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As vantagens e as desvantagens da carreira em medicina

Está em dúvida se medicina é a profissão certa para você? Médico apresenta prós e contras de seguir carreira na área

Médicos: uma das vantagens da profissão é poder ajustar a sua carga de trabalho como bem entender (XiXinXing/Thinkstock)
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Da Redação

Publicado em 26 de outubro de 2015 às 14h00.

* Texto escrito por João Bourbon II, médico e autor da obra "Ser ou não Ser Médico? Os 15 segredos que você precisa conhecer sobre a carreira médica no Brasil" (Editora Sanar).

Costumo receber perguntas de leitores de todo o país, em dúvida sobre optar ou não pela carreira médica . Eles questionam, principalmente, se ainda vale a pena fazer Medicina. Sabendo da longa jornada a seguir, cumprem bem o papel de investigar a área de interesse antes de tomar uma decisão.

Se vale ou não vale a pena fazer Medicina, é uma questão bem subjetiva. O que vale para uns, obviamente pode não valer para outros. Por esse motivo, em vez de responder diretamente à pergunta, preferi elaborar uma lista com as principais vantagens e desvantagens que a área oferece. O texto foi elaborado tomando minha experiência pessoal e relatos de colegas como base.

Vantagens

1. Possibilidade de ajudar ao próximo
Objetivo maior da área, é também responsável pela beleza da profissão . Poder promover saúde, combater doenças e proporcionar cura de moléstias é condição única. Nossa profissão é responsável por reabilitar pessoas e fornecer mais tempo para pacientes ficarem entre os seus entes queridos.

2. Grande retorno emocional
Os pacientes percebem quando o médico se doa sem medir esforços, quando ajudar o próximo é a meta principal da atuação de determinado profissional. E eles retribuem sempre com uma gratidão enorme, que emociona. Existem muitas formas de dizer muito obrigado e o médico tem a felicidade de poder conhecer todas elas e criar belos laços de amizade com pacientes e familiares. Nesta profissão, um olhar emocionado de gratidão de um paciente vai te deixar várias vezes com um nó na garganta.

3. Vasto campo de atuação
Dentro da medicina, é possível atuar como gestor, pesquisador, professor, clínico e cirurgião. Um médico pode assumir todos esses papéis se assim o desejar e se tiver a competência, a formação necessária para tal. Pode ainda determinar, dentro de cada área citada, a população alvo de seu estudo, de sua atuação. Escolhendo entre gestantes, fetos, crianças, adolescentes, homens, mulheres e idosos, inúmeros outros mundos e outras possibilidades se abrem. Ao todo, são mais de cinquenta as especialidades médicas existentes.

4. Possibilidade de ajuste de carga horária
O médico tem a possibilidade de ajustar a sua carga de trabalho como bem entender. Trabalhando no consultório, fazendo cirurgias e em plantões, através de vínculos públicos ou em unidades particulares, entre o dia e a noite, o médico pode trabalhar 24h durante toda a semana se tiver disposição para tal. Essa é uma grande vantagem porque, como veremos no próximo item, possibilita ao médico ajustar os seus ganhos de acordo com a sua necessidade.

5. Possibilidade de bons ganhos
Sim, ainda é possível ter um bom retorno financeiro com a Medicina. É, sem dúvida, um aspecto positivo da área. No entanto, é difícil prever até quando esse cenário se manterá. Além disso, geralmente, bons rendimentos são obtidos às custas de elevadas cargas de trabalho.

6. Capacidade de lidar com estresse/pressão
Da aprovação no vestibular e/ou no ENEM até a conclusão do processo de especialização leva-se cerca de 10 anos. A jornada é longa e exigente. A pressão para se obter e demonstrar conhecimentos e capacidade de lidar com situações de dificuldade é diária, constante. Ressaltemos a visão positiva. O ganho de conhecimento nessa fase é espetacular. Ademais, ao final do processo, tem-se, na maioria das vezes, profissionais maduros e extremamente capazes, não só de atuar de maneira eficaz no manejo dos pacientes mas também de lidar com situações estressantes de qualquer natureza e de suportar pressões do dia-a-dia.


Desvantagens

1. Grande carga de trabalho
É melhor ir se acostumando: a grande carga de responsabilidade e o grande volume de afazeres apenas se inicia quando se opta pela área. O concorrido vestibular de medicina gera uma demanda por uma grande carga de estudo, além do tempo dispendido em atividades da escola e isso se mantém na faculdade e na especialização/ residência médica. Após o processo de formação, tem início a carreira em si, que deve ser dividida com o tempo para se atualizar. Médicos recém-formados costumam ser inseridos no mercado de trabalho em unidades de urgência, onde se trabalha em regime de plantões. É uma elevada carga de trabalho (que pode ser reduzida a critério, porém com prejuízo no retorno financeiro) com atividades noturnas e no final de semana.

