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França devolve ao Benin tesouro saqueado durante a colonização

Entre as obras restauradas nesta terça-feira, que foram expostas no museu parisiense Quai Branly, estão estátuas do antigo reino de Abomey e o trono do rei Béhanzin, saqueado em 1892 durante o roubo do palácio pelas tropas coloniais francesas

O presidente do Benin Patrice Talon e o presidente francês Emmanuel Macron. (AFP/AFP)

O presidente do Benin Patrice Talon e o presidente francês Emmanuel Macron. (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 9 de novembro de 2021 às 14h19.

Última atualização em 9 de novembro de 2021 às 16h10.

A França restituiu solenemente 26 obras de arte ao Benin nesta terça-feira (9), saqueadas do Palácio de Abomey no século 19 pelas tropas coloniais, em um "momento histórico de orgulho nacional" para as autoridades do país africano.

Em meio a aplausos, os ministros da Cultura da França, Roselyne Bachelot, e do Benin, Jean-Michel Abimbola, assinaram no Palácio do Eliseu, a sede da Presidência francesa, a escritura de transferência de propriedade desses bens que retornarão à ex-colônia na quarta-feira, após 130 anos de ausência.

"É um momento emocionante e histórico", felicitou o presidente francês, o liberal Emmanuel Macron, que havia prometido em 2017 fazer restituições ao patrimônio africano saqueado pela ex-potência colonial.

Seu homólogo beninense, Patrice Talon, expressou a "gratidão" do seu país, mas advertiu que "é apenas um passo", já que seu "entusiasmo" não pode ser "total" quando outras obras beninenses ainda estão na França.

"Além desta restituição, continuaremos com o trabalho", prometeu o presidente francês, que tomou a decisão de devolver o tesouro de Abomey após consultar um relatório encomendado a dois especialistas: Bénédicte Savoy e Felwine Sarr.

Entre as obras restauradas nesta terça-feira, que foram expostas no museu parisiense Quai Branly, estão estátuas do antigo reino de Abomey e o trono do rei Béhanzin, saqueado em 1892 durante o roubo do palácio pelas tropas coloniais francesas.

"Começo a tremer com a ideia de olhar mais de perto esses tesouros reais, especialmente os tronos de nossos ancestrais. É inimaginável", disse à AFP um dignitário de Dah Adohouannon em Cotonou, o centro econômico do Benin. "Já posso morrer em paz", acrescentou o dirigente de 72 anos.

No entanto, ele terá que esperar um pouco mais. As obras vão passar por dois meses de "aclimatação" às novas condições meteorológicas deste país da África Ocidental, antes de serem expostas durante três meses na sede da Presidência do Benim.

Em seguida, o tesouro será levado para o antigo forte português de Ouidah e para a casa do governador, locais que simbolizam a escravidão e a colonização europeia, situados no litoral, enquanto um novo museu é construído em Abomey.

De acordo com especialistas, entre 85% e 90% do patrimônio africano estaria fora do continente. Desde 2019, além do Benin, seis outros países - Senegal, Costa do Marfim, Etiópia, Chade, Mali e Madagascar - enviaram pedidos de restituição à França.

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