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A arrogância do concorrente te incomoda?

Quem possui certeza absoluta de sua capacidade, no entanto, dificilmente se abala com blábláblá

(Klaus Vedfelt/Getty Images)
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isabelarovaroto

Publicado em 10 de fevereiro de 2021 às 09h48.

Última atualização em 10 de fevereiro de 2021 às 13h02.

“Você leu o que o Fulano de Tal publicou no Instagram?”, me perguntou um amigo pelo WhastApp antes das oito da manhã. Respondi que não e ele, enfurecido, começou a detonar o autor do post, que é seu concorrente. Fui ver a tal mensagem. Era uma espécie de lançamento de suas atividades para o ano de 2021. Tinha um pitada de convencimento e soberba no texto, mas nada demais.

Liguei, então, para o amigo encolerizado e perguntei qual era exatamente o problema. Ouvi uns cinco minutos que podem ser resumidos em uma só frase: o concorrente não poderia dizer que é melhor que ele. Retruquei: você é melhor que este concorrente? Resposta afirmativa, com tom de voz super assertivo. Nova pergunta: se você acha isso, por que ele também não pode achar?

Meu amigo deu uma risada, conversamos um pouco sobre a rede Clubhouse e ele desligou. Mas fiquei imaginando: por que ficou tão irritado com a mensagem de seu competidor?

Minha conclusão foi um tanto simples: no fundo, ele concorda com o que disse seu oponente (estou correndo o risco de perder um amigo com essa coluna, aliás). Ao ler uma verdade incômoda, ele se irritou sobremaneira. Obviamente, a arrogância alheia também entra como um ingrediente extra que faz surgir a fúria em qualquer ser humano e isso mexe com aqueles indivíduos mais passionais.

Quem possui certeza absoluta de sua capacidade, no entanto, dificilmente se abala com esse tipo de blábláblá. Desde os primórdios do capitalismo, concorrentes dizem ao mercado que seus produtos ou serviços são melhores, mais competitivos e têm a melhor relação custo-benefício – mesmo que seja uma mentira descarada. Além disso, movidos pelo espírito competitivo, vários empresários e executivos sentem uma necessidade diária de enaltecer suas próprias atividades.

Voltando aos mais intensos e arrebatados. Nessa hora, é melhor respirar fundo e tentar fazer uma comparação racional entre os seus negócios e buscar melhorar naqueles pontos em que se está atrás da concorrência.

Mas esse tipo de situação não acontece somente entre rivais no mundo dos negócios. Há outros tipos de antagonismo – como o intelectual. Nesse mundo atual, isso é bastante comum em grupos de WhatsApp, um ambiente propício para que um post inocente seja o ponto de partida para um duelo mortal.

Nesses casos, a psicanálise explica muita coisa. Geralmente implicamos com alguém que possui algumas de nossas características que não gostamos de ter. Com isso, em vez de nos criticarmos, fazemos objeções a outras pessoas. É o que Freud chamava de projeção, um dos mecanismos de defesa de nossa mente.

Mas há um outro ponto que precisamos analisar, quando ficamos incomodados na situação em que um concorrente se coloca em um patamar superior: será que não é um caso de pura inveja?

Inveja, um dos sete pecados capitais, é algo que sentimos, mas não gostamos de admitir. Se a admitirmos, isso significa o reconhecimento, de nossa parte, de que estamos em uma posição inferior em relação ao próximo. No universo corporativo, são poucos os que admitem a superioridade alheia e raros os que assumem a própria invídia.

Invejar o outro, muitas vezes, é algo que surge a partir de ambições ou valores pessoais. Vamos supor a existência de um sujeito A, que conhece B e C. B tem habilidades semelhantes às de A e é bastante crítico em relação ao seu sucesso. Já C, que tem outras competências, é um fã descarado de A. Ou seja, pessoas com talentos semelhantes gostam de se comparar. Já aqueles com habilidades diferentes não têm este hábito.

Inveja não é exatamente o caso do meu amigo que motivou todo esse raciocínio – mas ele seguramente percebeu que o concorrente planejou melhor seu 2021 e isso calou fundo. Essa situação o coloca em uma posição inferior? Não necessariamente, pois os esforços comerciais, hoje, podem superar em muito um planejamento irretocável.

O que faz mal, com certeza, é se envenenar aos poucos com a concorrência – seja por inveja ou incômodo com a arrogância alheia. Como diz a empresária Luiza Helena Trajano, “quem te irrita te domina”. Assim, não importa a razão. Se alguém está te dando nos nervos, tire essa irritação dentro de si antes que ela tenha controle absoluto sobre seus atos.

