Clubes da Série A se organizam para tirar o Brasileirão das mãos da CBF
Criação da Liga depende, na prática, da aprovação das federações estaduais, que hoje concentram poderes dentro da CBF; clubes querem decidir mais sobre o campeonato para reverter passivo bilionário
GabrielJusto
Publicado em 15 de junho de 2021 às 16h32.
Última atualização em 15 de junho de 2021 às 16h44.
Dezenove dos 20 clubes que compõem a Série A do Campeonato Brasileiro concordaram em fundar uma Liga para organizar o torneio sem a gerência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que detém os direitos da competição, já a partir do ano que vem. O documento do acordo está sendo apresentado à CBF na tarde desta terça-feira, 15.
As conversar em torno da ideia de um Brasileirão organizado pelos próprios clubes não é de hoje, mas ganhou força após o afastamento de Rogério Caboclo da presidência da CBF por denúncias de assédio sexual e moral. Os clubes também pleiteiam uma maior participação nas decisões tomadas pela entidade.
Atualmente, o alto comando da CBF é dividido em duas assembleias gerais: a administrativa, da qual só participam as 27 federações estaduais (com voto peso 3), e a eleitoral, que reúne também os clubes (com votos peso 2 ou 1, a depender da série) e elege os presidentes e vices. Para sair do papel, a criação da liga deve ser aprovada pela Assembléia Administrativa — ou seja, pelo voto das próprias federações estaduais que hoje concentram o poder de decisão do futebol nacional.
Após a aprovação, a Liga também deverá ter seu estatuto submetido à CBF, além de respeitar o calendário anual do futebol brasileiro e se subordinar às decisões da Fifa, da Conmebol e da própria CBF.
Juntos, os 20 clubes da Série A de 2020, mais os quatro que subiram neste ano e o Cruzeiro têm um endividamento que ultrapassa os 10 bilhões de reais, enquanto as receitas não chegam à metade disso (cerca de 4,67 bilhões). Enquanto isso a CBF, criticada pelagestão arcaica que aniquila o desenvolvimento do futebol,tem quase R$ 800 milhões em caixa — advindos, principalmente, dos patrocínios mais graúdos que a entidade concentra.
Com mais gerência e poder de decisão sobre o Brasileirão, os times esperam ter mais margem de manobra para reverter esse cenário. O Sport Recife foi o único clube que não assinou o documento por estar sem nenhum presidente em exercício, mas também apoia a ideia.