Vai pedir um aumento? Antes do almoço é a melhor hora
Pesquisadores descobriram que a fome leva as pessoas a se sentirem mais empoderadas, pois acabam pensando em si mesmas e se concentram em suas necessidades
Da Redação
Publicado em 24 de julho de 2014 às 16h03.
São Paulo - Se você está planejando pedir um aumento para seu chefe , é melhor considerar pular o café da manhã e chamá-lo para uma reunião antes do almoço. Parece estranho, mas é o que sugere uma pesquisa realizada pela Academy of Management.
No estudo chamado “I need food and I deserve a raise” (Preciso de comida e mereço um aumento), os pesquisadores descobriram que a fome leva as pessoas a se sentirem mais empoderadas, pois acabam pensando em si mesmas e se concentram em suas necessidades, levando-as a sentir e agir como se tivessem mais direito sobre algo.
Em contrapartida, o estudo observa que esse empoderamento pode causar grandes problemas no ambiente de trabalho , de maneira que os chefes queiram fornecer mais comida no escritório ou até mesmo convocar reuniões para depois do almoço, para evitar possíveis questionamentos nas decisões.
Os pesquisadores partiram do princípio de que as companhias que oferecem alimentos no ambiente de trabalho – como o Google – são conhecidas por terem funcionários mais passivos, satisfeitos e agradecidos.
O estudo define esse “empoderamento” psicológico como uma sensação na qual o indivíduo pensa merecer mais resultados positivos do que outras pessoas.
Enquanto a pesquisa se concentrava em causas sociais e cognitivas desse sentimento de direito – como o fato de um indivíduo se sentir injustiçado em um determinado evento – os autores também descobriram que a fome também fazia com que as pessoas focassem em suas necessidades acima dos outros.
Sobre a pesquisa
Para chegar a esses resultados, o estudo se baseou em dois experimentos. No primeiro, 103 estudantes de graduação foram entrevistados assim que eles entraram ou saíram do refeitório na hora do almoço, permitindo que os pesquisadores comparassem o comportamento dos que já tinham almoçado e dos que ainda não tinham comido.
No questionário, os entrevistados deviam indicar se eles já tinham se alimentado ou não e avaliar o nível de fome que estavam, de 1 (com pouca fome) a 7 (faminto).
Em seguida, eles preencheram outro questionário com uma avaliação psicológica, também em uma escala de 1 a 7 – em que 1 representa “discordo plenamente” e 7 significa “concordo totalmente” – no qual continham perguntas como “Se eu fosse o Titanic, eu mereço estar no primeiro bote salva-vidas” ou “Eu exijo o melhor, porque eu mereço”.
Como resultado, quase metade dos participantes que não haviam comido provaram ter muito mais fome do que aqueles que haviam almoçado, e aqueles que não comeram tiveram um senso de empoderamento maior.
Além disso, 78% dos que tinham almoçado tiveram o cuidado de preencher o formulário extra, contra 60% dos que ainda não tinham comido e preferiram não colaborar.
Já a segunda parte do estudo se baseou num experimento realizado com 166 estudantes, que foram orientados a realizar uma série de tarefas (incluindo preenchimento de questionários) em um ambiente que tinha e outro que não tinha cheiro de pizza.
Na primeira condição, os indivíduos ficaram sentados em uma sala na qual havia uma pizza congelada sendo assada em uma torradeira.
No meio da experiência alguém entra no laboratório, retira a pizza recém-cozida, e sai da sala. Na segunda condição, não havia nada a mais na sala e a única interrupção veio de um indivíduo que entrou para pegar um lápis.
Depois da experiência, os pesquisadores observaram que os níveis da fome oscilam durante o dia, e que esse nível de empoderamento das pessoas também oscila com ela, levando-os a concluir que a fome influencia mais essa sensação do que o simples fato de uma pessoa sentir que foi tratada de maneira injusta.
Para os pesquisadores, entender a relação entre a fome e esse empoderamento é importante, pois ajudar o indivíduo a identificar o motivo desse sentimento para encontrar uma forma de modificá-lo, em busca de resultados positivos no ambiente de trabalho, na escola ou em casa.