Bandeira dos Estados Unidos: primeira providência para quem quer emigrar é conseguir uma oferta de emprego no país (Thinkstock/Jupiterimages)
Claudia Gasparini
Publicado em 9 de agosto de 2016 às 15h00.
São Paulo — Abertos historicamente à entrada de estrangeiros, os Estados Unidos são o país que mais recebe imigrantes no planeta.
A preferência global não é infundada: em 2016, o país foi considerado o 3º melhor destino para profissionais de outras nacionalidades, com base em critérios como grau de desenvolvimento e qualidade de vida. Isso para não falar na verdadeira explosão de vagas de emprego registrada em algumas cidades americanas no ano passado.
A vontade de ingressar nesse mercado de trabalho promissor — e ganhar em dólar — é compartilhada por muitos profissionais brasileiros. Porém, é necessário percorrer uma longa trajetória até conseguir a permissão para trabalhar em solo ianque. Por onde começar essa viagem?
Em parceria com a Amcham (Câmara Americana de Comércio) do Brasil, a consultoria Drummond Advisors, especializada na assessoria jurídica, tributária e contábil de empresas americanas e brasileiras, elaborou um guia sobre as regras americanas para a imigração.
Veja a seguir um passo-a-passo baseado no material, que pode ser acessado na íntegra no site da Drummond, na aba "Guias":
“Ninguém acorda num belo dia e decide que vai trabalhar nos Estados Unidos”, diz Pedro Drummond, sócio da Drummond Advisors. Na esmagadora maioria dos casos, você só poderá fazer as malas se receber uma proposta de trabalho numa organização americana, como uma empresa ou universidade.
Há raras exceções a essa regra. Uma delas é o EB-1, tipo específico de green card que pode ser solicitado por pessoas com “habilidade extraordinária” nos campos da ciência, das artes ou dos negócios, entre outras destinações.
Para solicitá-lo em função de uma competência excepcional, não é preciso apresentar uma oferta prévia de trabalho: basta ter provas da sua excelência, tais como diplomas, cartas de recomendação, prêmios e publicações acadêmicas. Esses documentos serão avaliados e julgados pelo USCIS (US Citizenship and Immigration Services), um dos diversos órgãos governamentais dos Estados Unidos que cuidam de questões ligadas à imigração.
Se você é como a maioria das pessoas, só vai conseguir entrar para trabalhar legalmente no país se tiver uma ligação prévia com uma instituição americana. Se já conseguiu esse vínculo, o próximo passo é verificar qual é o tipo de documento mais indicado para o seu caso.
Para começar, diz Drummond, é preciso diferenciar os conceitos de visto e green card. O visto permite a entrada em solo americano, mas normalmente é válido por um determinado período e só para as atividades especificamente definidas no documento. Já o green card concede o direito de viver nos Estados Unidos para sempre e trabalhar em qualquer função, exceto aquelas que exigem cidadania americana.
Via de regra, a escolha do melhor documento será feita pelo candidato em parceria com a instituição americana que o receberá, com o possível acompanhamento de um advogado ou consultoria especializada.
Prepare-se: há uma miríade de possibilidades. Na categoria de vistos, por exemplo, existe o H-1B, destinado a profissionais técnicos com curso superior; o H-1C, voltado para enfermeiros; e o H-3, específico para trainees. Os vistos da categoria F são os mais adequados para estudantes acadêmicos e seus dependentes, ao passo que a categoria L se destina à transferência de executivos com conhecimento especializado do seu país de origem a uma empresa dos Estados Unidos. O guia feito pela Amcham e pela Drummond apresenta todas as espécies de vistos e green cards, em detalhes.
A solicitação oficial do seu documento ao órgão de imigração competente cabe à instituição americana em que você vai trabalhar. Mas é importante que você compreenda e acompanhe o processo do início ao fim.
O USCIS (US Citizenship and Immigration Services) é a agência responsável pela análise prévia de alguns pedidos de visto, como o L-1, enquanto outros podem ser pedidos diretamente aos consulados, como o B-1. O DOL (US Department of Labor) precisa ser ouvido previamente em alguns casos de visto ou green card.
Cada tipo de permissão tem um prazo específico para ser solicitado. O H-1B, por exemplo, precisa ser pedido no mês de abril. Conhecer o calendário oficial para as petições é importante para determinar qual é o melhor documento para você, sobretudo se você não puder esperar muito tempo para concluir o processo.
Feita e aprovada a petição, o próximo passo é agendar uma entrevista em um Centro de Atendimento ao Solicitante de Visto (CASV) e na embaixada ou consulado mais próximo. As perguntas feitas pelo oficial dependem muito do tipo de documento que você está solicitando.
Por exemplo: se você pediu o visto B-1, voltado para atividades temporárias relacionadas à sua profissão no país de origem, as questões provavelmente terão como foco o seu vínculo com o Brasil. Para H-1B, o objetivo da entrevista será apenas checar e validar o que já foi apurado nos documentos. Já no caso de L1, o encontro também servirá para medir o nível de inglês do candidato.
É obrigatório ir para a entrevista munido de todos os documentos necessários para comprovar os requisitos básicos do visto pedido. Para chegar bem preparado à conversa, diz Drummond, a dica principal é dominar a linha de argumento da sua petição.
Uma vez estabelecido nos Estados Unidos, você pode pedir a alteração do seu tipo de documento: são os casos conhecidos como “mudança de status”. Se você entrou como estudante (F-1), por exemplo, pode pedir a alteração para H-1B, o que lhe permitirá trabalhar. Esse pedido deve ser feito ao USCIS. Se você está fora dos Estados Unidos, a solicitação deverá ser feita pelo chamado “processo consular”, em que o USCIS aprova o pedido e o candidato vai ao consulado solicitar o visto para a primeira entrada nos Estados Unidos sob a nova categoria.
Também vale verificar se você não se tornou um residente fiscal americano, obrigado a declarar imposto de renda e pagar tributos para os Estados Unidos. Quem tem green card automaticamente se enquadra nessa categoria.
Você também será residente fiscal se estiver presente nos Estados Unidos por pelo menos 31 dias do ano corrente e 183 dias durante os últimos três anos, entrando para esse cálculo: todos os dias em que você esteve presente no ano corrente; um terço dos dias em que você esteve presente no ano imediatamente anterior e um sexto dos dias em que você esteve presente no segundo ano anterior. Em tempo: alguns vistos, como o F-1, isentam o estrangeiro dessa contagem.
Quer saber mais sobre o assunto? Veja também:
5 segredos para ter uma carreira de sucesso nos EUA
20 carreiras que pagam bem (e só exigem graduação) nos EUA