Casual

Nadadora trans diz que fez procedimento 'para ser feliz, não para ganhar títulos'

Lia Thomas foi primeira atleta transexual a vencer torneio universitário de natação nos EUA

Atleta depois da transição (esq.) e antes de realizar a supressão de testosterona (dir.)  (Redes Sociais/Reprodução)

Atleta depois da transição (esq.) e antes de realizar a supressão de testosterona (dir.) (Redes Sociais/Reprodução)

AO

Agência O Globo

Publicado em 1 de junho de 2022 às 11h14.

Primeira atleta trans a vencer um torneio universitário de natação nos Estados Unidos, Lia Thomas rebateu as críticas que vem sofrendo desde que passou a competir em torneios femininos, no ano passado. Em entrevista à ESPN, ela contou ter evitado dar declarações anteriormente para focar nos treinos para competições que estava prestes a disputar.

VEJA TAMBÉM

— O maior equívoco [das pessoas que a criticam], eu acho, é a razão pela qual eu fiz a transição. As pessoas vão dizer: 'Oh, ela acabou de fazer a transição para ter uma vantagem, para que ela pudesse vencer.' Eu fiz a transição para ser feliz, para ser fiel a mim mesma — desabafou.

Em março deste ano, Lia Thomas se tornou a primeira mulher trans a conquistar um título universitário nos Estados Unidos, ao vencer a prova dos 500 metros estilo livre, com a marca de 4min 33s 24ms, pouco mais de um segundo à frente da segunda colocada.

— Mulheres trans que competem em esportes femininos não ameaçam os esportes femininos como um todo. Mulheres trans são uma minoria muito pequena de todos os atletas. As regras da NCAA [liga universitária] sobre mulheres trans que competem em esportes femininos existem há mais de 10 anos. E não vimos nenhuma onda maciça de mulheres trans dominando — destaca.

A atleta, que é uma mulher transexual, nadou entre os homens por três anos, sob o nome de batismo Will Thomas, e trocou de categoria após um ano de hiato. Ela conta que começou a terapia hormonal em maio de 2019, após seu segundo ano na universidade.

Lia disse que enfrentou disforia de gênero (identificação com o gênero oposto que pode resultar em ansiedade e depressão) e problemas com sua saúde mental, o que a levou à decisão de se submeter à cirurgia de transição. Na ocasião, ela confessou achar que a carreira na natação havia acabado após o procedimento.

— Tendo visto ataques tão odiosos aos direitos trans através da legislação, lutar pelos direitos trans e pela igualdade trans é algo que me tornou muito mais apaixonada — disse.

Governador da Flórida quer tirar medalha

Segundo o The New York Times, no dia da prova vencida por Lia, manifestantes foram até o local da competição protestarem contra a presença dela no torneio, realizado no complexo Georgia Tech, em Atlanta, no estado da Geórgia. Ainda segundo a publicação, as críticas se acentuaram quando ela publicou em suas redes sociais seus tempos obtidos na prova, com os novos recordes estabelecidos.

A nadadora já havia sido alvo de críticas em 2021, após quebrar uma série de recordes universitários, por exemplo, ao terminar uma prova 38 segundos à frente da segunda colocada. O governador da Flórida, Ron DeSantis, do Partido Republicano, afirmou, em março, que pretendia pedir a impugnação do resultado da prova que coroou a atleta.

— Se você olhar para o que a NCAA fez ao permitir basicamente que os homens competissem no atletismo feminino, e neste caso a natação (...) Você tinha a mulher que terminou em primeiro, era de Sarasota (cidade da Flórida), Emma Weyent. Ela ganhou a medalha de prata, mesmo sendo uma superestrela em toda a sua carreira. Precisamos parar de permitir que se perpetuem fraudes para o público — disse o político.

Conheça a newsletter da EXAME Casual, uma seleção de conteúdos para você aproveitar seu tempo livre com qualidade.

Acompanhe tudo sobre:EsportesLGBTNataçãoTransgêneros

Mais de Casual

Dia de Feira: eventos de gastronomia movimentam BH, SP e RJ nos próximos meses

Qual é o café preferido dos brasileiros amantes da bebida? Pesquisa revela resposta

On, marca de tênis queridinha dos faria limers, lança collab com a espanhola Loewe

A brasileira que se tornou diretora na Disney e leva o Mickey para toda a América Latina