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Dez clássicos para ficar de olho em 2025 na hora de investir

SUV americano raiz, astro de Hollywood e Ferrari esquecida são as apostas de seguradora norte-americana

1967 Volvo 1800 S "ST1" from "The Saint" (TV Series). (Divulgação/Divulgação)
1967 Volvo 1800 S "ST1" from "The Saint" (TV Series). (Divulgação/Divulgação)

Investir em carros antigos é uma promissora alternativa de retorno financeiro, e há bons exemplos por aí.

Há alguns anos, reverberou pelo universo automotivo uma entrevista do Südwestbank em que o banco alemão dizia recomendar a seus clientes que investissem em clássicos. Tempos depois, a consultoria Knight Frank divulgou um levantamento apontando que esse tipo de automóvel valorizou 193% nos últimos dez anos, atrás apenas de uísques raros (478%) entre os artigos colecionáveis. No ano passado, o UBS, especialista em gerenciar fortunas, reuniu colecionadores em um evento em São Paulo para que contassem suas experiências financeiras no segmento.

Mas no que investir? Como farejar oportunidades, reconhecer os modelos com relevância mercadológica e histórica que ainda não dispararam de preço? Responder a essas questões é uma das funções da seguradora norte-americana Hagerty, que desde 2018 publica sua Bull Market List.

 Trata-se de um banco de dados construído a partir da avaliação de mais de 40 mil veículos e alimentado por um amplo cardápio de informações, como guia de preços, vendas privadas, leilões públicos, números de importação e exportação e até dados demográficos. No preparo dessa lista anual entra também o compromisso de mesclar carros acessíveis e ícones de luxo e esportividade para prestar serviço ao entusiasta, no fim das contas.

Tal como as listas anteriores – que apresentaram de BMW M3 a Jeep CJ-7, passando por Subaru Impreza, Volkswagen Corrado e Audi TT –, a Bull Market List 2025 também se mostra bem diversificada:

Jaguar E-Type Series I (1961 a 1964)

Jaguar-E-Type. (Divulgação/Divulgação)

O E-type nasceu quando o engenheiro aeronáutico Malcolm Sayer pegou o Jaguar D-type que havia vencido as 24 Horas de Le Mans e o reinterpretou para uso fora das pistas. Segundo ele, sua criação fora o primeiro automóvel matematicamente desenhado (seja lá o que isso significa).

Lançado em 1961, o E-type começou com um motor 3.8 de seis cilindros em linha e 265 cv, capaz de levar o esportivo até os 240 km/h; três anos após o lançamento esse motor teve a capacidade aumentada para 4,2 litros. O Série 2 foi de 1968 até 1971, enquanto o Série 3 encerrou a carreira do modelo em 1975. Equipado com um 5.3 V12, foi o mais potente, com 272 cv.

O que diz Hagerty: “Assim como os adolescentes de hoje ainda ‘descobrem’ os Rolling Stones, os colecionadores em ascensão da Geração X estão percebendo que o E-Type oferece estilo e desempenho de carro exótico por um preço relativamente baixo em comparação com as máquinas italianas contemporânea”.

Faixa de preço: US$ 60,3 mil a US$ 260 mil.

Lamborghini Gallardo (2003 a 2013)

Lamborghini Gallardo. (Divulgação/Divulgação)

Segundo Lamborghini lançado com a marca italiana sob o comando do Grupo Volkswagen (o primeiro foi o Murciélago), o Gallardo consolidou o objetivo da empresa alemã de se estabelecer no segmento de superesportivos, já que dele nasceu o Audi R8, sucesso absoluto da montadora das quatro argolas revelado no Salão de Paris de 2006.

O que diz a Hagerty: “Como acontece com muitos modelos recentes da Ferrari, o interesse no Gallardo depende fortemente da transmissão manual, que vale 50% a mais do que os modelos equipados com câmbio automático”.

Faixa de preço: US$ 94,2 mil a US$ 206,4 mil.

Ford Bronco II (1984 a 1990)

Ford Bronco. (Divulgação/Divulgação)

Concebido pelo mesmo time que criou o Mustang, o Bronco surgiu em 1966 – e assim como o cupê, mantém até o hoje as características originais modernizadas.

O que diz a Hagerty: “SUVs clássicos de todos os matizes valorizaram dramaticamente na última década, forçando os entusiastas mais jovens a procurar modelos antes menos apreciados. O Bronco II se beneficia do reconhecimento imediato do nome e, graças à onipresente plataforma de picapes da Ford, é fácil de manter rodando”.

Faixa de preço: US$ 2,6 mil a US$ 26,3 mil.

