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Os dez carros que mais valorizaram em 2024

Saab 99 Turbo e Honda S600 encabeçam índice de seguradora americana; Lamborghini Espada e Mini Cooper S lideram depreciação

Golf GTI. (Divulgação/Divulgação)
Rodrigo Mora

Colunista

Publicado em 14 de dezembro de 2024 às 07h49.

Um dos primeiros automóveis produzidos em massa a recorrer ao sopro milagroso dos turbocompressores, o Saab 99 Turbo foi lançado em 1977. Quase meio século depois, o conterrâneo de Björn Borg e ABBA é um dos carros mais valorizados do último ano no mercado internacional de clássicos. Quem diz é a Hagerty em seu Price Guide.

De acordo com o índice de preços da seguradora norte-americana especializada em carros de coleção, o 99 Turbo vinha apresentando valores estáveis na última década – mesmo exemplares dignos de concursos de elegância não passavam dos US$ 20 mil. Mas, no último ano, sua valorização chegou a 89%. Contribuem para sua recente popularidade ter sido o carro que elevou a marca sueca de patamar e seu histórico em provas de rali. Em janeiro, um exemplar de 1978 impecável saiu por US$ 46.725.

Depois do Saab 99 Turbo quem mais valorizou segundo os cálculos da Hagerty foi o Honda S600, que aparece com 44%. Embora não seja o primeiro veículo de quatro rodas da marca, o S600, de 1964, foi o carro que revelou ao mundo que a empresa que dominava o mercado de motocicletas no Japão também fabricava automóveis. O recorde para o modelo foi um exemplar comercializado em março por US$ 109 mil.

Suceder o carro que fez a Volkswagen nascer, ser a continuação daquele que ajudou a construir um novo mundo pós-Guerra, contestar o que Ferdinand Porsche havia pensado como carro ideal para as massas. Essa foi a missão do Golf, lançado em 1974: substituir o Fusca. Tal é a dimensão do hatch alemão que “os preços subiram ao longo da década de 2010, mas eles decolaram em 2021 e atualmente estão em um nível mais alto, com um valor médio de US$ 30,8 mil”, explica a Hagerty. A segunda geração chegou em 1983, e é a versão GTI dessa safra que surge na terceira posição, com 40%.

Atualizado quatro vezes por ano – “à medida que os gostos mudam e novas pessoas começam a participar do hobby dos carros antigos, o mercado muda junto”, justifica a seguradora –, o Price Guide da Hagerty também pode revelar algumas excentricidades, como o Grand Am. Lançado em 1973, tinha a pretensão de combinar o luxo do Grand Prix e a esportividade do Trans Am, dois dos mais proeminentes modelos da Pontiac, uma das inúmeras marcas que já pertenceram à General Motors, descontinuada há 15 anos. Com preço médio de US$ 24,6 mil para exemplares em estado de conservação e originalidade considerados ótimos, saltou 34% na tabela.

Um dos carros mais cultuados atualmente aparece na última posição. Esbarrando nos US$ 700 mil, o Audi Sport quattro ainda assim valorizou 30% nos últimos 12 meses. A marca alemã pode não ter inventado a tração integral em carros de passeio, mas a partir do quattro, lançado no Salão de Genebra de 1980, popularizou, redimensionou e imortalizou o sistema. O Sport quattro é sua versão mais radical, com entre-eixos 32 cm mais curto, carroceria feita em alumínio reforçada com fibra de vidro e Kevlar e motor de 306 cv. Teve até 1986 apenas 214 unidades produzidas, 14 a mais do que o necessário para se homologar no Grupo B do Campeonato Mundial de Rali, conquistado pela Audi quatro vezes: em 1982 e 1984 levou o título de construtores e em 1983 e 1984 o de pilotos com Hannu Mikkola e Stig Blomqvist.

