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Por que estes serão os advogados mais disputados pelo mercado de trabalho

Não faltará trabalho para advogados nestas áreas em 2019 e recrutadores já sentem o aumento da demanda. Confira o levantamento exclusivo

Justiça: confira as áreas mais quentes para advogados neste ano (djedzura/Thinkstock)

Camila Pati

Publicado em 12 de fevereiro de 2019 às 05h00.

Última atualização em 20 de janeiro de 2020 às 11h57.

São Paulo - O mercado de trabalho jurídico presencia uma reviravolta em 2019 e áreas pouco demandadas no ano passado surgem no horizonte de carreiras mais promissoras do ano.

Desde a confirmação do cenário político, uma onda de otimismo estimula a volta de investimentos e o recrutamento de profissionais do Direito é um dos primeiros a se agitar. “Isso acontece porque o mercado jurídico é peça chave dessa mudança”, diz Camila Dable, sócia da Salomon Azzi, consultoria de recrutamento e seleção na área jurídica.

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Expoentes dessa mudança de perfil mais disputado em escritórios e empresas são os advogados que atuam na área imobiliária sobretudo aqueles ligados a operações no mercado de capitais. Segundo os profissionais consultados por EXAME, esses mercados, entre os mais afetados pela recessão, deverão ter um ano melhor.

“A definição e melhora de diversos cenários da política e economia cria condições para a retomada da atividade. A conjunção de interesses entre quem deseja investir e quem precisa dos recursos para desenvolver seus negócios está sendo muito bem vista, a expectativa é que teremos um bom ano para o mercado de capitais”, diz Ricardo Corradini, sócio do escritório Ratto, Corradini e Caramuru Advogados, que atua nessa área.

Investimentos e novos negócios começam a aparecer, mas há muito espaço, segundo ele. “Muitas empresas ainda estão com capacidade ociosa, pois tiveram que reduzir suas operações. Quando essa capacidade ociosa for consumida o mercado vai demandar ‘dinheiro novo’ para continuar crescendo, e é aí que o mercado de capitais volta com mais força”, diz Corradini.

Profissionais de compliance e os especialistas em direito tributário também aparecem nas apostas das consultorias de recrutamento Robert Half e Michael Page, que também participaram do levantamento.  Confira os 10 advogados mais buscados pelo mercado de trabalho em 2019:

Advogado especialista em mercado de capitais com foco em IPO

O que faz: acompanha e dá suporte a todo o processo de IPO (Initial Public Offering, oferta pública inicial).

Perfil: “embora existam algumas pós-graduações voltadas para a área de mercado de capitais, ter a experiência é o que pesa mais”, diz Camila Dable, sócia da Salomon Azzi. O inglês fluente é importante porque é decisivo em processos seletivos de grandes escritórios.

Por que está em alta: muitas empresas que estavam com IPOs engavetados devem abrir o capital neste ano. Setor público também se destaca, com IPOS vinculados a empresas da união. “É uma tendência desse novo governo”, diz Camila.

Advogado da área de mercado de capitais voltado para fundos de investimento com foco no setor imobiliário

O que faz: viabiliza a captação de recursos fazendo negociações e elaborando os diversos documentos necessários à formalização da constituição da estrutura de captação. É ele quem segurança jurídica do investimento, fazendo também a negociação e formalização dos documentos para o investimento e de regularização dos imóveis.

Perfil: sólidos conhecimentos de direito imobiliário, de estruturação das operações de mercado e de regulamentação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). “O profissional que se destaca nessa área é aquele que cria soluções para os entraves que aparecem no meio do caminho, mantendo sempre a segurança nas estruturas existentes. Colocando numa balança, acredito que a experiência profissional conta mais que a experiência acadêmica”, diz Corradini.

Por que está em alta: “O mercado de fundos imobiliários já vem recebendo aportes de investidores que buscam alternativas mais rentáveis do que os juros de mercado”, diz o sócio do escritório Ratto, Corradini e Caramuru Advogados.

Advogado especialista em direito público

O que faz: atendem clientes que buscam negócio na área pública, em privatizações, concessões, ou que integram parcerias público-privadas.

Perfil: “é um profissional que precisa ter uma bagagem acadêmica mais robusta, com pós, metrado, doutorado em áreas como direito constitucional, direito administrativo”, diz Camila. Conhecimento tanto na área pública como na privada.

Por que está em alta: privatizações e concessões previstas pelo novo governo explicam o aumento na procura por esses profissionais, na análise da consultoria Salomon Azzi.

