Saúde mental: RH se preocupa, mas investimento não chega
Na pequisa da Kenoby, 67% dos RHs disseram que a empresa já teve afastamento de funcionários por problemas emocionais
Luísa Granato
Publicado em 5 de maio de 2021 às 14h04.
Última atualização em 6 de maio de 2021 às 10h18.
Para 93% dos RHs, empresas ainda ignoram questão da saúde mental . Esse é um dos dados da pesquisa da Kenoby, startup de tecnologia para recursos humanos, sobre os impactos da saúde mental no trabalho.
O questionário feito com 488 profissionais de recursos humanos de todo o Brasil, em sua maior parte de empresas com até 500 funcionários, mostrou que o problema está presente entre as preocupações e prioridades do RH. Mas ainda é difícil ter um plano de ação concreto - e o investimento - para solucionar o problema.
Entre os entrevistados, 53,4% não sabiam dizer se a empresa pretende investir em saúde mental. Outros 35% responderam que o investimento virá em menos de um ano.
“Ficou bem claro na pesquisa, o RH está consciente do problema que a gente tem, mas a empresa ainda não está preparada para investir no assunto. Vemos que muitos apontam o problema, mas falta investimento. Voltamos ao ponto de que as questões de RH precisam ser mais estratégicas”, comenta Felipe Sobral, diretor de Marketing da Kenoby.
De acordo com 71% dos entrevistados, ainda não existe uma área ou pessoa dedicada para tratar sobre o tema. Mas quase 60% disseram que está nos planos da empresa contratar um profissional ou criar um departamento dedicado a saúde mental dos colaboradores.
A criação de uma diretoria dedicada na Ambev foi destaque no ano passado. Mariana Holanda, a primeira diretora de Saúde Mental da Ambev desde junho, falou a EXAME sobre como o sonho grande da cervejaria está mudando e passa pela criação de um ambiente mais tolerante ao erro e seguro psicologicamente.
E são diversos motivos que impulsionam o tema dentro das empresas. A segurança psicológica foi apontada por uma pesquisa do Google como o fator número um para garantir a alta performance de equipe, além de propiciar um ambiente mais criativo e inovador.
Depois, os cuidados com o bem-estar diminuem a rotatividade de talentos e o absenteísmo, fatores que diminuem a produtividade individual e coletiva. De acordo com a pesquisadora Sara Evans-Lacko, da London School of Economics, o Brasil perde 78 bilhões de dólares com a queda de produtividade causada pela depressão.
O impacto também foi relatado pelos RHs na pesquisa da Kenoby: 36,6% acreditam que a produtividade individual e do time como um todo é prejudicada; 23% apontaram a falta de engajamento em ações internas; 19,6% mencionaram o aumento de turnover; e 16% ainda disseram que a imagem de marca empregadora da empresa é prejudicada.
E 67% disseram na pesquisa que a empresa já teve afastamentos de funcionários por questões emocionais.
Embora o isolamento social e a pandemia pesem na saúde dos profissionais, os motivos para problemas mentais no trabalho não veem diretamente dos fatores externos. Entre os motivos observados na pesquisa pelos RHs, os relacionamentos profissionais foram o tema comum.