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Há 50% de chance de estarmos vivendo em uma simulação, diz pesquisador

Astrônomo da Universidade de Columbia se baseia em uma argumentação filosófica e no avanço de tecnologias como realidade virtual e inteligência artificial

Mundo real? A partir do momento em que a sociedade cria uma tecnologia de realidade virtual, torna-se filosoficamente impossível ter certeza de que este é um mundo real (Facebook/Reprodução)
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Rodrigo Loureiro

Publicado em 23 de outubro de 2020 às 09h00.

Última atualização em 23 de outubro de 2020 às 16h47.

Jogue uma moeda para o alto. Dependendo lado que ela cair, você poderá estar vivendo em um mundo totalmente criado por computador. Isso é o que acredita o astrônomo David Kipping, da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. De acordo com o pesquisador, há 50% de chances de estarmos todos vivendo em uma simulação de computador. Quer trabalhar na área de tecnologia? Aprenda do zero a programar com nosso curso de data science e python

Kipping baseia seus estudos em um artigo publicado em 2003 pelo filósofo Nick Bostrom, da Universidade de Oxford, no Reino Unido. Bostrom criou um trilema (como um dilema, mas com três possibilidades) em que acredita que o mundo pode ser explicado em uma entre três possibilidades distintas descritas abaixo:

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  1. As civilizações geralmente se extinguem antes de terem a capacidade de criar simulações da realidade.
  2. Em geral, civilizações avançadas não têm interesse em criar simulações da realidade.
  3. É quase certo que estamos vivendo dentro de uma simulação de computador.

Para Kipping, as duas primeiras proposições podem ser transformadas em uma única hipótese, já que ambas teriam o mesmo resultado prático: não estaríamos vivendo dentro de uma simulação. Assim, a terceira possibilidade, de que este mundo na verdade tenha sido criado em um computador, tem 50% de chances de estar correta. Ao menos se tomarmos como base o trilema de Bostrom.

“Você apenas atribui uma probabilidade anterior a cada um desses modelos”, disse Kipping para a Scientific American.“A partir do dia em que inventamos esta tecnologia, há uma mudança na probabilidade que antes era favorável a hipótese de estarmos vivendo em um mundo real e agora tende a lado de que isso não é real”, diz.

-(EXAME Academy/Exame)

Tudo isso pode ser um pouco difícil de entender. E realmente é, já que há mistura de estudos de áreas científicas e teorias filosóficas que exploram quem somos, de onde viemos e para onde vamos – e, aparentemente, onde estamos neste exato momento.  Em temos leigos, é como se a sociedade como a conhecemos estaria vivendo da Matrix, como no filme estrelado por Keanu Reeves ainda em 1999.

No longa-metragem que foi sucesso de bilheteria e até hoje é considerado um dos grandes filmes de ficção científica, um jovem programador (Reeves) descobre que o mundo em que vive é na verdade um programa de computador e que seu verdadeiro eu, que está fora da Matrix, apenas serve como combustível para que as máquinas continuem a rodar o programa em um mundo pós-apocalíptico.

No entanto, ao contrário do filme, em que algumas pessoas que seria possível perceber as chamadas “falhas na Matrix”, quando o programa apresenta algum problema e algo incomum acontece, Kipping argumenta que “não é possível testar se vivemos ou não em uma simulação”. Assim, ao menos por agora, é impossível comprovar ou refutar esta tese.

Pelo menos não do jeito tradicional, com inúmeros cálculos matemáticos. Houman Owhadi, especialista em matemática computacional do Instituto de Tecnologia da Califórnia afirmou para a Scientific American que “se uma simulação tem poder computacional infinito, não há como dizer se você está ou não vivendo em uma realidade virtual, porque ela poderia computador o que quiser com qualquer grau de realismo.”

Kipping e Bostrom não são os únicos que acreditam que existe uma possibilidade de que este mundo seja uma simulação. O empresário Elon Musk, fundador de empresas como Tesla e SpaceX, por exemplo, afirmou em 2016 que “a probabilidade estarmos na realidade base (o que seria o mundo real) é de uma em bilhões.”

É uma análise que não agrada inteiramente a Bostrom, por exemplo. O filósofo argumenta que o ponto descrito por Musk “não entra em conflito com a hipótese de simulação, que apenas afirma sobre a questão de disjunção”. Bostrom ainda se apoia na possibilidade de que uma entre as três hipóteses do trilema é a verdadeira. Uma coisa todos parecem concordar: é impossível saber quem está certo.

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