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Molécula presente em veneno de escorpião ilumina tumores cerebrais

Versão sintética de aminoácido presente em veneno de escorpião ilumina células cancerígenas no cérebro

Tratamento cancerígeno: veneno de escorpião tem versão sintética que ilumina células malignas (Bijuneyyan/WikimediaCommons/Reprodução)
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Maria Eduarda Cury

Publicado em 11 de maio de 2019 às 05h55.

Última atualização em 11 de maio de 2019 às 05h55.

São Paulo - Pesquisadores do Centro Médico Cedars-Sinai, de Los Angeles, EUA , realizaram um teste de uma nova técnica de identificação de tumores cerebrais, que consiste em utilizar proteína de veneno de escorpião para visualizar melhor crescimentos malignos no cérebro do paciente.

A técnica faz uso de uma câmera especial com luz similar ao infravermelho e de alta sensibilidade, que foi desenvolvida pelo próprio hospital. Ela atua juntamente com o agente tozuleristide, ou BLZ-100 - uma molécula fluorescente que ilumina células cancerígenas e facilita a remoção delas em uma cirurgia. O agente é uma versão sintética de um aminoácido composto que é encontrado em veneno de escorpião.

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Assim como a forma natural do elemento composto, a versão sintética também não é tóxica e se conecta com as células do tumor. Ela é ligada a uma tinta fluorescente que brilha quando é estimulada por um laser com luz próxima ao infravermelho. Se for vista por meio da câmera, o BLZ-100 pode permitir que neurocirurgiões percebam os limites existentes entre tumor e tecido cerebral não-infectado durante o processo cirúrgico. Com isso, melhoram as chances de remoção das células cancerígenas sem que tecido saudável seja perdido na operação.

Adam Mamelak, doutor de medicina e investigador do teste clínico, disse que a técnica auxilia na cirurgia. "Com essa fluorescência, você enxerga o tumor com muito mais clareza porque acende como uma árvore de Natal", disse, em nota, Mamelak. Esse fato é importante devido à origem dos gliomas, tumores cerebrais presentes no estudo, que são altamente letais e representam cerca de 33% de todos os tumores encontrados no cérebro. Eles se infiltram no tecido cerebral como estruturas que lembram tentáculos, fazendo com que seja difícil diferenciá-los do tecido cerebral saudável.

Os gliomas, geralmente, não respondem a tratamentos como quimioterapia e radiação, o que faz a combinação dessa técnica com a capacidade do cirurgião ser considerada uma das chances mais altas de sobrevivência.

Para a comprovação da técnica, 17 pacientes com tumores cerebrais receberam doses variadas de BLZ-100 antes da cirurgia. Independentemente da quantidade do agente dada a cada paciente, a maioria dos tumores fluoresceu, apresentando gliomas de alto e baixo grau. Após um monitoramento de um mês dos pacientes, pesquisadores descobriram que nenhum deles apresentou respostas desfavoráveis para a droga injetada, o que significa que o sistema de captação de imagem é seguro e pode ser utilizado em cirurgias de tumores cerebrais.

No entanto, mais testes clínicos serão necessários para avaliar a segurança do sistema para que o BLZ-100 seja aprovado pela agência federal Food and Drug Administration. A câmera utilizada no teste precisa ser refinada antes de utilizada em cirurgia. Mamelak, um dos autores do projeto, afirmou que os resultados são promissores.

A próxima fase dessa pesquisa, que já está encaminhada, consiste em um teste clínico que envolverá tumores cerebrais pediátricos, e será realizada em até 14 locais nos EUA. Até o final da próxima fase, a técnica deve ser aprovada pelo FDA. Keith L. Black, chefe do Departamento de Neurocirurgia do Cedars-Sinai, informa que o objetivo é oferecer maior precisão ao atendimento cirúrgico. Os especialistas esperam que a técnica usada nesse estudo ajude, também, na identificação de outros tipos de câncer de difícil visualização.

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