Quem caiu

Se alguns subiram, outros têm que descer. É o que aconteceu com o Lamborghini Espada, que caiu 26%. Segundo a Hagerty, há pouco mais de um ano, os valores desses V12 italianos de quatro lugares atingiram o maior nível histórico, com um valor médio de US$ 159 mil para exemplares de categoria 2, considerados excelentes, mas não elegíveis para concursos de elegância. No entanto, vários Espadas foram vendidos em 2024 por menos de US$ 100 mil.

Depreciação igual ocorreu com o Mini Cooper S de segunda geração, já sob domínio da BMW (que comprou a marca inglesa em 1994).  Mas a Hagerty alerta que “o mercado ainda os trata como carros usados, mas muitos sinais apontam para que sejam carros de coleção modernos num futuro não tão distante”.

Quando vencer corridas exercia relevante influência sobre o mercado de automóveis, as fabricantes se libertavam de limites racionais, lógicos ou orçamentários para ter nas pistas carros vencedores. Donde nasceu o Plymtouth Road Runner Superbird. O problema é que nem o motor 7.0 de 425 cv, nem as inúmeras vitórias na temporada de 1970 da Nascar e nem ter tido apenas 1.920 exemplares construídos impediram este raro “Winged Car" desvalorizar 24% no último ano.

E por falar em corrida, o Maserati Sebring – cujo nome é uma homenagem à vitória da montadora italiana nas 12 Horas de Sebring de 1957 – recuou 24% em 12 meses. “Esses carros custam seis dígitos há mais de uma década. Desde o pico no final de 2021, no entanto, eles têm apresentado uma tendência de queda, e 2024 viu vários resultados de leilões por menos de US$ 200 mil”, esclarece a Hagerty.

Donos de Ford Thunderbird de sexta geração também tomaram prejuízo de 24% no último ano, vendo seus carros custando em média US$ 13,7 mil. Com 4,4 milhões de unidades comercializadas desde 1954 e através de 11 gerações, o carro que empresta o nome de uma criatura mitológica indígena americana viveu dias mais gloriosos quando desfilava com Frank Sinatra, Marilyn Monroe, Elvis Presley e John Travolta, entre outros proprietários ilustres, ao volante.

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Um dos primeiros automóveis produzidos em massa a recorrer ao sopro milagroso dos turbocompressores, o Saab 99 Turbo foi lançado em 1977. Quase meio século depois, o conterrâneo de Björn Borg e ABBA é um dos carros mais valorizados do último ano no mercado internacional de clássicos. Quem diz é a Hagerty em seu Price Guide.

De acordo com o índice de preços da seguradora norte-americana especializada em carros de coleção, o 99 Turbo vinha apresentando valores estáveis na última década – mesmo exemplares dignos de concursos de elegância não passavam dos US$ 20 mil. Mas, no último ano, sua valorização chegou a 89%. Contribuem para sua recente popularidade ter sido o carro que elevou a marca sueca de patamar e seu histórico em provas de rali. Em janeiro, um exemplar de 1978 impecável saiu por US$ 46.725.

Depois do Saab 99 Turbo quem mais valorizou segundo os cálculos da Hagerty foi o Honda S600, que aparece com 44%. Embora não seja o primeiro veículo de quatro rodas da marca, o S600, de 1964, foi o carro que revelou ao mundo que a empresa que dominava o mercado de motocicletas no Japão também fabricava automóveis. O recorde para o modelo foi um exemplar comercializado em março por US$ 109 mil.

Suceder o carro que fez a Volkswagen nascer, ser a continuação daquele que ajudou a construir um novo mundo pós-Guerra, contestar o que Ferdinand Porsche havia pensado como carro ideal para as massas. Essa foi a missão do Golf, lançado em 1974: substituir o Fusca. Tal é a dimensão do hatch alemão que “os preços subiram ao longo da década de 2010, mas eles decolaram em 2021 e atualmente estão em um nível mais alto, com um valor médio de US$ 30,8 mil”, explica a Hagerty. A segunda geração chegou em 1983, e é a versão GTI dessa safra que surge na terceira posição, com 40%.

