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Colesterol alto e perda de audição podem ser fatores para desenvolvimento de demência, aponta estudo

Relatório aponta que a redução de 14 fatores de risco modificáveis pode prevenir ou atrasar quase metade dos casos de demência globalmente

Alta do colesterol e perda de visão estão ligados a casos de demência, afirma novo estudo. (ALFRED PASIEKA/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 1 de agosto de 2024 às 09h26.

Um estudo recente, publicado pela The Lancet Commission sobre prevenção da doença, revelou que o colesterol alto e a perda de visão estão diretamente ligados ao desenvolvimento de demência . Estes fatores foram incluídos entre os 14 principais riscos modificáveis que, se abordados adequadamente, poderiam prevenir ou atrasar quase metade dos casos da doença em todo o mundo. As informações são do Financial Times.

De acordo com a pesquisa,o colesterol alto em pessoas com mais de 40 anos e a perda auditiva são os fatores mais comumente associados ao desenvolvimento de demência globalmente. Além disso, o relatório destacou a importância da educação na infância e da interação social na terceira idade como fatores cruciais na prevenção da demência.

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Geir Selbæk, diretor de pesquisa no Centro norueguês de estudos no avanço da idade e membro da comissão, afirmou que o estudo demonstrou pela primeira vez uma ligação causal entre a abordagem desses fatores de risco e a redução da probabilidade de desenvolvimento de demência em até 45%. O relatório enfatizou a necessidade de ações individuais para reduzir esses riscos, além de recomendar que governos criem medidas para abordar esses fatores em nível populacional, especialmente em um contexto de aumento global dos casos de demência.

O relatório sugere que, além de medidas pessoais como parar de fumar e tratar a perda de visão, é necessário promover mudanças estruturais na sociedade para garantir que todos tenham a chance de uma vida saudável, livre do impacto da demência. O estudo ainda destacou que a redução desses riscos teria um impacto positivo em populações inteiras, mesmo que não garantisse a prevenção da demência em indivíduos específicos.

Casos podem triplicar

Estima-se que o número de pessoas vivendo com demência em todo o mundo quase triplique até 2050, com os custos de saúde e sociais relacionados à condição ultrapassando US$ 1 trilhão por ano (R$ 5,6 trilhões). Apesar de alguns países de alta renda, como Estados Unidos e Reino Unido, estarem observando uma diminuição na proporção de idosos com demência, atribuído à construção de resiliência cognitiva e física ao longo da vida e a menor dano vascular, a comissão alerta que é necessário um foco específico em países de baixa e média renda, que estão menos preparados para enfrentar os fatores de risco em suas populações.

Selbæk destacou que tratamentos que podem melhorar alguns sintomas de demência e tratamentos para catarata, por exemplo, não são facilmente acessíveis ou acessíveis em países de baixa e média renda. A coautora do relatório, Cleusa Ferri, epidemiologista e professora no Brasil, alertou para o "fardo muito maior dos fatores de risco de demência" nesses países, dado o envelhecimento rápido da população e o aumento das taxas de pressão alta, diabetes e obesidade.

O relatório recomenda uma série de passos para reduzir os fatores de risco, incluindo a prevenção e tratamento da perda auditiva, perda de visão e depressão; a promoção da atividade cognitiva ao longo da vida; a redução de fatores de risco vascular, como obesidade; a melhoria da qualidade do ar; e a criação de ambientes comunitários que aumentem a interação social.

Uma análise separada, publicada na revista The Lancet Healthy Longevity, sugere que, se essas medidas fossem adotadas, poderiam gerar economias de mais de £4 bilhões (R$ 28,8 bilhões) e mais de 70.000 anos de vida ajustados pela qualidade na Inglaterra ao longo de aproximadamente 20 anos.

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