Um mercado que não acredita no governo
Pesquisa publicada nesta semana mostra que boa parte do mercado financeiro não acredita no governo de Luiz Inácio Lula da Silva
Publicado em 23 de novembro de 2023 às, 15h16.
A pesquisa Genial Quaest, publicada nesta semana, mostra que boa parte do mercado financeiro não acredita no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Analiso pesquisas há mais de vinte anos e não me lembro de ter visto uma pergunta respondida da mesma forma por 100 % dos entrevistados. Nesta amostra, porém, isso aconteceu. A questão era: “Você acredita que o governo conseguirá zerar o déficit no ano que vem?”. Todos responderam “não”.
Isso demonstra o descrédito pelo qual passa o governo junto aos agentes de investimentos. Outros exemplos contundentes:
+ Cerca de 73 % acreditam que a política econômica do Brasil está indo na direção errada.
+ Eram 65 % que achavam positivo o trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no mês de julho. Agora, este índice caiu para 43 %,
+ São 80 % que dizem ser a atual equipe econômica pior do que a do governo anterior.
+ Em julho, 53 % afirmavam que a economia iria melhorar e 21 % que iria piorar; agora, os números praticamente se inverteram: 55 % apostam na piora e 21 % na melhora.
+ Mas e em relação ao crescimento econômico visto em 2023? Apenas 5 % acham que essa performance se deve ao governo atual; 67 % acreditam que o resultado positivo é resultado de medidas anteriores e 28 % creditam o aumento do PIB ao cenário externo.
Os petistas poderão dizer que o mercado financeiro é bolsonarista e, por isso, seria contrário à administração lulista e a favor da anterior. Neste caso, vejamos o capítulo do estudo dedicado à credibilidade dos líderes políticos. Lula tem a pior avaliação de todos: apenas 1 % dos entrevistados dizem confiar muito nele. Mas Jair Bolsonaro não fica muito distante disso. Somente 5 % dos pesquisados depositam confiança total no ex-presidente. O resultado obtido por Bolsonaro mostra que os entrevistados podem ser liberais, conservadores, direitistas ou coisa que o valha. Mas não são necessariamente bolsonaristas.
No Parlamento, a coisa anda feia para o lado de quem manda nas casas legislativas. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, tem a confiança plena de apenas 2 %; e no caso do presidente da Câmara, Arthur Lira, este índice é de 5 %.
Quem se saiu muito bem neste estudo – e isso dá uma pista sobre quem pode ser de fato um grande padrinho eleitoral no pleito de 2024 — foram os governadores. Romeu Zema goza da confiança plena de 42 % deste grupo; já Tarcísio de Freitas é considerável muito confiável por 51 %.
De todas as lideranças pesquisadas, porém, a de Roberto Campos Neto é a de maior aprovação: 75 % dos entrevistados afirmam confiar muito nele.
O grupo pesquisado é pequeno (100 pessoas) e representa apenas uma fatia do mercado (fundos de investimentos). Mas é uma amostra suficiente para perceber que a credibilidade do governo vai de mal a pior entre os agentes financeiros.
Definitivamente, em um país como o Brasil, é difícil ser otimista. Mas, como dizem por aí, sou brasileiro e não desisto nunca. Prefiro correr o risco de errar ao acreditar no futuro do que ficar paralisado pelas energias negativas do presente. Para quem é empreendedor, não há outra alternativa. Sabemos que a coisa está complicada, mas há uma única direção a tomar: para frente.
No meio deste caminho tortuoso e inóspito, iremos criar soluções novas para ficar no jogo e avançar algumas casas. Não se trata de ignorar a realidade – e sim tentar transformar a negatividade em algo a seu favor. O primeiro passo é não se deixar contaminar pelas notícias ruins e encontrar oportunidades quando os demais estiverem retraídos e pessimistas. E o segundo? Vamos descobrir o que fazer conforme a estrada vai se descortinando à frente, sabendo que temos pouco tempo para nos adaptar e encontrar soluções para os problemas. Esta é a vida do empreendedor: quem não tem salário fixo precisa sempre se virar. Parece difícil e cansativo, mas é uma vida fascinante.