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Novo Nordisk busca aprovação de medicamento contra obesidade em crianças menores de 12 anos

Estudo mostra eficácia do liraglutida em crianças de 6 a 12 anos, enquanto empresa avança no desenvolvimento de pílula oral para perda de peso

Novo Nordisk teve resultados promissores com liraglutida no tratamento de obesidade infantil. (Divulgação)
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 12 de setembro de 2024 às 12h50.

A Novo Nordisk, empresa farmacêutica dinamarquesa, anunciou os resultados de um estudo que aponta a eficácia e segurança do liraglutida no tratamento de obesidade em crianças de 6 a 12 anos. A pesquisa, financiada pela própria empresa, mostrou que o uso do medicamento, em forma de caneta injetável, reduziu em 7,4% o índice de massa corporal (IMC) dos participantes, em comparação com aqueles que utilizaram placebo. Com isso, a Novo Nordisk se prepara para submeter o liraglutida à aprovação de órgãos reguladores nos Estados Unidos e na Europa, visando expandir o uso do medicamento para essa faixa etária. As informações são do Financial Times.

O liraglutida é parte da mesma classe de medicamentos que o Ozempic e o Wegovy, amplamente utilizados no tratamento de diabetes e para a perda de peso. A pesquisa envolveu 82 crianças que haviam passado por tratamentos baseados em mudanças de estilo de vida, sem sucesso. Se aprovado, o liraglutida será o primeiro medicamento voltado para o tratamento de obesidade em crianças com menos de 12 anos, exceto nos casos de distúrbios genéticos raros.

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O estudo ocorre em meio a uma corrida entre a Novo Nordisk e a concorrente americana Eli Lilly, ambas focadas no desenvolvimento de medicamentos GLP-1 que possam combater doenças relacionadas à obesidade, como doenças cardíacas. A Novo Nordisk também está investindo em alternativas orais para esses medicamentos, como o desenvolvimento da pílula chamada amycretina, que mostrou resultados promissores em testes preliminares.

Efeitos colaterais

Apesar dos avanços, o uso do liraglutida em crianças também demonstrou efeitos colaterais como náuseas e vômitos, observados de forma semelhante ao uso do medicamento em adultos. Além disso, foi constatado que, uma vez interrompido o uso do remédio, os pacientes tendem a recuperar o peso perdido, destacando os desafios no tratamento da obesidade por meio de medicamentos.

Além do liraglutida, a Novo Nordisk está testando o semaglutida, o principal ingrediente ativo do Ozempic e Wegovy, em crianças mais jovens. O semaglutida já é aprovado para adolescentes com mais de 12 anos e apresenta maior eficácia na perda de peso em comparação ao liraglutida. No entanto, o estudo com crianças menores ainda está em andamento.

A Novo Nordisk também revelou dados preliminares sobre a pílula oral amycretina durante uma conferência de diabetes em Madrid. Usuários que tomaram a dose máxima do medicamento perderam 13% de seu peso corporal em três meses.A empresa acredita que a amycretina pode ser uma alternativa promissora aos tratamentos injetáveis, embora seja necessário um volume maior de ingredientes ativos, o que pode pressionar a cadeia de suprimentos da empresa.

Especialistas apontam que o mercado de medicamentos para obesidade pode atingir US$ 200 bilhões (cerca de R$ 1,1 bilhão) em valor, com a Novo Nordisk e a Eli Lilly dominando o setor. A empresa dinamarquesa continua a investir em pesquisa e desenvolvimento, buscando novos tratamentos que possam suceder o Ozempic e o Wegovy, que enfrentam problemas de oferta devido à alta demanda.

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