Viés inconsciente é "dor de cabeça" da qual as empresas querem se livrar
Departamentos de Recursos Humanos mostram interesse em mudar processos seletivos, mas têm desafio de “espalhar” nova cultura nas empresas
Victor Sena
Publicado em 15 de janeiro de 2021 às 15h41.
Última atualização em 18 de janeiro de 2021 às 13h30.
Na hora de fazer uma seleção, recrutadores e líderes podem até se esforçar para serem imparciais e focar em habilidades, sejam técnicas ou comportamentais, mas abrir mão dos vieses que levam à preferência de determinados perfis de candidatos é difícil. Justamente porque eles são inconscientes.
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Uma pesquisa feita pela Kenoby, empresa de softwares para recrutamento e seleção, mostra que reduzir esse comportamento impregnado nos processos seletivos é uma prioridade para 73,9% dos executivos.
Os profissionais que participaram da pesquisa também afirmam que essa já é uma preocupação de suas empresas e está na lista de avanços que os setores de Recursos Humanos deverão ter no ano de 2021.
O viés inconsciente pode envolver preconceitos relacionados à aparência física, racismo e preferências por determinadas personalidades. Além disso, o favoritismo a determinadas universidades e escolas também entra na lista.
“A gente percebe que as áreas de Recursos Humanos estão conscientes, sabem dos prejuízos do viés inconsciente, mas têm o desafio de levar isso para toda a empresa e educar a alta liderança de que isso é indicador que deve ser acompanhando”, explica Felipe Sobral, diretor de marketing da Kenoby.
Na visão de Sobral, essa mudança cultural passa por “explicar” à liderança que as indicações de nomes - ou de um perfil ideal para a vaga - pode até garantir uma contratação mais rápida, mas reforça vieses e isso impede a diversidade.
No caso do racismo estrutural, uma das ferramentas apontadas como promissoras é a contratação às cegas. Apesar de ser uma ferramenta que pode ajudar a melhorar a representavidade de negros em empresas, ela é vista como insuficiente para garantir igualdade racial. No Brasil, pretos e pardos estão em apenas 29,9% das funções de gerência.
Outra ferramenta que ajuda a reduzir vieses é a seleção por afinidade cultural, em que o mais importante é a sintonia entre a cultura de trabalho da empresa e do candidato.
Tanto ferramentas de seleção às cegas, apesar de serem apontadas como controversas, quanto softwares de recrutamento que favorecem o “match” cultural são mudanças possíveis graças à tecnologia, que é uma nova fronteira para os departamentos de Recursos Humanos.
A pesquisa feita pela Kenoby também mostra que quase metade das empresas (45,8%) pretendem investir em tecnologia para a gestão de pessoas e já tem um planejamento para isso em 2021.