SinoVac começará a testar vacina em 9 mil profissionais de saúde no Brasil
Parceria da farmacêutica chinesa com o governo de São Paulo vai iniciar recrutamento dos voluntários a partir da próxima semana
Clara Cerioni
Publicado em 6 de julho de 2020 às 12h57.
Última atualização em 6 de julho de 2020 às 14h00.
A chinesa SinoVac e o Instituto Butantan, vinculado ao governo do Estado de São Paulo, anunciaram nesta segunda-feira, 06, que começarão a realizar no Brasil os testes da fase três da potencial vacina desenvolvida pela farmacêutica contra o novo coronavírus .
Em entrevista coletiva nesta tarde, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), informou que o processo de testagem da CoronaVac começará em 20 de julho em São Paulo, Brasilia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. A princípio, essa fase custará R$ 83 milhões aos cofres do governo paulista.
"Na semana que vem chegam os lotes da China e começa a distribuição para os centros de pesquisa", disse o governador.
A potencial vacina será testada em um estudo com 9 mil voluntários brasileiros, liderado pelo Instituto Butantan. Os voluntários, que serão exclusivamente os profissionais de saúde, poderão se inscrever a partir do dia 13 de julho, por meio de um aplicativo que ainda será lançado.
Para poder se candidatar, o profissional precisa ter mais de 18 anos, não ter contraído o novo coronavírus, não estar grávida ou planejar engravidar e não ter outras doenças. O voluntário também não pode participar de outros estudos.
O chefe do Butantan, Dimas Covas, disse esperar que resultados preliminares estejam disponíveis ainda neste ano, o que permitiria que, se demonstrada a eficácia, a vacina esteja disponível até meados de 2021.
Na noite da última sexta-feira, 3, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária autorizou a realização dos testes. Para essa vacina, a SinoVac está construindo uma fábrica, que espera estar pronta neste ano e ser capaz de produzir até 100 milhões de doses por ano.
Essa é a terceira empresa autorizada a avançar aos estágios finais da corrida para desenvolver uma imunização contra a covid-19. Na fase dois de testes, 90% dos voluntários mostraram imunidade ao vírus.
As outras duas são a vacina experimental da AstraZeneca, desenvolvida pela Universidade de Oxford e que já está sendo testada no Brasil em estudo liderado pela Universidade Federal de São Paulo, e a da Sinopharm, outra candidata chinesa.
Obrigatoriedade de máscaras
Antes de anunciar o início da testagem da vacina, Doria relembrou sobre a obrigatoriedade de usar máscaras em todos os 645 municípios do estado de São Paulo.
"Não usar máscaras é virar as costas para os profissionais de saúde. Quem não usa máscara, menospreza a vida e o trabalho da ciência, da medicina e dos profissionais da saúde. Quem não usa máscara é inimigo da saúde", disse.