Voz transmite liderança e até inteligência, diz estudo
Segundo pesquisa, 90% dos executivos sentem que a voz influencia a forma como enxergam outro profissional
Claudia Gasparini
Publicado em 10 de outubro de 2014 às 06h00.
São Paulo - Dependendo das características da sua voz, você pode ser percebido no seu ambiente de trabalho como mais ou menos sociável, inteligente, competente ou até pronto para ser chefe .
A conclusão é de uma nova pesquisa lançada pelo CPDEC (Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Educação Continuada), que ouviu 400 executivos de empresas brasileiras de grande porte.
O estudo mostrou que 90% dos profissionais reconhecem a influência positiva ou negativa da voz para a imagem que fazemos uns dos outros no ambiente corporativo.
Segundo Rosângela Curvo Leite, coordenadora da pesquisa, a voz é uma das principais ferramentas de comunicação, tanto na esfera profissional quanto na pessoal.
“Ela reflete o estado de espírito, o humor, as emoções e outros aspectos psicológicos”, afirma a fonoaudióloga.
Ingrediente importante na composição da sua imagem pessoal, o som da fala de um indivíduo pode influenciar os rumos da sua carreira, segundo os executivos ouvidos pelo CPDEC.
Para eles, as principais funções desse elemento são incrementar o marketing pessoal (82,6%), prender a atenção do interlocutor (81,9%), facilitar as relações interpessoais (64,6%), ajudar em uma entrevista de emprego (63,9%) e transmitir competência profissional (52,6%).
Interpretações
A influência desse elemento para a imagem pessoal não é ignorado pelos executivos ouvidos na pesquisa: para 58,7% dos entrevistados, as características vocais de um profissional refletem sua personalidade.
Outros traços pessoais que os entrevistados pelo estudo também costumam inferir pela voz são passividade (79,9%), liderança (77,5%), sociabilidade (57,9%), competência profissional (52,6%) e até inteligência (20,5%).
Rosângela explica que as impressões que cada tipo de voz pode causar são inteiramente subjetivas, ligadas a referências individuais que colecionamos ao longo da vida. “Vozes vibrantes, por exemplo, são comumente associadas à capacidade de persuasão do indivíduo; as graves são relacionadas ao autoritarismo; as agudas, à fragilidade”, ilustra Rosângela.
Estados de ânimo também não passam despercebidos pelos ouvidos: a voz entrega se estamos nervosos (97,8%), cansados (92,6%) ou bem-humorados (92,6%).
Ouvidos irritados
É comum, porém, que algumas características vocais do outro - como timbre, modulação ou intensidade - não agradem. A voz que mais causa incômodo é a estridente, citada por mais de 74% dos entrevistados. Veja a tabela a seguir com os tipos que causam mais irritação:
Tipo de voz | % que o considera muito incômodo |
---|---|
Estridente | 74,40% |
Aguda (fina) | 45,70% |
Forte | 36,70% |
Instável | 34,50% |
Hipernasal | 32,70% |
Fraca | 31,10% |
Rouca | 14,30% |
Grave (grossa) | 6,10% |
O estudo ainda revelou que a maioria dos executivos entrevistados, ou 66,5% deles, não está totalmente satisfeita com a sua voz. Para 54,7%, suas características vocais chegam a atrapalhar o entendimento de sua fala.
Existe saída? Segundo a fonoaudióloga que coordenou a pesquisa, algumas características vocais são determinadas pela genética e não podem ser mudadas de forma permanente. Mesmo assim, algumas providências podem ser tomadas para garantir uma melhor produção vocal.
“Existem técnicas que trabalham respiração, postura e intensidade, por exemplo, que podem contribuir para diminuir a aspereza, a rouquidão e o tremor da voz”, afirma ela. Um hábito simples que também ajuda, segundo Rosângela, é beber água várias vezes ao dia para garantir a hidratação das pregas vocais.
Pensando nisso, os sócios da SOAP, consultoria especializada no assunto, compartilharam com EXAME.com algumas das regras básicas para usar a linguagem corporal do jeito certo durante as apresentações. Confira:
Em uma apresentação, a plateia é a protagonista – não você, seus slides ou lousa. Por isso, seu foco deve estar em quem está do lado de lá do palco ou da mesa.
Na prática, isso significa que seus olhos devem estar fitos neles – e não na sua apresentação de slides ou outro recurso.
“Você não pode interromper por muito tempo a conexão com a audiência”, afirma Rogério Chequer, sócio da SOAP. “Sem conexão, não há empatia. Sem empatia, não há credibilidade”.
Apesar da multidão de notas na partitura, é o maestro quem determina em que ponto de toda harmonia cada músico deve se focar. Faça o mesmo.
Assuma a postura de maestro da atenção da plateia. Segundo os especialistas, este processo começa antes de sua chegada ao palco – para ser mais preciso, no momento em que você confecciona os slides que irão auxiliá-lo durante a apresentação.
“O conteúdo mais importante não é o que está no slide, mas sim o que você está falando. Então, mostre apenas imagens sobre o que você diz”, afirma Eduardo Adas, sócio da SOAP. “Se você mostrar tudo de uma vez, a audiência não vai saber para onde olhar”.
Braços cruzados, mão na cintura ou nos bolsos, pernas muito abertas e por aí vai. Posturas assim passam “mensagens subliminares para a audiência na direção de desleixo, falta de disciplina, organização ou profissionalismo”, afirma Chequer.
A melhor estratégia para evitar isso é apostar em posturas e gestos neutros. “O que você busca em termos gestuais deve sempre visar à neutralidade e à complementariedade”, afirma Adas.
Ou seja, a maneira como você usa as mãos ou desloca o seu corpo não pode interferir na história que está contando – antes, deve reforçá-la.
Manter as mãos ao lado do corpo, por exemplo, cumpre essa função. Fazer gestos abertos, por sua vez, mostra ausência de proteção e confiança. “A conexão com a audiência é mais forte se seu gesto é natural”, diz Chequer.
“Muita gente odeia que aponte o dedo para elas. Ao fazer isso, você quebra a empatia”, diz Chequer.
Quando o grupo é pequeno, contudo, muitas vezes não faz sentido ficar em pé. Aí, a dica é aguçar os sentidos para perceber qual postura é mais adequada para cada reunião.