Semana de 4 dias: 80% dos brasileiros gostariam de ter jornada de trabalho reduzida
A maioria dos brasileiros que participou da pesquisa acredita que o trabalho seria mais produtivo com o modelo
Agência de notícias
Publicado em 21 de outubro de 2023 às 18h53.
Última atualização em 21 de outubro de 2023 às 18h56.
Oito em cada dez profissionais brasileiros gostariam de adotar a semana de trabalho de quatro dias.A maioria, cerca de 76%, acredita que seria mais produtiva com o modelo. Os dados fazem parte de uma pesquisa da WeWork e da Page Outsourcing feita com 10 mil profissionais de cinco países da América Latina, incluindo o Brasil.
Empresas estão preparadas?
Quando questionados sobre as preocupações quanto à semana mais curta, um em cada cinco entrevistados diz que o país não está preparado para essa mudança.Temores como a distribuição da carga de trabalho ao longo da semana e a adoção do modelo por equipes que dependem do trabalho presencialtambém foram citados.
O estudo mostra que83% dos brasileiros ouvidos têm interesse na redução da jornada, enquanto17% se dizem contráriosao formato de trabalho, que pressupõe um dia a menos de expediente na semana ou carga horária reduzida ao longo dos dias.
"As pessoas estão buscando trabalhos que sejam mais flexíveis, modelos híbridos, um novo formato para a gente trabalhar. Essa percepção é importante para que as lideranças também possam fazer mudanças nas suas atividades, na forma de agir e até na cultura da empresa", diz Renata Rivetti, diretora de Reconnect | Happiness at Work, que colaborou com a produção da pesquisa.
O tema ganhou mais holofotes depois da pandemia. Em alguns países, como Reino Unido, Portugal e Estados Unidos, dezenas de empresas participaram de um experimento para medir os efeitos da mudança. No Brasil, o teste conduzido pela organização 4 Day Week começou em agosto deste ano. A jornada menor começa a ser aplicada entre o fim deste ano e o início de 2024.
Pela primeira vez, o levantamento também ouviu profissionais sobre outra tendência crescente no mercado de trabalho:o uso de ferramentas de inteligência artificial, que está presente no dia a dia de 41% dos entrevistados. A Geração Z lidera a adoção dessas ferramentas. Entre as principais aplicações, estão a redação e revisão de textos; redação de e-mails; criação de conteúdos; e geração de leads.
Flexibilidade ganha mais relevância
O estudo da WeWork e da Page Outsourcing, que teve apoio também da plataforma Exboss, indica que a flexibilidade é um valor que ganhou importância para os trabalhadores desde o fim do pandemia de Covid-19.Nas pesquisas de 2022 e 2023, o fator aparece como segundo entre os mais relevantes para os trabalhadores. O salário continua em primeiro lugar.
"Em três anos, o salário nunca deixou de ocupar o primeiro lugar na pesquisa. Mas coisas como metas desafiadoras e plano de carreira, que apareciam sempre na pesquisa, não aparecem mais. O topo agora tem flexibilidade e formato do trabalho como decisivos", conta Bruna Neves, diretora-geral da WeWork Brasil.
O estudo indica que64% dos profissionais adotam o modelo híbrido, enquanto18% trabalham presencialmentee outros18%, de forma remota. Nas entrevistas qualitativas, ao serem indagados sobre os benefícios que consideram inegociáveis,46% destacaram a flexibilidade no modelo de trabalho.
O estudo também aponta que mais da metade (55%) dos profissionais diz ter algum descontentamento em seus atuais empregos. Entre os três principais motivos estão a falta de flexibilidade (25%); o salário (14%); e a falta de processos (11%). A pesquisa fala de uma "epidemia de insatisfação".