Produtor de 'Titanic': 'Ganhar o Oscar foi como tirar o navio do fundo do mar'
Produção do longa foi marcada por atrasos e dificuldades
Da Redação
Publicado em 15 de abril de 2012 às 13h00.
Londres - O produtor Jon Landau acompanha o diretor James Cameron desde True Lies (1994), um fracasso de bilheteria. Ele conversou com o site de VEJA em Londres, sobre os motivos pelos quais gosta de trabalhar com James Cameron, um diretor tido como controlador e megalomaníaco. Junto com o ator Billy Zane, que faz o papel de noivo rico de Kate Winslet, ele lembrou também das pressões que a equipe sofreu durante as filmagens de Titanic.
JON LANDAU
Os atrasos e os estouros de orçamento de Titanic foram alardeados pela imprensa durante as filmagens. Ninguém acreditava no projeto. Em momento vocês tiveram certeza de que tinham um sucesso nas mãos?
Para mim, a carreira de um filme não é decidida pela bilheteria do primeiro fim de semana de estreia, mas como ela está lá pela terceira semana em cartaz. A terceira semana de bilheteria de Titanic foi a mesma da primeira semana. O mesmo aconteceu com Avatar. Mas eu me preocupei até a noite do Oscar, meses depois do lançamento porque, ao longo dos quatros anos de produção do filme, sempre houve um peso sobre nossas cabeças. Quando ganhamos o Oscar, foi como ter sido erguido o próprio Titanic do fundo do mar.
Mas acredito que a pressão durante as filmagens tenha sido grande, não? Como foi trabalhar num projeto tão complexo ouvindo histórias tão negativas?
Enorme. Mas eu e James sempre acreditamos no que estávamos fazendo. As pessoas que criticaram o filme ainda durante as filmagens nunca haviam lido o roteiro, visitado o set ou visto as provas do dia. Independentemente da bilheteria que poderíamos ter, meu objetivo era entregar um filme que nos permitisse a mim e a James Cameron trabalhar em Hollywood novamente.
No mercado, James Cameron tem fama de controlador e megalomaníaco. O que o fez acreditar nele desde True lies (1994), seu primeiro projeto juntos?
Minha confiança nele começa pelas histórias que ele escreve, com as quais qualquer ser humano encontra algum tipo de identificação. James sabe encontrar temas que são acessíveis às pessoas. O que faz os filmes dele funcionarem é justamente isso, o tema, que é aquilo que o espectador leva do cinema consigo, e não a trama, que o público deixa para trás, na sala de projeção. Na superfície, Aliens – O resgate (1986), por exemplo, é uma ficção cientifica de terror, mas o tema é o relacionamento amoroso entre mãe e filha. True lies não é apenas uma aventura de ação jamesbondiana, mas a história que fala como um casal consegue manter um casamento. Avatar, por outro lado, diz: “Não julgue um livro por sua capa, ou uma pessoa por sua cor”.
BILLY ZANE
Como foi ver Titanic em 3D, na tela, pela primeira vez?
Fiquei surpreso, maravilhado. Acho que a tridimensionalidade não serviu apenas à parte do espetáculo do filme, realçou também o drama da história. Desta vez me vi mais interessado nas atuações dos atores, nas nuances das performances. O interessante é que, desta vez, me vi mais envolvido com o personagem de Frances Fisher, que interpreta a mãe de Kate Winslet, e até com Cal, o meu papel. Senti mais simpatia pela trajetória dos dois no drama. Acho que da primeira vez estávamos mais distraídos pela beleza do papel de parede do navio, e coisas assim.
Lembra dos testes que fez para o seu personagem?
Sim, foi uma audição bastante simples. James reuniu alguns atores e ficamos passando alguns diálogos durante mais ou menos uma hora. Parece que James me chamou porque havia me visto em O Fantasma (1996), que é um herói dos anos 30, e ele precisava de um ator que pudesse representar um personagem de época. Sabia que, nesse primeiro encontro, eu iria lidar com o roteirista, o diretor, o produtor e o editor do filme, todos no mesmo homem, James Cameron, então escolhi me comunicar com o editor, sempre oferecendo diferentes opções de interpretação. Essa foi a base da minha relação com ele durante todo o filme. James sempre estava me desafiando, pedindo uma coisa diferente.
As filmagens duraram meses. Fez muitas amizades no set?
Muitas. A Kate (Winslet) eu reencontro ocasionalmente, quando ela vai a Los Angeles receber alguns dos muitos prêmios que ela ganhou. Leo (nardo DiCaprio) eu vejo com mais frequência, porque ele também mora em Los Angeles. Eu e James desenvolvemos uma ótima relação nos anos que se seguiram ao lançamento do filme, antes de ele virar um explorador dos sete mares e desaparecer num canto obscuro do mundo. Mas basta nos encontrarmos, como agora, para o relançamento de Titanic , que os laços se refazem rapidamente.
Na época das filmagens vocês tinham algum sinal do sucesso que tinham nas mãos?
Sabíamos que estávamos fazendo um bom filme, era esse o nosso foco. Havia muita má publicidade e receio em torno do projeto, particularmente direcionado a James, Jon e o estúdio, mas eles não deixavam que isso nos afetasse. Mas foi bom chegar ao final com uma baixa expectativa. Não há nada pior do que trabalhar com alguém sempre dizendo estamos fazendo o melhor filme de todos os tempos e depois não acontecer nada. Pensando bem, foi uma benção que as pessoas, na época, implorassem por nosso fracasso.
