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Quais os caminhos para a integração ESG aos investimentos?

Movimento é relativamente recente e há ainda um grande debate sobre as formas de colocar isso em prática

Fintech americana arara.io chega ao Brasil  (Thithawat_s/Getty Images)
Fintech americana arara.io chega ao Brasil (Thithawat_s/Getty Images)
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Impacto Social

Publicado em 24 de agosto de 2021 às, 15h00.

Por Mariana Palandi Medeiros Pacheco

Segundo a Eurosif, integração ESG pode ser definida como “(...) a inclusão explícita pelos gestores de ativos de riscos e oportunidades ESG nas análises financeiras tradicionais e nas decisões de investimento com base em um processo sistemático e em fontes de pesquisa apropriadas (...)”. Essa integração é relativamente recente e há ainda um grande debate sobre como fazê-la.

Uma das formas é a partir da observação dos ratings ESG, que não parece ser eficaz, pois, como discutido em artigo anterior, os índices ESG não se mostraram bons preditivos para os desvios morais futuros das empresas. Outro modo é a partir da análise fundamentalista das empresas, ou seja, a partir da observação sistemática dos riscos e oportunidades intrínsecos ao seu setor de atuação e atividade e o arcabouço de medidas adotado por ela para reduzir a probabilidade de envolvimento em escândalos corporativos em um momento futuro. Essa segunda maneira de integração ESG se mostra mais promissora, pois permite a verificação de todos os fatores com potencial de afetar o desempenho econômico-financeiro futuro das empresas.

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Na minha pesquisa de mestrado, observo que o desvio moral do ano corrente, isto é, a nota atribuída à empresa por seu envolvimento em casos de escândalos corporativos, pode ser explicado pelo desvio moral do ano anterior. Esse resultado reforça a tese de que, para uma análise ESG eficiente, é necessário ir além da simples observação de ratings e buscar uma visão fundamentalista da empresa.

A partir desse método, é possível qualificar a atuação da empresa em três níveis essenciais em relação aos critérios ESG: (a) prejudicial, (b) neutro e (c) benéfico. Após essa classificação, pode-se realizar a integração ESG nas diversas etapas do processo de transação de empresas, desde as fases iniciais, como na etapa de due dilligence, até a etapa de avaliação e definição de contratos.

Na etapa de avaliação econômico-financeira das empresas (valuation), a precificação dos riscos e oportunidades ESG deve ocorrer antes que os eventos se materializem de fato, uma vez que, na maior parte dos casos, isso acontece de forma abrupta e em eventos extremos, que são prejudiciais aos investimentos.

Existem algumas formas de realizar a integração ESG no valuation, a partir da análise fundamentalista das empresas, sendo as principais: (i) impacto direto no fluxo de caixa, (ii) impacto na taxa de desconto ou estimação do risco do investimento e (iii) inclusão de passivos ambientais, que são deduzidos do valor econômico da empresa. O impacto direto no fluxo de caixa do investimento se dá a partir da identificação do risco e/ou oportunidade ESG e seu efeito sobre determinado resultado da empresa, como receita, custos e despesas, entre outros. Já o impacto na taxa de desconto consiste na incorporação de um prêmio de risco adicional àqueles ativos expostos a atividades que aumentem seus riscos ESG, como, por exemplo, investimentos em termelétricas a carbono ou em empresas que se envolveram em casos de corrupção no passado. O terceiro aspecto, relativo aos passivos ambientais, consiste na inclusão das obrigações da empresa com a natureza e a sociedade, que não foram compensadas através de investimentos, na estimativa do seu valor de mercado.

Assim, espera-se obter maior eficácia na integração ESG ao portfólio de investimentos. Há ainda outras maneiras de realizar tal integração, tema para os próximos artigos, mas a análise fundamentalista permite que se compreenda de forma mais detalhada a atividade da empresa, seu setor de atuação e as perspectivas sobre seu desempenho econômico futuro a partir da ótica dos riscos e oportunidades ESG.