Atualizado quatro vezes por ano – “à medida que os gostos mudam e novas pessoas começam a participar do hobby dos carros antigos, o mercado muda junto”, justifica a seguradora –, o Price Guide da Hagerty também pode revelar algumas excentricidades, como o Grand Am. Lançado em 1973, tinha a pretensão de combinar o luxo do Grand Prix e a esportividade do Trans Am, dois dos mais proeminentes modelos da Pontiac, uma das inúmeras marcas que já pertenceram à General Motors, descontinuada há 15 anos. Com preço médio de US$ 24,6 mil para exemplares em estado de conservação e originalidade considerados ótimos, saltou 34% na tabela.

Um dos carros mais cultuados atualmente aparece na última posição. Esbarrando nos US$ 700 mil, o Audi Sport quattro ainda assim valorizou 30% nos últimos 12 meses. A marca alemã pode não ter inventado a tração integral em carros de passeio, mas a partir do quattro, lançado no Salão de Genebra de 1980, popularizou, redimensionou e imortalizou o sistema. O Sport quattro é sua versão mais radical, com entre-eixos 32 cm mais curto, carroceria feita em alumínio reforçada com fibra de vidro e Kevlar e motor de 306 cv. Teve até 1986 apenas 214 unidades produzidas, 14 a mais do que o necessário para se homologar no Grupo B do Campeonato Mundial de Rali, conquistado pela Audi quatro vezes: em 1982 e 1984 levou o título de construtores e em 1983 e 1984 o de pilotos com Hannu Mikkola e Stig Blomqvist.

Quem caiu

Se alguns subiram, outros têm que descer. É o que aconteceu com o Lamborghini Espada, que caiu 26%. Segundo a Hagerty, há pouco mais de um ano, os valores desses V12 italianos de quatro lugares atingiram o maior nível histórico, com um valor médio de US$ 159 mil para exemplares de categoria 2, considerados excelentes, mas não elegíveis para concursos de elegância. No entanto, vários Espadas foram vendidos em 2024 por menos de US$ 100 mil.

Depreciação igual ocorreu com o Mini Cooper S de segunda geração, já sob domínio da BMW (que comprou a marca inglesa em 1994).  Mas a Hagerty alerta que “o mercado ainda os trata como carros usados, mas muitos sinais apontam para que sejam carros de coleção modernos num futuro não tão distante”.

Quando vencer corridas exercia relevante influência sobre o mercado de automóveis, as fabricantes se libertavam de limites racionais, lógicos ou orçamentários para ter nas pistas carros vencedores. Donde nasceu o Plymtouth Road Runner Superbird. O problema é que nem o motor 7.0 de 425 cv, nem as inúmeras vitórias na temporada de 1970 da Nascar e nem ter tido apenas 1.920 exemplares construídos impediram este raro “Winged Car" desvalorizar 24% no último ano.

E por falar em corrida, o Maserati Sebring – cujo nome é uma homenagem à vitória da montadora italiana nas 12 Horas de Sebring de 1957 – recuou 24% em 12 meses. “Esses carros custam seis dígitos há mais de uma década. Desde o pico no final de 2021, no entanto, eles têm apresentado uma tendência de queda, e 2024 viu vários resultados de leilões por menos de US$ 200 mil”, esclarece a Hagerty.

Donos de Ford Thunderbird de sexta geração também tomaram prejuízo de 24% no último ano, vendo seus carros custando em média US$ 13,7 mil. Com 4,4 milhões de unidades comercializadas desde 1954 e através de 11 gerações, o carro que empresta o nome de uma criatura mitológica indígena americana viveu dias mais gloriosos quando desfilava com Frank Sinatra, Marilyn Monroe, Elvis Presley e John Travolta, entre outros proprietários ilustres, ao volante.

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