ganhar eleições. Ou seja, os fins justificam os meios. O problema acontece quando os meios afetam de maneira negativa muitas pessoas que não serão beneficiadas pelos fins, que em casos assim sempre beneficiam poucos, como empresas e políticos, por exemplo.

E, sinceramente, continuaremos sempre a conviver com casos como este do Facebook. Podem até mudar os atores, mas o comportamento está estabelecido e nem as leis vão conseguir acabar com ele, talvez diminuir, mas não acabar, afinal, a ética do indivíduo continuará a ter uma força muito grande porque somos humanos e ser egoísta faz parte da nossa natureza.

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Mais uma vez nos deparamos com um problema de “vazamento” de dados, agora com o Facebook no olho do furacão. Coloquei a palavra vazamento entre aspas porque não acredito que os dados foram simplesmente vazados, mas não pretendo entrar no mérito desta questão aqui.

O ponto que levanto é o que enxergo como uma falta clara de limites éticos no uso de informações pessoais, muitas vezes coletadas de forma manipulada, para fins comerciais e, como foi este caso específico do Facebook, eleitorais. E como não existem estes limites éticos claros para isso começam a aparecer leis como a GDPR (General Data Protection Regulation) na Europa e até algumas iniciativas aqui no Brasil, como o Marco Civil na Internet, já mencionado em alguns de nossos artigos. Infelizmente, como toda a lei que nasce para regular algo que a própria sociedade não consegue controlar sozinha, ela acaba sendo dura demais, como é o caso destas leis.

Considero ética um conceito estranho simplesmente porque esta palavra traz consigo uma subjetividade intrínseca que complica muito as coisas. Vejamos uma das definições de ética que aparece no Google.

“p.ext. conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade.”

Nesta definição que em essência não é diferente das demais, mas apenas mais objetiva, existem 3 tipos de éticas que podem se chocar: a do indivíduo, a do grupo social e a da sociedade. Nesta ordem, para haver harmonia, o código de comportamento ético estabelecido precisa ser aceito primeiramente pelo indivíduo para depois ser aceito por um grupo e, assim, virar um comportamento padrão esperado numa sociedade, eventualmente com leis para regrar e punir desvios. Eventualmente porque quando todos aceitam e praticam, não precisamos de lei, certo?

O problema é que normalmente ficamos sempre no primeiro nível da ética, o do indivíduo, e aí acontecem as escolhas e os choques de pensamento, afinal, o que pode ser uma atitude ética para uma pessoa não necessariamente é para outra, considerando também que pessoas se importam em níveis diferentes com isso. Quem já não soube de algum caso onde alguém até sabe que aquele comportamento não é necessariamente bom, mas todo mundo faz? Tenho certeza de que muitos de nós, inclusive, já agimos assim em vários momentos.

E, voltando ao caso, este comportamento geral é também refletido nas decisões que acontecem em salas de reuniões de muitas empresas. Muitas vezes, inclusive, são escolhas que trabalham conscientemente para conseguir vantagens exatamente colocando subjetividade na definição de ética, usando como argumentos coisas como: precisamos vender, precisamos ganhar da concorrência, precisamos manter empregos, precisamos lucrar ou precisamos ganhar eleições. Ou seja, os fins justificam os meios. O problema acontece quando os meios afetam de maneira negativa muitas pessoas que não serão beneficiadas pelos fins, que em casos assim sempre beneficiam poucos, como empresas e políticos, por exemplo.

E, sinceramente, continuaremos sempre a conviver com casos como este do Facebook. Podem até mudar os atores, mas o comportamento está estabelecido e nem as leis vão conseguir acabar com ele, talvez diminuir, mas não acabar, afinal, a ética do indivíduo continuará a ter uma força muito grande porque somos humanos e ser egoísta faz parte da nossa natureza.

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