Ciência

Países mais ricos confiam menos em vacinas, diz estudo

Resultado coincide com o auge do movimento antivacinas; no mundo, 84% das pessoas acreditam que vacinas são eficazes

Vacinas: quase 100% da população de países mais pobres confiam nas vacinas (Governo de SP/Divulgação/Wikimedia Commons)

Vacinas: quase 100% da população de países mais pobres confiam nas vacinas (Governo de SP/Divulgação/Wikimedia Commons)

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AFP

Publicado em 19 de junho de 2019 às 18h23.

Os europeus têm os níveis mais baixos de confiança nas vacinas, segundo uma pesquisa mundial sobre atitudes públicas em relação à saúde e à ciência publicada nesta quarta-feira (19).

O estudo revelou que as pessoas que vivem em países de alta renda têm o nível de confiança mais baixo nas vacinas, um resultado que coincide com o auge do movimento antivacinas no qual grupos de pessoas se negam a acreditar nos benefícios da vacinação ou diretamente a consideram perigosa.

A França tem os níveis mais baixos de confiança, segundo a pesquisa encomendada pela organização de caridade médica britânica Wellcome Trust e realizada pelo Gallup World Poll entre abril e dezembro de 2018.

Um terço dos franceses (33%) não acreditam que a imunização seja segura, segundo a pesquisa que consultou mais de 140.000 pessoas maiores de 15 anos em 144 países.

Globalmente, 79% das pessoas acreditam que as vacinas são seguras e 84% que são eficazes.

No extremo oposto à França, Bangladesh e Ruanda têm os níveis mais altos de confiança nas vacinas, com quase 100% em ambos os países, onde as pessoas consideram que são seguras, eficazes e que é importante que as crianças as tomem.

"Acredito que esperávamos essa tendência geral, porque onde vimos este ceticismo e preocupação sobre as vacinas, tende a ser nos países mais desenvolvidos", disse à AFP Imran Khan, da Wellcome Trust.

"Mas acredito que o grau de diferença é surpreendente e alguns desses números são realmente alarmantes", explicou.

Os níveis mais baixos de confiança em relação com as vacinas se deram na Europa ocidental, onde mais de um quinto (22%) das pessoas não concordam que as vacinas sejam seguras, e na Europa oriental, onde 17% não as considera eficazes.

Uma cifra estimada de 169 milhões de crianças não receberam a primeira dose de vacina contra o sarampo entre 2010 e 2017, segundo um informe da ONU divulgado em abril.

Só nos Estados Unidos, o número de casos dessa doença ultrapassa mil este ano, segundo as últimas cifras oficiais.

"Se você olha para aqueles países em nossa pesquisa que têm níveis muito altos de confiança nas vacinas, lugares como Bangladesh e Egito, são áreas onde há mais doenças infecciosas", disse Khan.

"O que se está mostrando talvez seja que as pessoas nesses países podem ver o que acontece se você não se vacina", acrescentou.

Segundo ele, isto contrasta com países mais desenvolvidos onde "se você não se vacina, talvez seja menos provável que resulte infectado, e se é infectado, provavelmente não vai ficar tão mal e não vai morrer, porque existem bons sistemas de saúde".

A França foi também o único país na pesquisa onde a maioria (55%) considerou que a ciência e a tecnologia reduzirão os trabalhos.

"Embora ainda seja necessário realizar muito mais pesquisas para entender porque isto aconteceu, o fraco avanço da economia francesa nos últimos anos pode ter sido um fator que contribuiu para essa sensação", disse o estudo.

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