Londres - O produtor Jon Landau acompanha o diretor James Cameron desde True Lies (1994), um fracasso de bilheteria. Ele conversou com o site de VEJA em Londres, sobre os motivos pelos quais gosta de trabalhar com James Cameron, um diretor tido como controlador e megalomaníaco. Junto com o ator Billy Zane, que faz o papel de noivo rico de Kate Winslet, ele lembrou também das pressões que a equipe sofreu durante as filmagens de Titanic.
JON LANDAU
Os atrasos e os estouros de orçamento de Titanic foram alardeados pela imprensa durante as filmagens. Ninguém acreditava no projeto. Em momento vocês tiveram certeza de que tinham um sucesso nas mãos?
Para mim, a carreira de um filme não é decidida pela bilheteria do primeiro fim de semana de estreia, mas como ela está lá pela terceira semana em cartaz. A terceira semana de bilheteria de Titanic foi a mesma da primeira semana. O mesmo aconteceu com Avatar. Mas eu me preocupei até a noite do Oscar, meses depois do lançamento porque, ao longo dos quatros anos de produção do filme, sempre houve um peso sobre nossas cabeças. Quando ganhamos o Oscar, foi como ter sido erguido o próprio Titanic do fundo do mar.
Mas acredito que a pressão durante as filmagens tenha sido grande, não? Como foi trabalhar num projeto tão complexo ouvindo histórias tão negativas?
Enorme. Mas eu e James sempre acreditamos no que estávamos fazendo. As pessoas que criticaram o filme ainda durante as filmagens nunca haviam lido o roteiro, visitado o set ou visto as provas do dia. Independentemente da bilheteria que poderíamos ter, meu objetivo era entregar um filme que nos permitisse a mim e a James Cameron trabalhar em Hollywood novamente.
No mercado, James Cameron tem fama de controlador e megalomaníaco. O que o fez acreditar nele desde True lies (1994), seu primeiro projeto juntos?
Minha confiança nele começa pelas histórias que ele escreve, com as quais qualquer ser humano encontra algum tipo de identificação. James sabe encontrar temas que são acessíveis às pessoas. O que faz os filmes dele funcionarem é justamente isso, o tema, que é aquilo que o espectador leva do cinema consigo, e não a trama, que o público deixa para trás, na sala de projeção. Na superfície, Aliens – O resgate (1986), por exemplo, é uma ficção cientifica de terror, mas o tema é o relacionamento amoroso entre mãe e filha. True lies não é apenas uma aventura de ação jamesbondiana, mas a história que fala como um casal consegue manter um casamento. Avatar, por outro lado, diz: “Não julgue um livro por sua capa, ou uma pessoa por sua cor”.
BILLY ZANE
Como foi ver Titanic em 3D, na tela, pela primeira vez?
Fiquei surpreso, maravilhado. Acho que a tridimensionalidade não serviu apenas à parte do espetáculo do filme, realçou também o drama da história. Desta vez me vi mais interessado nas atuações dos atores, nas nuances das performances. O interessante é que, desta vez, me vi mais envolvido com o personagem de Frances Fisher, que interpreta a mãe de Kate Winslet, e até com Cal, o meu papel. Senti mais simpatia pela trajetória dos dois no drama. Acho que da primeira vez estávamos mais distraídos pela beleza do papel de parede do navio, e coisas assim.
Lembra dos testes que fez para o seu personagem?
Sim, foi uma audição bastante simples. James reuniu alguns atores e ficamos passando alguns diálogos durante mais ou menos uma hora. Parece que James me chamou porque havia me visto em O Fantasma (1996), que é um herói dos anos 30, e ele precisava de um ator que pudesse representar um personagem de época. Sabia que, nesse primeiro encontro, eu iria lidar com o roteirista, o diretor, o produtor e o editor do filme, todos no mesmo homem, James Cameron, então escolhi me comunicar com o editor, sempre oferecendo diferentes opções de interpretação. Essa foi a base da minha relação com ele durante todo o filme. James sempre estava me desafiando, pedindo uma coisa diferente.
As filmagens duraram meses. Fez muitas amizades no set?
Muitas. A Kate (Winslet) eu reencontro ocasionalmente, quando ela vai a Los Angeles receber alguns dos muitos prêmios que ela ganhou. Leo (nardo DiCaprio) eu vejo com mais frequência, porque ele também mora em Los Angeles. Eu e James desenvolvemos uma ótima relação nos anos que se seguiram ao lançamento do filme, antes de ele virar um explorador dos sete mares e desaparecer num canto obscuro do mundo. Mas basta nos encontrarmos, como agora, para o relançamento de Titanic , que os laços se refazem rapidamente.
Na época das filmagens vocês tinham algum sinal do sucesso que tinham nas mãos?
Sabíamos que estávamos fazendo um bom filme, era esse o nosso foco. Havia muita má publicidade e receio em torno do projeto, particularmente direcionado a James, Jon e o estúdio, mas eles não deixavam que isso nos afetasse. Mas foi bom chegar ao final com uma baixa expectativa. Não há nada pior do que trabalhar com alguém sempre dizendo estamos fazendo o melhor filme de todos os tempos e depois não acontecer nada. Pensando bem, foi uma benção que as pessoas, na época, implorassem por nosso fracasso.