Ciência

Cratera Chicxulub dá pistas sobre última Era do Gelo

O gigantesco estudo da cratera busca decifrar o mistério da extinção em massa - inclusive dos dinossauros - provocada por um asteroide há 66 milhões de anos

Pesquisa: usando máquinas pesadas, eles perfuraram um estreito túnel de 1,5 km de profundidade sob o assoalho marinho e extraíram mais de seis toneladas de rocha para análise (AFP)

Pesquisa: usando máquinas pesadas, eles perfuraram um estreito túnel de 1,5 km de profundidade sob o assoalho marinho e extraíram mais de seis toneladas de rocha para análise (AFP)

A

AFP

Publicado em 24 de novembro de 2016 às 13h54.

Cientistas da Missão 364, a primeira da história a explorar uma cratera submarina produzida pelo impacto de um asteroide, encontraram - por acaso, sem que estivessem procurando - evidências de que o nível do mar era mais baixo do que o atual na última Era do Gelo.

O gigantesco estudo da cratera Chicxulub, que tem 200 km de diâmetro e se encontra no Golfo do México, busca decifrar o mistério da extinção em massa - inclusive dos dinossauros - provocada por um asteroide há 66 milhões de anos, além de descobrir como a vida ressurgiu e, inclusive, encontrar pistas sobre as possibilidades de vida em outros planetas.

Mas os primeiros resultados trouxeram surpresas, afirmou nesta quarta-feira Jaime Urrutia, presidente da Academia Mexicana de Ciências e chefe da missão, durante coletiva de imprensa no Instituto de Geofísica da Universidade Autônoma do México.

Sem que estivessem procurando por isto, os cientistas conseguiram confirmar que o nível do mar era muito mais distante da linha costeira atual na última glaciação.

Durante as perfurações submarinas na cratera, a 33 km da costa, "descobriram-se estruturas no piso em forma de círculos (...) A única forma com que se constroem é por dissolução de carbonato, e para que o carbonato se dissolva tem que estar exposto ao ar", explicou Urrutia.

Assim, destacou sorridente, "a península (de Yucatán) era literalmente maior" entre 23.000 e 18.000 anos atrás.

Isto leva os cientistas a acreditar que no momento do impacto, a cratera estava completamente na área continental e não como agora, com metade sob o Golfo do México e a outra sobre a península de Yucatán.

No começo de abril, geólogos, paleontólogos e microbiologistas de várias partes do mundo instalaram seus laboratórios durante dois meses na imponente plataforma Myrtle, para estudar a marca deixada pelo asteroide no período Cretáceo.

Usando máquinas pesadas, eles perfuraram um estreito túnel de 1,5 km de profundidade sob o assoalho marinho e extraíram mais de seis toneladas de rocha para análise.

Apesar dos resultados obtidos até agora - publicados na revista Science -, ainda não foi possível elucidar os processos que formaram o "anel de picos" - uma cordilheira circular com raio de 30 km - que se encontra perto da cratera.

Mas suas análises continuam em laboratórios especializados em Bremen, na Alemanha.

Mais de Ciência

Ozempic facilita a gravidez? Mulheres relatam aumento de fertilidade

Uso de garrafa plástica pode aumentar risco de diabetes tipo 2, diz estudo

Colisão de asteroides é flagrada pelo telescópio James Webb

Componente de protetores solarares encontrado em alimentos gera preocupação nos EUA

Mais na Exame