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Vaquinha online ajuda menino da periferia de Salvador a estudar no Bolshoi

Iniciativa arrecadou quase o quádruplo do valor estipulado para auxiliar na compra das passagens de avião para Joinville

Jonathan Araujo: Jovem contou com doações para custear viagem à Santa Catarina (Twitter/Reprodução)

Jonathan Araujo: Jovem contou com doações para custear viagem à Santa Catarina (Twitter/Reprodução)

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EFE

Publicado em 21 de janeiro de 2019 às 16h53.

São Paulo - "Vou ser um grande bailarino". Esta foi a promessa que Jonathan de Araújo, de 9 anos, fez para si mesmo poucos dias antes de deixar a periferia de Salvador para embarcar rumo a Santa Catarina, onde fica a única filial do Ballet Bolshoi fora da Rússia e na qual ele estudará balé.

Jonathan nunca fez aulas de dança e, embora brincasse em casa com uma sapatilha de ponta, nem ele ou a família pensavam há cinco meses que o menino poderia, algum dia, estar em um dos maiores palcos de dança clássica do mundo.

Mas tudo começou a mudar graças a uma "vaquinha online" - que arrecadou quase o quádruplo do valor estimado para que ele vivesse essa experiência - e ao esforço hercúleo da família, que abraçou o sonho do menino, superou dificuldades financeiras e agora verá Jonathan brilhar.

Tudo começou em agosto do ano passado, por acaso.

"Foi o destino ou Deus", disse, com um sorriso no rosto, a mãe do garoto, Denize de Araújo, à Agência Efe.

Um projeto para encontrar jovens talentos da arte chegou à capital da Bahia, e uma irmã de Jonathan, Samanta, de 14 anos, se inscreveu para um teste de canto. Porém, no dia da segunda fase da avaliação, o ônibus atrasou, e a adolescente perdeu a prova. Como já estavam no local, a mãe viu que a Escola do Bolshoi estava fazendo testes e perguntou se Jonathan poderia participar.

"Quando acabou, nos disseram que ele tinha 95% de chances de entrar", lembrou Denize.

A etapa seguinte seria na própria escola de dança, que fica em Joinville, Santa Catarina, a 1.840 quilômetros de Jonathan. Foi então que as primeiras dificuldades começaram a aparecer, mas a família estava disposta a não deixar a oportunidade escapar.

"Pedi um empréstimo ao banco, porque não tínhamos recursos para ir a Joinville", contou o pai, Josué dos Santos, que é policial militar em Salvador e único da família com emprego formal.

Depois de dois dias de testes e de orações, Jonathan foi aprovado e entrou para a escola, onde passará os próximos oito anos no curso de formação.

O custo das aulas corre por conta da instituição russa como parte do seu compromisso social, mas para embarcar na mudança de vida de Jonathan e da família, de São Gonçalo do Retiro para Joinville, onde a vida é mais cara, o processo é mais trabalhoso. Para encarar o desafio, a família então resolveu pedir ajuda e acabou ficando conhecida na região, o que chamou a atenção da Associação Classista de Educação e Esporte da Bahia (Aceb), que se dedica a promover artes e esportes através de políticas sociais na região.

A organização entrou em contato com a família. No dia 7 de janeiro, estava criada uma campanha de financiamento coletivo para tentar reunir, pelo menos, o dinheiro necessário para as passagens de avião. A iniciativa tinha como meta juntar R$ 10 mil em duas semanas, mas o objetivo foi ultrapassado em 72 horas, e agora, a poucos dias da data limite, a arrecadação já passou de R$ 38 mil.

"O povo da Bahia é fantástico", comemorou a presidente da Aceb, Marinalva Nunes, que disse que as mais de 600 doações recebidas até o momento cobrem os custos da família durante o primeiro ano, mas que a associação continuará colaborando para viabilizar a carreira do jovem bailarino durante os sete anos seguintes.

Na próxima segunda-feira, 21, Denize, Jonathan e Samanta embarcarão para Joinville. O pai e a irmã mais velha, Beatriz, de 18 anos, ficarão na torcida em Salvador.

"Estamos com o coração partido, mas sabemos que é por uma boa causa", reconheceu o pai.

De acordo com Denize, os irmãos já estão matriculados em uma escola na cidade catarinense, e o primeiro passo ao chegar será procurar uma casa e também um emprego para ela.

"Já trabalhei como cuidadora de idosos, mas agora posso trabalhar no que for", disse ela, que agradece pelo apoio que o filho tem recebido.

Jonathan, que não escondeu que sentirá saudade dos amigos, afirmou estar muito feliz diante da grande oportunidade, já que ama dançar, apesar da timidez.

"Fico com vergonha quando todos me olham", contou a jovem promessa.

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