Datsun 280ZX (1978 a 1983)

Datsun 280ZX. (Divulgação/Divulgação)

Hoje à beira da falência e num iminente acordo de fusão com a Honda, a Nissan já montou sob licença modelos de marcas britânicas a fim de entender como o Ocidente fazia automóveis. A linha Z, que começou com o 240Z em 1969, é uma espécie de trabalho de conclusão desse curso imersivo. Depois vieram o 260Z e o 280Z, enquanto o 300ZX e o 350Z foram reencarnações com o logotipo da Nissan, que usou a marca Datsun apenas para azeitar sua internacionalização.

O que diz a Hagerty: “o valor do 280ZX caiu recentemente à medida que o mercado se acalmava dos picos pandêmicos, mas não se engane: este carro não tem para onde ir a não ser para cima. Ele agrada a todos, desde os baby boomers que perderam o 240Z quando eram acessíveis até a Geração Z, obcecada pelos anos 1980. O fato de os carros estarem para sempre ligados ao ator Paul Newman, que correu com eles na época, certamente não faz mal”.

Faixa de preço: US$ 5,5 mil a US$ 70,4 mil.

Volvo P1800 Coupe (1961 a 1972)

1967 Volvo 1800 S "ST1" from "The Saint" (TV Series). (Divulgação/Divulgação)

Caminhando para o fim dos anos 1950, a Volvo se ancorava principalmente em dois modelos: o econômico e confiável PV444, já com certa idade; e o Amazon, um sedã de estilo americanizado que se destacou por pioneirismos, como vir de fábrica com cintos de segurança. O P1800 surgiu para atrair com seu desenho singular mais consumidores para as lojas da marca, que se consolidara como fabricante de modelos competentes, porém não muito atraentes do ponto de vista emocional.

O P1800 também foi o primeiro Volvo a concretizar a ideia de carro internacional: planejado na Suécia, foi desenhado na Itália para, em 1960, ser revelado no Salão de Bruxelas, na Bélgica. A produção, a partir de 1961, inicialmente era na Inglaterra, com a carroceria vinda da Escócia.

Baseado na plataforma do Amazon, o P1800 – posteriormente 1800 S, este já produzido na Suécia – vinha equipado nos primeiros anos com um motor 1.8 de 100 cv e posteriormente com um 2.0, de 120 cv. Em 1971 é lançado o 1800 ES, uma estilosa perua de duas portas que seguiu até o fim do modelo, em 1973. Ao todo, cerca de 45 mil unidades foram fabricadas.

O que diz a Hagerty: “A Volvo começou a levar seus novos produtos para o mercado de luxo na virada do século. Isso pode ajudar a explicar por que os Millennials valorizam mais o catálogo antigo da marca do que colecionadores mais velhos. Ou, talvez, sejam simplesmente atraídos pelo design elegante do P1800 , que pode ser estacionado sem constrangimento ao lado de clássicos europeus de seis dígitos”.

Faixa de preço: US$ 4,6 mil a US$ 77 mil.

Dodge Magnum SRT-8 (2006 a 2008)

Celebrado em 7 de maio de 1998, o casamento entre Daimler-Benz e Chrysler começou repleto de sonhos, planos e entusiasmo. Para o então CEO da companhia alemã, Jürgen Schrempp, a fusão de US$ 36 bilhões era um "casamento feito no céu". A ordem dos nomes da nova empresa, DaimlerChrysler, indicava quem detinha as rédeas da relação.

Diferenças culturais e o mergulho da Chrysler numa crise econômica azedaram a união, e em maio de 2007 a Daimler vendeu a Chrysler para o Cerberus Capital Management por US$ 7,4 bilhões. Baseada no Chrysler 300C, por sua vez derivado do Mercedes-Benz Classe E, essa perua de visual ímpar é um dos raros momentos emocionantes da desastrosa fusão.

O que diz a Hagerty: “Recentemente descontinuados, esportivos da Dodge com o sobrenome Hellcat já começam a receber atenção dos colecionadores, o que é compreensível. Mas aqueles que procuram mais usabilidade do seu clássico – como os Millennials com famílias em crescimento – acharão o Magnum SRT-8 bastante rápido e extremamente bonito. Eles também são muito menos comuns que os Hellcats”.

Faixa de preço: US$ 15,6 mil a US$ 47,6 mil.

Ferrari 400/412 (1976 a 1989)

Ferrari-400. (Divulgação/Divulgação)

Por muito tempo esta elegante Ferrari não foi considerada digna pelos colecionadores da marca, que criticavam seu tamanho, seu peso e a heresia de ter (opcionalmente) um câmbio automático. Mas agora a 400 e a sucessora 412 vivem dias melhores.

O que diz a Hagerty: “Os índices deste carro não são tão favoráveis quanto os de outros da lista, mas é simplesmente difícil ignorar o fato de que a 400 é essencialmente a última Ferrari acessível da era Enzo”.

