Ciência

Girafas estão à beira de uma extinção silenciosa

Elas acabam de entrar para a lista de animais vulneráveis que podem sumir nos próximos anos

Girafa: as principais ameaças às fofuras pescoçudas são a perda do habitat e caçada ilegal (Getty Images)

Girafa: as principais ameaças às fofuras pescoçudas são a perda do habitat e caçada ilegal (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 9 de dezembro de 2016 às 17h44.

Se você estava acompanhando o Twitter nas últimas semanas, sabe que os usuários passaram um tempão discutindo em que parte dos enormes pescoços as girafas usariam gravatas, se quisessem se vestir formalmente.

Mas, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza, elas têm um problema mais urgente.

Isso porque, só nas últimas três décadas, a população de girafas espalhadas pelo mundo diminuiu quase pela metade: uma queda de 40%, que passou praticamente despercebida pelas organizações internacionais e a mídia.

Segundo a UICN, as principais ameaças às fofuras pescoçudas são a perda do habitat, causada pela expansão urbana e da agricultura no continente africano, além da caçada ilegal e dos conflitos nos locais onde elas vivem.

Em um país em guerra civil, é fácil imaginar que a fauna não seja uma prioridade – e que qualquer carne passe a ser vista como comida e não como um patrimônio da biodiversidade.

Esse cenário fez com que as girafas aparecessem pela primeira vez na “Lista Vermelha” da UICN, que traz as espécies mais ameaçadas monitoradas pela organização.

Cada espécie tem sua classificação, e as girafas eram relativamente bem estabilizadas na categoria “Menos Preocupante”.

Elas caíram dois níveis desde então, indo parar no grupo “Vulnerável”. Ainda é o primeiro grau de risco de extinção, mas os critérios já são bastante assustadores.

Para um animal ser considerado vulnerável, existe um risco razoável de que sua população livre na savana esteja sumindo, talvez de forma irreparável.

Um dos grandes problemas das girafas em seu habitat natural é que a intervenção humana está separando a espécie em várias comunidades pequenas isoladas geograficamente.

Se elas ficam separadas por muito tempo, os fatores ambientais vão afetando as gerações, criando cada vez mais diferenças entre os grupos.

A princípio, essas mudanças geram subespécies, mas podem afetar o DNA a ponto de formar novas espécies completamente diversas no longo prazo.

Se isso acontecer, as girafas de comunidades diferentes já não vão mais ser capazes de se reproduzir entre si.

Neste caso, a vulnerabilidade se torna absurdamente maior. Hoje, temos 97 mil girafas, divididas em 9 subespécies. Já é bem menos do que as 150 mil girafas que viviam no planeta 30 anos atrás.

Mas se considerarmos que, várias gerações para frente, essas subespécies podem virar espécies muito diferentes entre si, cada grupo de girafas vai ter só 10 mil indivíduos na natureza. E quanto menor o tamanho das comunidades, mais ameaçadas elas ficam.

Felizmente, porém, os países na região que forma o habitat dessas girafas têm um bom exemplo de conservação a seguir. O Níger, nos anos 1990, conseguiu reverter a queda da população das pescoçudas, de 49 para 450 girafas.

O projeto mostra que, com um esforço internacional, dá para melhorar a convivência entre seres humanos e os mamíferos terrestres mais altos do mundo. Caso contrário, não vão sobrar pescoções para o Twitter planejar vestuários de mentirinha.

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