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Que tal virar especialista contra roubo de obras de arte?

Com conhecimentos de criminologia e história da arte, analistas lutam contra roubo e falsificação, tentando aniquilar o comércio ilegal de obras de arte

O Grito, de Edvard Munch, sob elevada segurança, após roubos anteriores (WIKIMEDIA COMMONS)
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Da Redação

Publicado em 12 de janeiro de 2011 às 15h51.

Madri - Pela primeira vez na história da arte surge uma geração de especialistas preparada para lutar contra o roubo, a falsificação, a aniquilação e o comércio ilegal de obras de arte e patrimônio cultural, uma rede de "superagentes" que forma a associação Arca.

A Association for Research into Crimes against Art (Arca, na sigla em inglês) surge com o propósito de perseguir casos de subtração e falsificação de peças de arte, vandalismo contra o patrimônio cultural e depredação de obras em guerras e jazidas, explicou seu fundador, Noah Charney, em declarações à Agência Efe.

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Arca seleciona e ensina os analistas, que deverão saber de criminologia a história da arte, conhecer a situação do mercado da arte, as chaves da museologia, a legislação em matéria de arte e como operam as forças de segurança, explica o especialista.

O objetivo da Arca não é o de pertencer a uma agência de segurança ou organismo concreto, apesar de colaborar com as forças de segurança em investigações mundiais de qualquer tipo de delito contra o patrimônio artístico e cultural.

A preparação dessa elite está ocorrendo discretamente em uma pós-graduação criada há três anos pela Arca, International Art Crime Studies Masters Program.

A ampla categoria de disciplinas no currículo dos futuros profissionais está a cargo de membros da associação da Arca, ex-diretores de agências de segurança míticas como Scotland Yard, ex-cargos políticos e promotores na ativa, entre outros.

Itália é o berço desta rede e onde está sendo ministrado o mestrado "por lógica", já que é o país que alcança uma taxa anual de roubos de obras entre 20 mil e 30 mil, ou seja, cinco vezes mais que a média mundial, com exceção da Rússia, comenta Charney, que estreou como romancista com "O ladrão de arte".

Charney (Connecticut, EUA, 1979) adverte que na atualidade esse protótipo de investigador preparado em várias disciplinas reúne policiais, acadêmicos e analistas do mundo da arte.

"Poucos diretores de Polícia ou organismos de segurança têm conhecimentos ou inclinação a estudar arte na academia", explicou.

Para abordar os delitos cometidos por grupos organizados em obras de arte "é preciso um grande conhecimento do mundo da arte, seu mercado e a história das coleções, além de criminologia, investigação (policial) e teoria sobre medidas de segurança", assinala o analista.

Na polícia "é raro encontrar alguém com experiência suficiente e que se movimente com desenvoltura em todos esses campos", afirma. "Por esta razão - ressalta - a Polícia raramente foi capaz de investigar esses roubos".

"A Polícia não tenta contextualizar os delitos com obras de arte, estudá-los a respeito da história da arte ou investigar além de suas fronteiras nacionais", disse.

As obras de arte - explicou Charney - são habitualmente utilizadas por grupos criminosos em seus negócios com drogas e armas. É habitual pagarem um carregamento de cocaína ou de kalashnikovs (armas) com um quadro de um pintor famoso.

De modo que obras subtraídas de autores como Picasso, Matisse, Van Gogh, Rembrant, Sorolla e Cézanne podem chegar aos terroristas que operam no norte da África ou no Oriente Médio.

Mas se a Polícia não sabe de história da arte, os acadêmicos que colaboram com ela "não sabem de investigação e só estudam os relatórios policiais", aponta.

Diante desse panorama, Charney uniu-se a um grupo de colegas para preparar essa "nova geração de investigadores" para que colaborassem ativamente na luta contra este tipo de roubos, uma classe de delito que é a terceira prioridade para as forças de segurança dos Estados Unidos, atrás da luta contra o narcotráfico e do terrorismo.

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