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Novo filme das ‘Tartarugas Ninja’ diverte mesmo recheado de clichês

Dirigido por Jonathan Liebesman e produzido por Michael Bay, filme tem um roteiro batido e personagens humanos bem fracos; tartarugas, no entanto, salvam a obra

tartarugas (Divulgação / Paramount)

tartarugas (Divulgação / Paramount)

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Da Redação

Publicado em 13 de agosto de 2014 às 16h37.

Graças aos quatro “Transformers” dirigidos por ele, Michael Bay ficou consagrado como um diretor que faz filmes relativamente divertidos, mesmo estando cheios de clichês e de lutas que ninguém consegue acompanhar. Desta vez atacando de produtor, Bay finalmente acerta nos combates, mas obtém quase o mesmo resultado no novo “Tartarugas Ninjas”: um filme que, apesar de contar com um roteiro incrivelmente óbvio e às vezes parecer um grande comercial, ainda consegue divertir.

Anunciado ainda em 2009, o longa-metragem nasceu cercado de dúvidas, especialmente após a produção cogitar fazer das tartarugas seres vindos do espaço. O visual dos heróis seguiu como uma grande incógnita até o ano passado, e a forma como a personalidade do quarteto –  tão mal trabalhada no filme de 1990 – seria tratada também preocupava.

Mas o que vemos no resultado final não chega a decepcionar. Sem dar muito spoilers, o enredo mostra que Leonardo, Raphael, Michelangelo e Donatello são tartarugas mutantes criadas em um experimento que também envolveu o rato Splinter. Abandonadas nos esgotos após um incêndio, elas vivem com o roedor, responsável por criá-las como um pai e depois por treiná-las na arte do ninjutsu. Depois de crescidas, elas passam a combater, nas sombras, o grupo criminoso Clã do Pé, liderado pelo vilão e maníaco Destruidor.

A história muda de rumo quando a jornalista April O’Neil (Megan Fox, em um papel bem raso, apesar de relativamente fiel), ávida por um furo de reportagem, as descobre e começa a investigar o caso. No processo, alguns detalhes escabrosos envolvendo o Grupo Sacks, do CEO Eric Sacks (William Fichtner), vêm à tona, e as quatro tartarugas, a jornalista e toda a cidade de Nova York começam a correr mais perigo do que de costume.

Ou seja, é uma trama que não exatamente empolga, mas que também não chega ao ponto de ser frustrante – e ao menos não deve decepcionar fãs mais assíduos. E o mesmo vale para os personagens principais e suas respectivas personalidades, já conhecidas por quem assistia ao velho desenho. Splinter é um Pai Mei de Kill Bill, enquanto Leonardo, o da faixa azul, é o mais corajoso, decidido e dono daquele carisma típico de líder. Já Raphael, que usa a faixa vermelha, é mais turrão, sempre bancando o jovem rebelde, apesar de ter o coração mole.

Enquanto isso, Michelangelo é o grande fanfarrão, responsável por animar o grupo e por algumas das cenas mais divertidas do filme. E por fim, Donatello é o gênio geek, a tartaruga que insiste em fornecer estatísticas mesmo nas situações mais inconvenientes. Em resumo, são heróis “redondos”, que seguem à risca os conceitos estabelecidos na história original. Aliás, já que falamos dos protagonistas, o visual de todos eles funciona bem, mesmo causando certo estranhamento logo no início do longa – algo que vale também para o Destruidor com jeito de Transformer.

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No entanto, em termos de personalidade, não dá para elogiar tanto os humanos – um mal que parece acompanhar Michael Bay em seus filmes recentes. Megan Fox, como mencionado, não faz muito mais do que era esperado e interpreta uma April relativamente sem sal. A curiosidade da repórter, que a faz descobrir as tartarugas adolescentes mutantes ninja, está lá, assim como a biografia seguindo o conceito original – mas a personagem ainda precisava ser um pouco mais desenvolvida e ter bem mais presença para deixar de ser rasa.

Seu “par romântico”, Vernon Fenwick (Will Arnett), não é muito melhor, e aparece mais para servir como um alívio cômico – embora as cenas com Michelangelo, especialmente a do elevador, sejam infinitamente melhores. Do outro lado, Sacks não convencen muito bem como "mocinho", e sua motivação no final – ficar mais rico – chega a ser ridícula, embora dê para argumentar que isso seja algo proposital. O líder do Clã do Pé, por sua vez, aparece pouco, e tem a ambição já conhecida de dominar Nova York e o mundo. E o plano de ambos não é muito diferente do que já vimos em tantos filmes de ação: usar algo para matar pessoas e lucrar.

Por fim, fora os clichês, um último ponto que chega a incomodar no filme é a presença mais descarada que de costume de produtos de patrocinadores. Smartphones e notebooks com Windows aparecem aos montes em diversas cenas, mas ainda são sutis perto do comercial da Pizza Hut exibido em das cenas decisivas do longa-metragem.

Em suma, “Tartarugas Ninja” vem cheio de clichês e personagens secundários bem fracos, mas acaba salvo por quatro protagonistas carismáticos – que devem agradar ainda mais aos fãs saudosistas. Está longe de ser um filme surpreendente, mas bem como o primeiro “Transformers” de Michael Bay, consegue divertir quem for capaz de não criar expectativas.

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