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Aplicativos de namoro fazem companhia para usuários na pandemia

Os usuários de aplicativos de relacionamento buscam não mais um amor, mas companhias online para enfrentar a pandemia

(Thomas Trutschel/Getty Images)
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Julia Storch

Publicado em 12 de fevereiro de 2021 às 10h52.

"Os aplicativos são tudo o que nos resta": De Paris a Tóquio, milhões de pessoas frequentam apps de namoro. "Não necessariamente para paquerar", confidenciam à AFP vários usuários que sofrem principalmente de solidão, devido à crise de saúde.

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"A princípio você diz que a crise vai passar, que é uma questão de paciência. Mas quando o provisório se instala na sua vida, você tem que tentar outras coisas", explica Rodrigo, de 18 anos e estudante de Direito em Lisboa.

Com aulas online, saídas reduzidas ao mínimo e a impressão de "passar a vida com os pais", Rodrigo finalmente decidiu se inscrever em vários apps de namoro, que visita "todos os dias há meses".

Não é tanto uma paixão que ele busca, mas sim um intercâmbio com jovens de sua idade. "É tudo que nos resta", suspira este português, cujo país está confinado desde o final de janeiro.

Rodrigo tem agora quatro novos "amigos", com quem conversa todos os dias, como forma de "evacuar o estresse e a frustração" causados pela pandemia.

Mensagens e 'vídeo chat'

Os números falam por si: O grupo Match, dono de oito marcas como Tinder, Hinge e Meetic, somou mais de um milhão de assinaturas pagas no último trimestre de 2020, em relação ao período anterior (+12%), chegando a 11 milhões de usuários no mundo.

"Os aplicativos me impediram de afundar", diz Sébastien, um estudante francês de 19 anos. "Quando você para de ir à universidade e bares, restaurantes e cinemas fecham, você passa o dia sozinho, ruminando. É muito violento".

Sébastien estabeleceu laços, principalmente virtuais, com muitos jovens de sua idade, e "não necessariamente para paquerar", assegura.

As trocas ocorrem primeiro por mensagem antes de passar para o "vídeo chat", recurso que muitos aplicativos instalaram com a crise de saúde.

Ambroise, uma expatriada francesa de 32 anos em Tóquio, experimentou a mesma sensação de solidão. Embora o país asiático tenha evitado o confinamento, as restrições para impedir a circulação do vírus pesaram em sua vida social.

A tradutora, que compartilha no Twitter anedotas do que vê no Tinder - o aplicativo estrela com quase sete milhões de assinantes no mundo -, explica que o usa quando está "desanimada" para poder conversar com outros usuários.

"Bom momento"

"Com a redução drástica de nossas interações sociais devido à pandemia, milhões de pessoas sofrem de transtornos afetivos. Por isso, reagem tentando encontrar uma forma de amenizar e até exteriorizar" esses problemas, analisa Julien Bernard, sociólogo das emoções.

Ana*, de 31 anos, natural da cidade espanhola de Valladolid, a pandemia não a fez desistir de encontros românticos. Ela começou a utilizar o Tinder, um aplicativo que até agora usava apenas ocasionalmente. No final de 2020 "decidi usar por alguns dias e o abandonaria se não me sentisse confortável ou se não coincidisse com alguém que realmente me chamasse a atenção". Mas a jovem acabou por encontrar seu atual parceiro.

Em Londres, Martha, de 41 anos, usuária regular desses aplicativos, procura sua cara-metade. "Muitos de nós pensamos que agora tínhamos tempo para nos dedicar às nossas buscas amorosas e que talvez fosse o momento certo". Embora, por enquanto, a experiência não tenha dado resultados.

(* Nome alterado)

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