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A peculiar empresa de design por trás da extraordinária pira olímpica

A empresa japonesa tem o costume de reinventar quase todos os produtos existentes no mundo. Na Olimpíada, não poderia ser diferente

Cerimônia de Abertura: a tenista Naomi Osaka foi escolhida para acender a pira olímpica em Tóquio. (Ezra Shaw/Getty Images)

Mariana Martucci

Publicado em 27 de julho de 2021 às 16h04.

Um dos momentos mais emblemáticos dos Jogos Olímpicos é o momento que a pira olímpica é acesa durante a cerimômia de abertura. Além de drones, ícones que dançam e referências nacionais, o Japão contou com uma pira olímpica de tirar o fôlego. Subindo um lance de escadas, a tenista Naomi Osaka se aproximou de um "caldeirão" branco que abria em formato de flor, para então encostar a tocha olímpica em um centro espelhado, fazendo com que o hidrogênio da pira olímpica manivesse o fogo aceso.

Mas quem projetou o chamado " Caldeirão Olímpico "? O trabalho foi todo da empresa japonesa de design chamada Nendo, que tem o costume de reinventar quase todos os produtos existentes no mundo. Focada em design industrial, a Nendo cria desde móveis até projetos de design de interiores.

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Pira Olímpica dos Jogos de Tóquio 2020. (Takumi Ota/Nendo/Divulgação)

O estúdio, criado pelo designer japonês Oki Sato, de 43 anos, varia entre o luxo e a pura simplicidade. A empresa trabalha com inúmeras marcas e ganhou vários prêmios ao longo dos seus 17 anos de existência. Conhecida pelo seu minismalismo, a Nendo traz influências sutis da cultura japonesa e do estilo escandinavo. No site da empresa, é possível ver as mais inusitadas criações, como uma bola de futebol que não estoura, um relógio de pulso sem fivela, uma lanterna feita a partir de uma folha de papel ou até mesmo um garfo especial criado exclusivamente para comer Cup Noodle's.

E na Olimpíada não poderia ser diferente. Com o lema "Todos se reúnem sob o Sol, todos são iguais e todos recebem energia" e após 85 rascunhos diferentes, a Nendo trouxe uma pira olímpica inesquecível. Buscando uma semelhança com o Sol, foi projetada uma esfera de vidro resistente ao calor e que consiste em um hemisfério superior e um inferior, cada um com cinco painéis representando os anéis olímpicos.

No final da cerimônia de abertura, o caldeirão “florescia” para dar as boas-vindas ao portador final da tocha, que no caso trava-se de Osaka. Segundo a Nendo, a esfera expressa não apenas o próprio Sol, mas também a energia e a vitalidade que podem ser obtidas a partir dele, como plantas nascendo, flores desabrochando e mãos se abrindo para o céu.

Pira Olímpica dos Jogos de Tóquio 2020. (Hiroshi Iwasaki/Nendo/Divulgação)

Pira Olímpica dos Jogos de Tóquio 2020. (Hiroshi Iwasaki/Nendo/Divulgação)

Pira Olímpica dos Jogos de Tóquio 2020. (Hiroshi Iwasaki/Nendo/Divulgação)

As chamas são alimentadas com hidrogênio -- que a Nendo acredita ser a forma de energia da próxima geração -- produzido em uma instalação na Prefeitura de Fukushima, que está se recuperando de um grande terremoto ocorrido no leste do Japão em 2011.

A eletricidade necessária para a eletrólise da água no processo de produção de hidrogênio é fornecida pela geração de energia solar. O hidrogênio queima com uma chama incolor e transparente, e é invisível. Para servir de chama olímpica, era necessário ser colorido pela reação da chama, então foi usado carbonato de sódio para fornecer a cor “amarela”.

Pira Olímpica dos Jogos de Tóquio 2020. (Ikki Yamaguchi/Nendo/Divulgação)

O caldeirão pesa 2,7 toneladas e tem cerca de 3,5 metros de diâmetro O painel externo, que pesa aproximadamente 40 kg por folha, foi feito com o recorte de uma placa de alumínio de 10 mm de espessura. O molde foi feito através de uma prensa quente, capaz de aplicar uma pressão de 3500 toneladas nas placas, para então triturá-las. A última fase consistiu em ajustes, polimentos e aplicação de tintas resistentes ao calor, todas finalizadas pelas mãos de artesãos.

A unidade de acionamento interna deveria ser o mais compacta possível, mas altamente à prova d'água, à prova de fogo e resistente ao calor. Ao cobrir as máquinas com painéis espelhados, pretendia-se criar um reflexo difuso da iluminação da cerimônia e da luz do fogo. Os testes de resistência ao calor e ao vento foram repetidos e o aparelho foi ajustado para evitar qualquer vibração ou erro, mesmo em condições variáveis. Como resultado, foi realizado um movimento suave com fina precisão nos painéis que passam uns nos outros, operando a menos de 3 mm de distância. "O Caldeirão Olímpico, criado por meio dessa jornada, cristaliza a essência da manufatura japonesa", reforça a empresa.

https://www.youtube.com/watch?v=SaZazCIF2uk

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