Inflação, câmbio, divisões... toma jeito Brasil!
O tema de ausência de investimentos em infraestrutura e educação me perseguem desde que comecei a estudar economia
Bibiana Guaraldi
Publicado em 23 de abril de 2021 às 12h09.
O Brasil costuma ser chamado de o “país do futuro”. Mas como ser o futuro se de tempos em tempos costumamos visitar o passado? Aqui, enumero alguns pontos que têm sido focos de noticiários em 2021 e que poderiam facilmente ser encontrados em notícias de 20, 40, 60 anos atrás.
2022 já é vislumbrado pela ansiedade que se toma pelo aguardado final da pandemia, além disso 2022 será marcado por mais uma corrida presidencial - tema que em qualquer lugar do mundo causa furor, discussões e volatilidade em mercados financeiros (Lembrem-se de 2018. Quantas amizades foram bloqueadas e quantas saídas de grupos da família aconteceram?). Mas, dessa vez, os fatos sugerem que, além da tradicional tentativa de reeleição, teremos de volta outro presidenciável - o mesmo que ganhou as eleições de 20 anos atrás! E vem com força. As últimas pesquisas de intenção de voto mostram que Luiz Inácio Lula da Silva ganharia de Jair Bolsonaro.
Meu ponto aqui não é elucidar características de um ou de outro, mesmo porque as fragilidades e contínuos erros do atual governo são sentidos no nosso dia a dia. Vejam aí o patamar da taxa de câmbio que não cede. Mas o que me causa desconforto desse retrato é que a eventual “solução” para um governo ruim é um governante de 20 anos atrás! Isso ocorre em uma era em que inovação é a palavra mais usada em todos os tipos de gestões.
E ainda nesse ponto o Brasil elegeu um governo que exalta um movimento que ocorreu na década de 1960 (o golpe militar), que trouxe decadência e vergonha aos nossos livros de história. E, de novo, mais do que a bizarrice em si, não há intenções vanguardistas e sim algo antigo, ultrapassado. Ou seja, o brasileiro elege o novo, que invoca o passado. E nem essa vertente “deu certo”, pois a própria ala militar o refuga. Soma de erros?
E nessa onda saudosista, o Brasil volta a lidar com uma conhecida que também trouxe bastante desgaste, a inflação. As ações adotadas no último ano, geraram aumento de preços. Uma parte importante vem sim do aumento da taxa de câmbio, mas o repasse cambial acontece quando há espaço para isso, ou seja, quando há demanda, atividade econômica. Essa última que foi fomentada pela expansão fiscal, necessária, mas desordenada. Notem, estamos no pior momento da pandemia e, justamente nessa fase, o valor será menor e a quantidade de beneficiários menor, o que sugere que foi um programa mal desenhado: inicialmente custou demais e, sem critério, incluiu gente demais, gerou inflação. E, agora, que realmente precisamos, não tem recursos suficientes.
Tudo isso traz ao Brasil aum problema que já havia sido enfrentado bravamente há 30/40 anos atrás. Não da mesma forma, mas o problema está aí.
E, por fim, o tema de ausência de investimentos em infraestrutura e educação me perseguem desde que comecei a estudar economia, lá nos idos dos anos 2000, e já frequentava noticiários econômicos muitos anos antes.
Ou seja, o Brasil segue o “país do futuro”, esse que parece que não chega. Toma jeito Brasil!
Fernanda Consorte – Economista-chefe do Banco Ourinvest - @fernanda_consorte
O Brasil costuma ser chamado de o “país do futuro”. Mas como ser o futuro se de tempos em tempos costumamos visitar o passado? Aqui, enumero alguns pontos que têm sido focos de noticiários em 2021 e que poderiam facilmente ser encontrados em notícias de 20, 40, 60 anos atrás.
2022 já é vislumbrado pela ansiedade que se toma pelo aguardado final da pandemia, além disso 2022 será marcado por mais uma corrida presidencial - tema que em qualquer lugar do mundo causa furor, discussões e volatilidade em mercados financeiros (Lembrem-se de 2018. Quantas amizades foram bloqueadas e quantas saídas de grupos da família aconteceram?). Mas, dessa vez, os fatos sugerem que, além da tradicional tentativa de reeleição, teremos de volta outro presidenciável - o mesmo que ganhou as eleições de 20 anos atrás! E vem com força. As últimas pesquisas de intenção de voto mostram que Luiz Inácio Lula da Silva ganharia de Jair Bolsonaro.
Meu ponto aqui não é elucidar características de um ou de outro, mesmo porque as fragilidades e contínuos erros do atual governo são sentidos no nosso dia a dia. Vejam aí o patamar da taxa de câmbio que não cede. Mas o que me causa desconforto desse retrato é que a eventual “solução” para um governo ruim é um governante de 20 anos atrás! Isso ocorre em uma era em que inovação é a palavra mais usada em todos os tipos de gestões.
E ainda nesse ponto o Brasil elegeu um governo que exalta um movimento que ocorreu na década de 1960 (o golpe militar), que trouxe decadência e vergonha aos nossos livros de história. E, de novo, mais do que a bizarrice em si, não há intenções vanguardistas e sim algo antigo, ultrapassado. Ou seja, o brasileiro elege o novo, que invoca o passado. E nem essa vertente “deu certo”, pois a própria ala militar o refuga. Soma de erros?
E nessa onda saudosista, o Brasil volta a lidar com uma conhecida que também trouxe bastante desgaste, a inflação. As ações adotadas no último ano, geraram aumento de preços. Uma parte importante vem sim do aumento da taxa de câmbio, mas o repasse cambial acontece quando há espaço para isso, ou seja, quando há demanda, atividade econômica. Essa última que foi fomentada pela expansão fiscal, necessária, mas desordenada. Notem, estamos no pior momento da pandemia e, justamente nessa fase, o valor será menor e a quantidade de beneficiários menor, o que sugere que foi um programa mal desenhado: inicialmente custou demais e, sem critério, incluiu gente demais, gerou inflação. E, agora, que realmente precisamos, não tem recursos suficientes.
Tudo isso traz ao Brasil aum problema que já havia sido enfrentado bravamente há 30/40 anos atrás. Não da mesma forma, mas o problema está aí.
E, por fim, o tema de ausência de investimentos em infraestrutura e educação me perseguem desde que comecei a estudar economia, lá nos idos dos anos 2000, e já frequentava noticiários econômicos muitos anos antes.
Ou seja, o Brasil segue o “país do futuro”, esse que parece que não chega. Toma jeito Brasil!
Fernanda Consorte – Economista-chefe do Banco Ourinvest - @fernanda_consorte