2. Abdicação de tempo em família
Obviamente não se trata de exclusividade da carreira médica, mas sem dúvida é uma das carreiras que mais envolvem abdicação de tempo de lazer e de convívio com familiares. O vestibular já é um afastador do convívio social em si. A faculdade em período integral tem sua parcela de contribuição. No entanto, talvez o maior desafio seja aliar as responsabilidades do trabalho e a necessidade de gerar renda para honrar compromissos pessoais com os papéis que a família espera de você. Além de médico você será marido/mulher, pai/ mãe, filho (a), irmã (o) e por aí vai. Sua família também precisa de você e será exigente quanto ao seu tempo.

3. Pressão dos pacientes e da sociedade
Os pacientes e a sociedade em geral têm grandes expectativas em relação ao médico. Além de honestidade, integridade, capacidade técnica, pontualidade, cordialidade que são fundamentais ao profissional e que devem, com razão, ser exigidos, espera-se ainda muito mais. Códigos sociais de moral e conduta são aplicados com muito mais rigor quando a pessoa em questão é um profissional da medicina. Quem nunca ouviu frases que começam com: “Ih, olha lá! Um médico fazendo…”? Além disso, infelizmente, muitas vezes são atribuídas ao médico falhas e deficiências que são do sistema de saúde.

4. Necessidade de atualização constante
Se existe uma verdade na carreira médica é a de que o estudo nunca cessa. A ciência médica é muito dinâmica, produzindo novos conceitos a todo instante. O médico que não estuda rotineiramente e não se mantém atualizado através da leitura de periódicos e de cursos/congressos está condenado a repetir condutas do passado, desatualizadas, com grande prejuízo ao tratamento dos pacientes.

5. Processos médicos
O médico, de uma forma geral, consegue lidar bem com tudo o que foi mencionado previamente. Ele se vira para dar conta de todos os seus compromissos e desempenhar bem o seu papel na família e na profissão. Além disso, o prazer pela leitura e pelo estudo rotineiro é muito difundido na classe. No entanto, é difícil lidar com esses que, provavelmente, representam as maiores desvantagens da profissão: os processos médicos.

Se uma complicação ou um mau resultado decorreu de imperícia ou imprudência, que se puna! Contudo, resultados adversos podem advir de qualquer tratamento, mesmo quando perfeitamente executado. E existem pessoas que se valem dessas ou até de situações irreais com o objetivo de obter ganhos secundários.

* Este artigo foi originalmente publicado peloNa Prática, portal de carreira da Fundação Estudar.

São Paulo – A medicina há muito caiu nas graças da 7ª arte. É inegável que a profissão de médico rende histórias emocionantes e inspiradoras, que, geralmente, são muito bem aproveitadas por diretores, roteiristas e atores.  Mas quais seriam os filmes "obrigatórios" no currículo cultural de quem se dedica a salvar vidas? É o que Exame.com foi perguntar a seis médicos. Na lista estão alguns títulos que retratam profissionais da medicina e filmes que, a princípio, podem parecer “estranhos no ninho”, mas que trazem em seu cerne questões fundamentais para o exercício da profissão. Veja os trailers clicando nas fotos desta galeria:
  • 2. O Físico

    2 /11

  • Veja também

    É o filme mais recente desta lista e a indicação é da pediatra Denise Bedoni, do Hospital Leforte. “Destaca a importância de realizar um trabalho com amor, resignação, humildade, não em busca de uma supervalorização social, mas pela gratificação e pela condição humana que lhe foi permitida”, diz. O Físico (The Physician)
    Ano: 2014
    Direção: Philipp Stölzl
  • 3. Patch Adams - O amor é contagioso

    3 /11

  • O filme é indicado por dois dos médicos entrevistados: o cirurgião plástico André Colaneri e a pediatra Denise Bedoni, do Hospital Leforte.
    “Mostra que a medicina pode ter um cunho muito mais humano, lembrando sempre do ser humano por trás da doença, contrastando com a visão técnica e fria da nossa formação”, diz Colaneri. A pediatra Denise também destaca o filme pelo fato de ele enfatizar o dom dos médicos de amenizar o sofrimento das pessoas. Patch Adams – O amor é contagioso (Patch Adams)
    Ano: 1998
    Direção: Tom Shadyac
  • 4. Um Golpe do Destino

