Oito carros brasileiros elogiados em outros países
Sem "complexo de vira-lata": estes modelos nacionais são cobiçados e até invejados pelos gringos
Da Redação
Publicado em 22 de agosto de 2016 às 16h24.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h09.
Caros, ultrapassados e feios. Sobram adjetivos negativos para os críticos quando falamos sobre os carros fabricados no Brasil. Mas, ao contrário do que muita gente imagina, alguns projetos nacionais são bastante elogiados (e até cobiçados) pelos gringos - que, às vezes, valorizam nossos modelos mais do que nós mesmos.
Definido brilhantemente pelo Jalopnik como o "carro lerdo mais rápido da história", o SP2 é um sonho de consumo de milhares de entusiastas de Volkswagens refrigerados a ar pelos quatro cantos do mundo - inclusive no Brasil, onde achar um exemplar em bom estado para restauração é cada vez mais raro. O fraco desempenho do motor 1.7 de 75 cv não condizia com o design esportivo do projeto assinado por Marcio Piancastelli, mas isso não parece aborrecer a equipe do Jalopnik. "Andar devagar é um serviço de utilidade pública, assim todos podem admirar a beleza sensual dos anos 70 que esse carro tem". Aliás, não são apenas os americanos que cobiçam o SP2: uma reluzente unidade do modelo faz parte do acervo do Museu da Volkswagen, localizado em Wolfsburg, na Alemanha.
Construída sob a plataforma do Jeep Renegade, a Fiat Toro ainda é exclusividade do mercado brasileiro. Mas, se depender do Autoblog, a picape tem espaço cativo nos EUA. No post entitulado "Desejamos que a Fiat Toro venha para os Estados Unidos", Jonathon Ramsey dá detalhes do modelo que seria lançado apenas no ano seguinte - daí a presença de algumas informações equivocadas, como o nome das versões. O repórter ressalta a ausência de opções de porte semelhante a da Toro nos EUA. "Deixe a Fiat Toro começar a onda de lamentações sobre a falta de picapes compactas em nosso mercado", escreveu. Ramsey também afirma que o lançamento da Toro poderia alavancar as fracas vendas da Fiat por lá. E aparentemente alguém o ouviu: algumas unidades da picape foram flagradas em testes de rodagem por estradas de Auburn Hills, não por acaso nos arredores da sede da FCA.
Lançado em 2014, o novo T4 teve uma recepção mais calorosa no exterior do que em seu país de origem. Vários sites rasgaram elogios ao jipe produzido pela Ford. A Autoweek o chamou de "sucessor espirtual do amado Bronco" (em referência ao clássico modelo produzido pela marca do oval azul de 1966 a 1996) e sugeriu à Ford que importasse algumas unidades para os Estados Unidos. Já o Autoblog foi além e desmanchou-se em elogios ao projeto: "Estamos acostumados a ser tentados por frutos proibidos, mas não sei se podemos resistir a este carro. Precisamos dele imediatamente".
Sem o belo design como argumento de vendas, o TC nem de longe repetiu o sucesso do Karmann-Ghia original. Mas isso não o impediu de ganhar admiradores dentro e fora do Brasil. Um dos fãs mais célebres é Jason Torchinsky, do Jalopnik. "Particularmente, acho o design do TC magnífico. Não é emocionante como o do SP2, mas há uma certa harmonia inegável nas proporções e nos detalhes do projeto" Outras aspas dignas de emocionar os projetistas brasileiros: "O Karmann-Ghia TC não é um daqueles carros que povoam minha imaginação a cada momento, mas, toda vez que vejo um, penso que, se um dia me deparar com um cavalo mágico que me ofereça qualquer VW a ar à minha escolha, provavelmente eu escolheria o TC".
Se no mercado brasileiro o Sandero R.S. não é exatamente um esportivo tão acessível assim, os europeus já cresceram o olho para o pequeno hot-hatch. Afinal de contas, uma conversão cambial simples transforma os R$ 62.125 em menos de 18 mil euros - mesmo valor pedido por uma versão intermediária do Clio europeu. O site francês Caradisiac classifica o R.S. como um "esportivo de baixo custo" e, sem condições geográficas de avaliá-lo, colheu impressões de sites argentinos e mexicanos sobre o modelo. Depois de ler elogios sobre desempenho, direção e freios, os franceses não esconderam a vontade de botar suas mãos no hatch. "Um carro que definitivamente teria seu espaço na França", concluíram.
Não faltam artigos elogiosos sobre o Puma publicados em sites estrangeiros. Um dos maiores fãs do esportivo fora-de-série é (de novo!) o Jalopnik, que aproveitou a triste morte de Muhammad Ali para contar a história do Puma Al Fassi, o modelo que o ex-pugilista avaliou pessoalmente no Brasil antes de vendê-lo no Oriente Médio. Para os leitores não familiarizados com o esportivo brasileiro, o jornalista Jason Torchinsky define a Puma como uma "uma das maiores fabricantes de veículos de fibra de vidro com mecânica VW, responsável por projetar esportivos compactos bastante atraentes inspirados no design do Lamborghini Miura - um ponto de partida bastante interessante, por sinal". Quanto ao pouco conhecido Al Fassi, ele nasceu graças à amizade de Ali com um representante da Puma nos EUA, que convenceu o ex-atleta a investir na empresa brasileira mesmo em meio à indefinição quanto ao seu futuro. Ali, então, fechou um acordo com o Sheik Al Fassi para vender algumas unidades do P-108 conversível, rebatizadas como Puma Al Fassi, no Oriente Médio. Dois protótipos foram construídos com algumas alterações no projeto original, mas a venda não se concretizou devido a um processo de sonegação de impostos contra o sheik, que na época teve todos seus bens congelados.
Assim como o Troller T4, parece que a chegada da Oroch foi mais celebrada lá fora do que em seu próprio país de nascimento. Adicionando pitadas típicas do humor britânico, o site do Top Gear faz elogios à picape Renault. "É magnífica! O que mais você pode querer em um carro? Espaço para quatro ou cinco humanos e uma caçamba grande o suficiente para transportar, bem, vacas e outros objetos por um preço que não deve ser tão alto assim", definiu Sam Philip, levando em consideração informações liberadas antes do lançamento da Oroch. O jornalista sugeriu até iniciar uma campanha para que a Dacia (subsidiária da Renault responsável pelo projeto original do Duster) vendesse a Oroch no mercado britânico. Ok, talvez ele estivesse sendo apenas irônico...
Nada vai apagar o vexame brasileiro na Copa do Mundo de 2014 contra a Alemanha, mas, quando o assunto é carro, pelo menos nós nos vingamos - ou quase isso. Além de botar as mãos no Up! TSI antes dos alemães, nosso compacto é mais apimentado (são 105 cv contra "apenas" 90 cv). Em 2014, a Auto Motor und Sport comparou o desempenho do TSI com o conceito GT e lamentou a decisão da marca na época, que havia descartado a oferta da motorização turbinada no mercado alemão - algo que acabou não acontecendo. O carrinho, porém, agradou tanto um alto executivo da matriz em passagem pelo Brasil que, quando voltou para lá, pediu que um exemplar fosse enviado para a Alemanha para seu uso pessoal enquanto o modelo não fosse lançado na Europa.