Há quase 50 anos no espaço e a 15 bilhões de milhas da Terra, Voyager 1 enfrenta desafios
Nasa lida com o envelhecimento e o desgaste da sonda que foi lançada há 47 anos
Redator na Exame
Publicado em 18 de setembro de 2024 às 13h04.
Última atualização em 18 de setembro de 2024 às 13h08.
A sonda Voyager 1, lançada há 47 anos, continua sua jornada em linha reta, afastando-se cada vez mais da Terra e explorando as regiões mais distantes do espaço já alcançadas pela humanidade. Contudo, à medida que se afasta a impressionantes 15 bilhões de milhas, a Nasa enfrenta o desafio de gerenciar o envelhecimento e a deterioração gradual do equipamento. Um dos problemas mais urgentes envolve o desgaste de um diafragma de borracha dentro do tanque de combustível. As informações são da QZ.
O Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa detectou, em 2002, que os tubos de combustível de um dos conjuntos de propulsores da Voyager 1 estavam entupidos. A causa foi identificada como sendo a degradação do diafragma, que estava liberando dióxido de silício e obstruindo os tubos. A sorte é que a sonda possui três conjuntos de propulsores: dois conjuntos de propulsores de controle de atitude e um conjunto de propulsores de manobra para correção de trajetória. Naquela época, a Nasa apenas alternou o uso de um conjunto de propulsores de atitude para o outro.
Em 2018, o segundo conjunto de propulsores também começou a apresentar problemas semelhantes, com seus tubos de combustível entupidos. A solução foi alternar para o terceiro conjunto de propulsores. No entanto, era apenas uma questão de tempo até que esses também fossem afetados, e esse momento chegou no início deste ano. Apesar de o entupimento não ter interrompido completamente o fluxo de combustível, ele foi consideravelmente reduzido. Diante disso, a Nasa planejou retornar ao primeiro conjunto de propulsores de controle de atitude, mas não era uma tarefa simples.Em comunicado, a Nasa explicou que a idade da sonda introduziu novos desafios, relacionados principalmente ao fornecimento de energia e à temperatura.
Sistemas desligados
A missão já havia desligado todos os sistemas não essenciais, incluindo alguns aquecedores, para conservar a energia elétrica que está diminuindo gradualmente, gerada pelo decaimento de plutônio. Com esses desligamentos, a Voyager 1 tornou-se mais fria, uma condição agravada pela perda de sistemas que antes geravam calor. Como resultado, os ramos de propulsores de atitude esfriaram significativamente, e ativá-los nesse estado poderia causar danos irreversíveis, tornando os propulsores inutilizáveis.
Inicialmente, os engenheiros temiam que seria necessário desligar um dos instrumentos científicos da sonda para liberar a energia necessária para ativar um aquecedor destinado ao propulsor. No entanto, o receio era que o instrumento não voltasse a funcionar após ser desligado. Em uma tentativa ousada, a equipe decidiu ligar o aquecedor por uma hora, sem desligar outros dispositivos, e a estratégia funcionou. Em 27 de agosto, a troca de propulsores foi realizada com sucesso.
A missão da Voyager 1 continuará enquanto a Nasa conseguir manter comunicação com a sonda.A capacidade de se orientar no espaço interestelar depende do funcionamento dos propulsores, que garantem que a Voyager 1 mantenha sua antena apontada para a Terra. Embora a sonda tenha completado sua exploração dos planetas exteriores do Sistema Solar em 1986, ela agora viaja pelo espaço interestelar. Se a Voyager 1 sobreviver por mais três anos, atingindo meio século de operação, será uma conquista histórica sem precedentes na exploração espacial.