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Yellow lança nesta segunda-feira piloto com bicicletas elétricas em SP

Startup que se uniu recentemente à mexicana Grin testará o novo modal. Em breve, enfrentará a concorrência da Jump, da gigante de mobilidade urbana Uber

Loureiro e Lambrecht, da Grow: x (Germano Lüders/Exame)
Loureiro e Lambrecht, da Grow: x (Germano Lüders/Exame)
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Primeiro Lugar

Publicado em 10 de março de 2019 às, 08h00.

Última atualização em 7 de junho de 2019 às, 17h29.

Nesta segunda-feira, mais um veículo da startup de micromobilidade Yellow passeará pelas ruas de São Paulo: bicicletas elétricas. O modal chega a até 25 quilômetros por hora e poderá ser encontrado nos espaços que a Yellow já opera -- região que vai da Avenida Paulista até o bairro do Morumbi, na cidade de São Paulo.

A Yellow foi criada por dois dos três fundadores do aplicativo de mobilidade urbana 99, Ariel Lambrecht e Renato Freitas, e por Eduardo Musa, ex-presidente da fabricante de bicicletas Caloi. Recentemente, a startup se uniu à mexicana Grin. para formar o grupo Grow.

De acordo com Leila Von Dreifus, diretora de estratégia e planejamento, o projeto das bicicletas elétricas já era desenhado antes da fusão. O novo modal permitirá realizar distâncias mais longas, de cinco quilômetros em média. As bicicletas e comuns e patinetes elétricos costumam percorrer por volta de dois quilômetros.

Bicicleta elétrica da Yellow, hoje parte da Grow

Bicicleta elétrica da Yellow, hoje parte da Grow (Yellow/Divulgação)

A empresa não divulga quantas bicicletas elétricas estão no piloto nem a quantas querem chegar nos próximos meses. O carregamento da bateria dessas novas bikes será feito pela própria Yellow por enquanto. No caso das patinetes elétricas, essa operação é dividida entre a Yellow e terceiros contratados pela startup.

Ao todo, a Grow possui 135 mil veículos espalhados por sete países -- 100 mil patinetes elétricos e 35 mil bicicletas. O grupo não divulga faturamento, mas afirma que já fez cerca de 2,7 milhões de corridas com bicicletas e patinetes em seis meses, somando as operações de Grin e Yellow.

O modelo de cobrança será similar ao de patinetes. As bicicletas elétricas custarão cinco reais para desbloquear mais 40 centavos por minuto de utilização. Os patinetes elétricos custam três reais para desbloquear e 50 centavos por minuto de utilização. O menor custo por minuto do novo modal é justamente para incentivar maiores distâncias, afirma Von Dreifus. As bicicletas comuns custam um real a cada 15 minutos de utilização.

A Grow afirma estudar qualquer veículo de micromobilidade que permita deslocamentos de até dez quilômetros. Estão nos planos, mas ainda sem data determinada de lançamento, o compartilhamento de motos elétricas e de pequenos carros, com dois assentos.

Otimismo e desafios

Outra empresa que está de olho no nicho das bicicletas elétricas é a gigante de mobilidade Uber. A empresa pretende lançar o serviço de aluguel de bikes, chamadas de Jump — nome da startup adquirida pela companhia em maio de 2018 — no decorrer deste ano, começando pela cidade de São Paulo. O serviço já funciona em 10 cidades nos Estados Unidos.

Segundo Von Dreifus, o diferencial da Grow está em “ter uma plataforma mais completa para modais de micromobilidade” e “já ter se colocado como pioneira em bicicletas elétricas no Brasil.”

Para a empresa de pesquisas Navigant Research, as vendas e o compartilhamento de bicicletas elétricas apresentam uma participação ainda tímida em comparação a outros modais, por custos de aquisição e manutenção do modal. Mesmo assim, startups que atuam com o modal afirmam que ele já superou a fase de nicho, complementando a cadeia de deslocamentos curtos. As bicicletas elétricas permitem distâncias mais longas, caminhos em terrenos íngremes, passageiros com limitações físicas e são energeticamente mais eficientes do que automóveis. Em São Francisco (Estados Unidos), a Jump afirma que suas bicicletas elétricas são usadas, em média, nove vezes por dia.

A empresa de pesquisas de mercado Technavio estima um crescimento médio anual de 21% do mercado de compartilhamento de bicicletas elétricas entre 2018 e 2022. Enquanto isso, o mercado de compartilhamento de bicicletas como um todo apresenta uma taxa de 12,5% anual no período,segundo a Acute Market Reports. Então, o mercado de micromobilidade como um todo é otimista. Um relatório da consultoria americana McKinsey estima que, até 2030, o mercado de micromobilidade compartilhada vai chegar a algo entre 300 bilhões e 500 bilhões de dólares na China, na Europa e nos Estados Unidos juntos. O volume global de investimentos em empresas de mobilidade urbana bateu recorde de quase 45 bilhões de dólares em 2018.

Mas, em termos microeconômicos, a vida não está fácil para boa parte das empresas de micromobilidade. O caso mais complicado é o da Ofo, que considerou pedir falência mesmo após ter espalhado 10 milhões de bicicletas pelo mundo e ter captado 2,2 bilhões de dólares com investidores. O capital não foi suficiente para suprir um modelo com margens tão apertadas e investimentos pesados em compra e manutenções de suas bicicletas.