    4 /11

    O longa-metragem conta a história de um renomado cirurgião - arrogante e indiferente aos seus pacientes - que sofre uma reviravolta em sua vida ao receber o diagnóstico de câncer. Quem indica é Flavio Iizuka, urologista do Hospital Leforte. “O filme é um ótimo pretexto para repensar a relação médico-paciente. Aprendi ao longo da minha carreira que a humildade e o relacionamento humanizado são sábios conselhos para um bom desenvolvimento profissional. A empatia é tão importante quanto o conhecimento e o bom senso na nossa profissão”, diz o médico. Um Golpe do Destino (The Doctor)
    Ano: 1991
    Direção: Handa Haines
  • 5. Tempo de Despertar

    5 /11

    O neurologista Diego Salarini indica este filme da década 90 que mostra as primeiras experiências em tratamentos médicos hoje amplamente utilizados no mundo. “Mostra o início do uso da levodopa no tratamento do Mal de Parkinson e o amor do médico neurologista pela profissão e pelos pacientes, ficando extremamente feliz com os resultados e triste pelos insucessos”, diz Salarini. Tempo de Despertar (Awakenings)
    Ano: 1990
    Direção: Penny Marshall
  • 6. A Vida É Bela

    6 /11

    O filme foi indicado por dois dos médicos entrevistados: o gastroenterologista do Hospital Leforte, Eduardo Grecco, e o cardiologista Hélio Castello, diretor da Angiocardio. “A mensagem é de como superar as dificuldades e lidar com elas de maneira criativa. A rotina de se trabalhar em hospitais faz com que você tenha que transmitir aos pacientes uma maior confiança e segurança para que se obtenham melhores resultados”, explica Grecco. Castello concorda. De acordo com ele, a verdade, às vezes, deve ser manipulada para oferecer alguma felicidade residual ao paciente. “O filho, no filme, pode ser comparado ao paciente com uma doença em fase terminal. Embora a verdade deva ser dita sempre, podemos, nós médicos, influenciar para que a realidade do paciente seja pouco menos dura e que ele consiga ter alguma alegria em momentos até simples”, diz. A qualidade de vida, diz Castello, deve ser preservada e perseguida, por menor que seja. A Vida É Bela (La Vitta è Bella)
    Ano: 1997
    Direção: Roberto Benigni
  • 7. Lado a Lado

    7 /11

    “Esse filme traz a realidade de muitas ocasiões nas quais uma patologia modifica o relacionamento entre as pessoas. Exemplifica, com muita propriedade, as angústias e as diferentes fases  com que o paciente se depara ao receber um diagnóstico. Lição de vida e de aprendizado ao se cuidar do lado emocional dos pacientes”, diz o gastroenterologista Eduardo Grecco, do Hospital Leforte. Lado a Lado (Stepmom)
    Ano: 1998
    Direção: Chris Columbus
  • 8. Um Método Perigoso

    8 /11

    O filme, indicado pelo neurologista Diego Salarini do Hospital Leforte,  mostra a interação entre Carl Jung e Sigmund Freud, pais da psicanálise. “A formação das vertentes junguianas e freudianas é muito interessante, e principalmente traz à tona a histeria, doença muito pouco comentada, porém cada vez mais presente no nosso dia a dia”, diz. Um Método Perigoso (A Dangerous Method)
    Ano: 2011
    Direção: David Cronenberg
  • 9. A Lista de Schindler

    9 /11

    Por trazer à tona a discussão sobre o valor da vida, o filme é uma das indicações do cardiologista Hélio Castello, diretor da Angiocardio. “O bem e o amor ao próximo colocados acima de tudo:  conceitos, crenças, preconceitos e raças. O valor de uma vida é impagável e deverá ser a meta indiscutível de nossos atos como médicos”,diz Castello. A Lista de Schindler (Schindler’s List)
    Ano: 1993
    Direção: Steven Spielberg
  • 10. A Sociedade dos Poetas Mortos

    10 /11

    O filme, segundo o cardiologista Hélio Castello, diretor da Angiocardio, traz subsídios importantes para estudantes e professores de medicina. “Além da valorização da individualidade, pois cada profissional de saúde tem seu valor e sua forma de pensar e agir, o foco na inovação proporcionará melhores formas no atendimento, na assistência e na capacidade de se adaptar às adversidades, tão comuns na assistência à saúde em nosso país”, explica. A Sociedade dos Poetas Mortos (Dead Poets Society)
    Ano: 1989
    Direção: Peter Weir
  • 11. Agora, veja os filmes indicados para os estudantes de Direito

    11 /11(Oxford/Getty Images)

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