Advogado especialista em direito regulatório

O que faz: presta serviços para empresas de setores regulados. A área de proteção de dados é destaque, segundo Camila, da Salomon Azzi.

Perfil: profissionais que já trabalharam em agências regulatórias se destacam, assim como aqueles que já tem experiência de prestação de serviços em setores regulados.

Por que está em alta: a área de proteção de dados, em razão de novas tecnologias, ainda não é coberta por legislação específica e a demanda por quem tenha conhecimentos é maior. “É uma área regulada apenas por algumas portarias”, diz Camila.

Gerente jurídico (GJ) em empresas

O que faz: é um profissional que atua de forma generalista, responde por todo tipo de demanda jurídica da companhia. Eles resolvem desde dúvidas rotineiras inerentes ao negócio até assuntos mais estratégicos, suporte para o Global e ou acionistas. “O GJ está cada vez mais atuante nas empresas e faz parte da tomada de decisão de diversas empresas”, diz Maria Eduarda Silveira, gerente de recrutamento da Robert Half.

Perfil: visão do negócio, perfil comercial, senso de dono, conhecimentos em tecnologia, inovação.

Por que está em alta: departamentos jurídicos voltam a demandar profissionais mais experientes e estratégicos. “O objetivo é contar com pessoas que trabalhem em prol do negócio e que tenham uma visão do todo para acompanhar o ritmo de retomada das companhias”, diz Maria Eduarda.

Advogado de Contencioso Cível

O que faz: cuida de toda a esfera judiciária ou arbitral. É responsável pelas defesas judiciais nos tribunais, sobre os mais diversos assuntos.

Perfil: dinâmico, resiliente e que pense de forma estratégica. Capacidade de gestão também é uma característica valorizada. Atua em geral escritórios de advocacia, mas também pode trabalhar em empresas.

Por que está em alta: sempre tem demanda, segundo a Robert Half e a Michael Page. Na crise, os litígios aumentam e na retomada também. Os advogados de contencioso especializado devem ser ainda mais necessários em um cenário de recuperação devido a sua capacidade estratégica, segundo a análise de consultoria Michael Page.

Advogado da área de direito societário/contratos/fusões e aquisições (em escritórios e empresas)

O que faz: lida com assuntos relacionados ao mundo corporativo. Ele reúne as regras sobre a constituição e a dissolução das sociedades. As fusões e aquisições são operações empresariais que lidam com a compra ou junção de empresas.

Perfil: Visão apurada de negócios, mercado e economia, habilidade forte em negociação, resiliente e persistente.

Por que está em alta: Com os sinais de uma retomada do mercado, voltam a se destacar atividades mais focadas no negócio, como societário, contratos e fusões e aquisições, de acordo com a análise da Robert Half.

Sócios gestores em escritórios

O que faz: gestão completa da equipe e do escritório. “É o profissional que deve estar completo no que chamamos de tripé: musculatura técnica, gestão da equipe e habilidade comercial de prospectar e gerar novos negócios”, diz Maria Eduarda, da Robert Half.

Perfil: perfil comercial forte, habilidade gestão, visão de negócios.

Por que está em alta: os escritórios estão atrás de geração de negócios. Esse perfil tem um maior potencial de crescimento e ajuda os escritórios a crescer e se consolidar cada vez mais.

Advogado Tributário (escritórios e empresas)

O que faz: dá suporte técnico jurídico na área tributária, analisando impacto nos negócios e propondo soluções práticas.

Perfil: técnico com capacidade analítica.

Por que está em alta “o sistema tributário do país está ficando cada vez mais complexo, exigindo conhecimento profundo e profissionais extremamente qualificados para gerar o resultado esperado para os clientes”, diz Maria Eduarda, gerente de recrutamento da Robert Half.

Advogado de compliance

O que faz: institui normas de governança, define limites lícitos para conduta de profissionais e para procedimentos da empresa, aplica normas instituídas por matriz estrangeira (podendo ou não fazer adequações locais), fiscaliza operações políticas, fiscais ou morais de assuntos relacionados à empresa, além de dar cursos e treinamentos para ensinar e disseminar o tema internamente.

Perfil: sênior, atua tanto em empresas como em escritórios de advocacia.

Por que está em alta em razão das investigações políticas e fiscais ocorridas nos últimos anos no Brasil, as empresas se adequaram ao cenário de governança mais rígida.

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