Ciência

EUA aprova remdesivir como tratamento para coronavírus

O remédio é agora o primeiro e único tratamento totalmente aprovado nos EUA para covid-19

Remdesivir: o remédio foi um dos utilizados para tratar o presidente americano, Donald Trump, após sua infecção pelo coronavírus (Bernard Chantal/Getty Images)

Remdesivir: o remédio foi um dos utilizados para tratar o presidente americano, Donald Trump, após sua infecção pelo coronavírus (Bernard Chantal/Getty Images)

Mariana Martucci

Mariana Martucci

Publicado em 22 de outubro de 2020 às 17h38.

Última atualização em 29 de outubro de 2020 às 16h34.

A Food and Drug Administration (FDA), órgão equivalente à Anvisa nos Estados Unidos, aprovou nesta quinta-feira o remdesivir, medicamento antiviral da Gilead Sciences, como tratamento para o coronavírus, segundo informações da CNBC. O remdesivir foi um dos remédios utilizados para tratar o presidente americano, Donald Trump, após sua infecção pelo coronavírus.

Em maio, o FDA concedeu uma autorização em caráter emergencial ao medicamento, permitindo que hospitais e médicos usassem o remédio em pacientes hospitalizados diagnosticados com covid-19, mesmo que o medicamento não tivesse sido formalmente aprovado pela agência reguladora. O remédio intravenoso ajudou a reduzir o tempo de recuperação de alguns pacientes com covid-19 hospitalizados.

    O medicamento será usado em pacientes com covid-19 que necessitem de hospitalização, afirmou a farmacêutica Gilead. O remdesivir é agora o primeiro e único tratamento totalmente aprovado nos Estados Unidos para covid-19, que infectou mais de 41,3 milhões e matou mais de 1 milhão, de acordo com dados divulgados pela Universidade Johns Hopkins.

    “Desde o início da pandemia, a Gilead tem trabalhado incansavelmente para ajudar a encontrar soluções para esta crise de saúde global”, disse o CEO da Gilead, Daniel O’Day, em um comunicado oficial. “É incrível estar na posição hoje, menos de um ano desde os primeiros relatos de caso da doença, de ter um tratamento aprovado pela FDA nos Estados Unidos que está disponível para todos os pacientes que necessitem.”

    Segundo uma pesquisa da OMS divulgada neste mês, o medicamento remdesivir teve pouco ou quase nenhum efeito sobre os tempos de internação ou chances de sobrevivência de pacientes de covid-19.

    Os resultados são do estudo Solidarity, da OMS, que avaliou os efeitos de quatro tratamentos com medicações que incluíam o remdesivir, a hidroxicloroquina, e a combinação dos medicamentos lopinavir/ritonavir e interferon (utilizada para o tratamento do HIV) em 11.266 pacientes adultos em mais de 30 países.

    O estudo concluiu que os protocolos pareciam ter pouco ou nenhum efeito na redução de mortalidade em 28 dias ou na duração do tratamento hospitalar entre pacientes internados com covid-19, disse a OMS nesta quinta-feira.

    No início do mês, dados de um estudo americano com o remdesivir pela Gilead mostraram que o tratamento cortava o tempo de recuperação da covid-19 em cinco dias quando comparado aos pacientes que receberam o placebo em um teste envolvendo 1.062 pacientes.

    O que é o remdesivir?

    Inicialmente criado pela farmacêutica americana para tratar doenças como hepatite C e RSV (um vírus que, assim como o coronavírus, causa infecções respiratórias), o remdesivir (em qualquer formato) é capaz de imitar uma parte do RNA viral da covid-19, o que o faz ser uma prevenção necessária para que o RNA não se instaure de forma mais grave no organismo humano. Dessa forma, o vírus não consegue se reproduzir ou se replicar e todo o processo de infecção se torna mais lento.

    O medicamento já foi testado para uso em casos de Ebola e de SARS e MERS — mas nunca foi aprovado para o uso nesses casos.

    Quem é a Gilead

    A Gilead é uma biofarmacêutica avaliada em 96 bilhões de dólares. Fundada em 1987 pelo médico Michael L. Riordan, a empresa é uma das maiores fabricantes de medicamentos dos Estados Unidos e faz parte do índice S&P 500, que reúne as companhias mais importantes da bolsa americana.

    No Brasil, a farmacêutica tem escritórios em São Paulo e em Brasília. Só neste ano, com o otimismo dos investidores pelos testes bem-sucedidos do remdesivir, as ações da Gilead subiram 26%.

    (Com informações da Reuters)

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