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“Você leu o que o Fulano de Tal publicou no Instagram?”, me perguntou um amigo pelo WhastApp antes das oito da manhã. Respondi que não e ele, enfurecido, começou a detonar o autor do post, que é seu concorrente. Fui ver a tal mensagem. Era uma espécie de lançamento de suas atividades para o ano de 2021. Tinha um pitada de convencimento e soberba no texto, mas nada demais.

Liguei, então, para o amigo encolerizado e perguntei qual era exatamente o problema. Ouvi uns cinco minutos que podem ser resumidos em uma só frase: o concorrente não poderia dizer que é melhor que ele. Retruquei: você é melhor que este concorrente? Resposta afirmativa, com tom de voz super assertivo. Nova pergunta: se você acha isso, por que ele também não pode achar?

Meu amigo deu uma risada, conversamos um pouco sobre a rede Clubhouse e ele desligou. Mas fiquei imaginando: por que ficou tão irritado com a mensagem de seu competidor?

Minha conclusão foi um tanto simples: no fundo, ele concorda com o que disse seu oponente (estou correndo o risco de perder um amigo com essa coluna, aliás). Ao ler uma verdade incômoda, ele se irritou sobremaneira. Obviamente, a arrogância alheia também entra como um ingrediente extra que faz surgir a fúria em qualquer ser humano e isso mexe com aqueles indivíduos mais passionais.

Quem possui certeza absoluta de sua capacidade, no entanto, dificilmente se abala com esse tipo de blábláblá. Desde os primórdios do capitalismo, concorrentes dizem ao mercado que seus produtos ou serviços são melhores, mais competitivos e têm a melhor relação custo-benefício – mesmo que seja uma mentira descarada. Além disso, movidos pelo espírito competitivo, vários empresários e executivos sentem uma necessidade diária de enaltecer suas próprias atividades.

Voltando aos mais intensos e arrebatados. Nessa hora, é melhor respirar fundo e tentar fazer uma comparação racional entre os seus negócios e buscar melhorar naqueles pontos em que se está atrás da concorrência.

Mas esse tipo de situação não acontece somente entre rivais no mundo dos negócios. Há outros tipos de antagonismo – como o intelectual. Nesse mundo atual, isso é bastante comum em grupos de WhatsApp, um ambiente propício para que um post inocente seja o ponto de partida para um duelo mortal.

Nesses casos, a psicanálise explica muita coisa. Geralmente implicamos com alguém que possui algumas de nossas características que não gostamos de ter. Com isso, em vez de nos criticarmos, fazemos objeções a outras pessoas. É o que Freud chamava de projeção, um dos mecanismos de defesa de nossa mente.

Mas há um outro ponto que precisamos analisar, quando ficamos incomodados na situação em que um concorrente se coloca em um patamar superior: será que não é um caso de pura inveja?

Inveja, um dos sete pecados capitais, é algo que sentimos, mas não gostamos de admitir. Se a admitirmos, isso significa o reconhecimento, de nossa parte, de que estamos em uma posição inferior em relação ao próximo. No universo corporativo, são poucos os que admitem a superioridade alheia e raros os que assumem a própria invídia.

Invejar o outro, muitas vezes, é algo que surge a partir de ambições ou valores pessoais. Vamos supor a existência de um sujeito A, que conhece B e C. B tem habilidades semelhantes às de A e é bastante crítico em relação ao seu sucesso. Já C, que tem outras competências, é um fã descarado de A. Ou seja, pessoas com talentos semelhantes gostam de se comparar. Já aqueles com habilidades diferentes não têm este hábito.

Inveja não é exatamente o caso do meu amigo que motivou todo esse raciocínio – mas ele seguramente percebeu que o concorrente planejou melhor seu 2021 e isso calou fundo. Essa situação o coloca em uma posição inferior? Não necessariamente, pois os esforços comerciais, hoje, podem superar em muito um planejamento irretocável.

O que faz mal, com certeza, é se envenenar aos poucos com a concorrência – seja por inveja ou incômodo com a arrogância alheia. Como diz a empresária Luiza Helena Trajano, “quem te irrita te domina”. Assim, não importa a razão. Se alguém está te dando nos nervos, tire essa irritação dentro de si antes que ela tenha controle absoluto sobre seus atos.

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