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Um mercado que não acredita no governo

Pesquisa publicada nesta semana mostra que boa parte do mercado financeiro não acredita no governo de Luiz Inácio Lula da Silva

Lula: segundo pesquisa, boa parte do mercado financeiro não acredita no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)
Lula: segundo pesquisa, boa parte do mercado financeiro não acredita no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

A pesquisa Genial Quaest, publicada nesta semana, mostra que boa parte do mercado financeiro não acredita no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Analiso pesquisas há mais de vinte anos e não me lembro de ter visto uma pergunta respondida da mesma forma por 100 % dos entrevistados. Nesta amostra, porém, isso aconteceu. A questão era: “Você acredita que o governo conseguirá zerar o déficit no ano que vem?”. Todos responderam “não”.

Isso demonstra o descrédito pelo qual passa o governo junto aos agentes de investimentos. Outros exemplos contundentes:

+ Cerca de 73 % acreditam que a política econômica do Brasil está indo na direção errada.

+ Eram 65 % que achavam positivo o trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no mês de julho. Agora, este índice caiu para 43 %,

+ São 80 % que dizem ser a atual equipe econômica pior do que a do governo anterior.

+ Em julho, 53 % afirmavam que a economia iria melhorar e 21 % que iria piorar; agora, os números praticamente se inverteram: 55 % apostam na piora e 21 % na melhora.

+ Mas e em relação ao crescimento econômico visto em 2023? Apenas 5 % acham que essa performance se deve ao governo atual; 67 % acreditam que o resultado positivo é resultado de medidas anteriores e 28 % creditam o aumento do PIB ao cenário externo.

Os petistas poderão dizer que o mercado financeiro é bolsonarista e, por isso, seria contrário à administração lulista e a favor da anterior. Neste caso, vejamos o capítulo do estudo dedicado à credibilidade dos líderes políticos. Lula tem a pior avaliação de todos: apenas 1 % dos entrevistados dizem confiar muito nele. Mas Jair Bolsonaro não fica muito distante disso. Somente 5 % dos pesquisados depositam confiança total no ex-presidente. O resultado obtido por Bolsonaro mostra que os entrevistados podem ser liberais, conservadores, direitistas ou coisa que o valha. Mas não são necessariamente bolsonaristas.

No Parlamento, a coisa anda feia para o lado de quem manda nas casas legislativas. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, tem a confiança plena de apenas 2 %; e no caso do presidente da Câmara, Arthur Lira, este índice é de 5 %.

Quem se saiu muito bem neste estudo – e isso dá uma pista sobre quem pode ser de fato um grande padrinho eleitoral no pleito de 2024 — foram os governadores. Romeu Zema goza da confiança plena de 42 % deste grupo; já Tarcísio de Freitas é considerável muito confiável por 51 %.

De todas as lideranças pesquisadas, porém, a de Roberto Campos Neto é a de maior aprovação: 75 % dos entrevistados afirmam confiar muito nele.

O grupo pesquisado é pequeno (100 pessoas) e representa apenas uma fatia do mercado (fundos de investimentos). Mas é uma amostra suficiente para perceber que a credibilidade do governo vai de mal a pior entre os agentes financeiros.

Definitivamente, em um país como o Brasil, é difícil ser otimista. Mas, como dizem por aí, sou brasileiro e não desisto nunca. Prefiro correr o risco de errar ao acreditar no futuro do que ficar paralisado pelas energias negativas do presente. Para quem é empreendedor, não há outra alternativa. Sabemos que a coisa está complicada, mas há uma única direção a tomar: para frente.

No meio deste caminho tortuoso e inóspito, iremos criar soluções novas para ficar no jogo e avançar algumas casas. Não se trata de ignorar a realidade – e sim tentar transformar a negatividade em algo a seu favor. O primeiro passo é não se deixar contaminar pelas notícias ruins e encontrar oportunidades quando os demais estiverem retraídos e pessimistas. E o segundo? Vamos descobrir o que fazer conforme a estrada vai se descortinando à frente, sabendo que temos pouco tempo para nos adaptar e encontrar soluções para os problemas. Esta é a vida do empreendedor: quem não tem salário fixo precisa sempre se virar. Parece difícil e cansativo, mas é uma vida fascinante.