Faixa de preço: US$ 32 mil a US$ 82,8 mil.

Mini Cooper S (2002 a 2006)

Mini Cooper S. (Divulgação/Divulgação)

Em agosto de 1959 nascia um dos carros mais revolucionários da indústria automotiva. Seus criadores – o executivo da British Motor Corporation Leonard Lord e o engenheiro Alexander Issigonis – planejavam apenas um carro compacto moderno, prático e barato. Mas o Mini foi além: bem-sucedido enquanto inovação tecnológica e mercadológica, acabou virando também ícone cultural e lenda do automobilismo.

Quarenta e um anos depois, um Mini totalmente novo se apresentava no Salão de Paris. Depois de 5,3 milhões de unidades espalhadas pelo mundo, o modelo original e espartano dava lugar a um hatch mais sofisticado, confortável e luxuoso em duas versões, One e Cooper. O inusitado: era um Mini produzido pela BMW, que comprara a marca para ter acesso ao mercado de carros compactos. 

O que diz a Hagerty: “Apenas alguns anos atrás, modelos da Mini eram nada mais do que carros usados em depreciação. No entanto, entusiastas mais jovens notaram que poucos carros compactos, antigos ou novos, oferecem desempenho e estilo semelhantes por um preço tão baixo. E devido, em parte, aos custos de manutenção, os Minis tornaram-se muito menos comuns.

Faixa de preço: US$ 6,2 mil a US$ 16,2 mil.

Honda Prelude (1997 a 2001)

1999 Honda Prelude SH. (Divulgação/Divulgação)

Mais do que uma versão cupê do Accord, o Prelude talvez ainda não tenha o merecido reconhecimento. Sua reputação fora construída através de cinco gerações por demonstrar de forma elegante e natural como ser um carro prazeroso ao volante sem grandes arroubos mecânicos.

O que a Hagerty diz: “Se você sempre quis um esportivo da era de ouro da Honda, pode ter chegado um pouco atrasado. Joias como o S2000 e o Acura Integra Type-R foram valorizadas acima das possibilidades de muitos colecionadores. O Prelude tem os mesmos atributos essenciais da Honda – dirigibilidade brilhante, transmissão manual satisfatória e tremenda confiabilidade – custando menos”.

Faixa de preço: US$ 6,1 mil a US$ 25,4 mil.

Mercedes-Benz G500 (2002 a 2008)

Mercedes-Benz G500. (Divulgação/Divulgação)

Desenvolvido sobre conceitos militares e colocado à venda para civis em 1979, o G-Wagen (como foi chamado até 1998) sofreu atualizações e reestilizações ao longo da vida, mas nunca deixou de ter o desenho de um Lego montado por uma criança de dois anos. Durante o Salão de Detroit de 2018, a Mercedes-Benz apresentou a segunda geração do jipe, que do antigo manteve apenas três peças – entre elas, as maçanetas.

O que diz a Hagerty: “Um dos segmentos mais quentes no mercado de carros de coleção nos últimos anos tem sido o SUVs e picapes modernizados. A versão ultraluxuosa do G-Wagen, vendida nos EUA de 2002 a 2008, é essencialmente uma versão projetada pelo fabricante para esse propósito”.

Faixa de valor: US$ 24,7 mil a US$ 74,5 mil.

DeLorean DMC-12 (1981 a 1983)

DeLorean DMC-12. (Divulgação/Divulgação)

Fundada em 1975, a DeLorean foi a missão de vida de John Zachary DeLorean (1925 - 2005), que deixara o confortável cargo de vice-presidente da General Motors para concretizar o sonho de construir seu próprio automóvel. No currículo, DeLorean exibia a autoria do Pontiac GTO, um dos pioneiros “muscle cars”.

Para ele, o primeiro modelo de sua própria companhia seria um "esportivo ético", ao aliar desempenho, segurança e economia de combustível. Feito em aço inoxidável (como o Tesla Cybertruck), desenhado por Giorgetto Giugiaro e projetado por Colin Chapman (o gênio por trás dos gloriosos Lotus de 1960 e 1970 da F-1), o DMC-12 teve a primeira unidade saída da fábrica em Belfast, na Irlanda do Norte, em 21 de janeiro de 1981 – pouco mais de um ano depois sairia a última das cerca de 8.500 totais.

O que a Hagerty diz: “O impacto da fama de Hollywood no valor de um carro clássico é inconsistente e difícil de medir. No entanto, apostamos que a conexão com De Volta Para O Futuro será fundamental para a valorização do Delorean no futuro, já que a nostalgia da cultura pop dos anos 1980 está muito difundida entre os jovens colecionadores – incluindo os da Geração Z, que nem haviam nascido”.

Faixa de preço: US$ 34,5 mil a US$ 101 mil.