A economia floresce no Nordeste, e os empregos também
A região é a que mais cresce economicamente no país, e o melhor exemplo de seu dinamismo é a área metropolitana de Recife, que respira novos investimentos e inicia a disputa por profissionais qualificados
Da Redação
Publicado em 21 de março de 2013 às 13h21.
São Paulo - Há pouco mais de um ano a Accenture, empresa global de consultoria, tecnologia e outsourcing, abria seu primeiro escritório no Nordeste para prestar serviços na área de tecnologia, mas não para o mercado local e, sim, para outros centros da própria empresa espalhados pelo mundo.
O lugar escolhido foi o Porto Digital, um arranjo produtivo de tecnologia da informaçã o e comunicação, que abriga atualmente 182 empresas com foco em desenvolvimento de softwares e áreas afins e está situado no centro antigo do Recife, capital pernambucana.
Uma vez presente fisicamente na cidade, não dava para ignorar as oportunidades de negócios que a economia regional oferecia. O resultado foi a ampliação da oferta de serviços a outras cidades situadas no Nordeste. Na Accenture, a unidade de Recife está entre as três com maior atividade no momento, ao lado de Belo Horizonte e Porto Alegre. "Estamos supersatisfeitos com os resultados", diz Roger Ingold, presidente da Accenture.
O escritório da capital pernambucana já tem cerca de 200 profissionais e a estimativa é terminar o ano com pelo menos mais 150 pessoas contratadas. Ao todo, a Accenture pretende criar 1.700 vagas nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste nos próximos 12 meses. Os profissionais que procura são engenheiros, administradores e cientistas da computação.
Eles deverão atender a uma demanda crescente nas áreas de infraestrutura, agronegócios, saúde, setor público, energia e telecomunicações, que são as apostas da Accenture para a economia brasileira e para impulsionar o crescimento da consultoria no país, que em 2011 foi de 25% em relação ao ano anterior.
Em Recife, que representará 10% das contratações de pessoal no país, a estratégia é atrair gente que queira investir em uma carreira dentro da empresa. "Não estamos contratando para projetos isolados, queremos gente para crescer aqui dentro", diz Roger. Essa preocupação faz sentido porque, em um mercado que começa a se aquecer, como o nordestino, as ofertas de trabalho aumentam e a competitividade pela mão de obra qualificada se acirra.
Assim como a Accenture, muitas organizações estão mirando o Nordeste. Na pesquisa da VOCÊ S/A, 77 empresas afirmaram que vão abrir 35.120 vagas na região este ano. Um número proporcionalmente maior ao da pesquisa do ano passado, quando 95 companhias planejavam contratar 32.720 pessoas. E, desta vez, há oportunidades em nove setores: serviços, varejo, indústria, siderurgia, construção civil, tecnologia da informação, química e petroquímica e telecomunicações.
Segundo relatório da pesquisa mensal de emprego do IBGE, a população ocupada das regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo saltou de 17,6 milhões, em julho de 2002, para 22,7 milhões, em setembro de 2011, um aumento de quase 30%. No caso da região metropolitana de Recife, boa parte desse aumento está relacionada aos investimentos feitos no Porto de Suape e em seu entorno, que deverão atingir 35 bilhões de dólares até 2017.
Esse dinheiro reflete a entrada de empresas que acrescentaram novas atividades na economia pernambucana: offshore e naval, petróleo e gás, petroquímica, farmcêutica, automobilística e siderúrgica, que já começam a competir por profissionais com os setores tradicionais.
"Administradores, gerentes intermediários e controllers são alguns dos cargos que vão faltar no mercado assim que todos esses setores começarem a engrenar", diz Francisco Cunha, analista de mercado e sócio da TGI Consultoria. A estimativa é que o Nordeste e Pernambuco continuem crescendo acima do Brasil pelos próximos cinco anos. O PIB pernambucano, que é a soma de todos os bens e serviços produzidos, foi de 9,3% em 2010, enquanto o Brasil registrou 7,5%.
A previsão para este ano é que o PIB do estado continue cerca de 2% acima do PIB nacional. "O problema é o que será do Nordeste depois da Copa, pois a próxima bola da vez serão o Rio de Janeiro com o pré-sal e os grandes eventos ligados aos esportes", diz Francisco Cunha. O consultor acredita que as questões energéticas e agrícolas tomarão conta da agenda econômica depois da Copa, o que favorecerá as regiões Sudeste e Sul do país.
Leonardo Souza, diretor da consultoria de recrutamento Michael Page em Recife, é mais otimista e aponta as profissões relacionadas à energia renovável e à construção pesada e imobiliária como duas áreas com futuro garantido na região. "Como o Nordeste não é uma massa homogênea, essas referências profissionais vão estar muito relacionadas às características de cada estado."
Para ele, uma prova da evolução regional é que a diferença de remuneração para as funções técnicas em relação ao Sudeste praticamente não existe mais. "Uma próxima etapa é a redução também dessa diferença nos níveis gerencial e executivo, que continua em torno de 15% a menos que em outros mercados, como São Paulo e Rio de Janeiro", afirma Leonardo, da Michael Page.
São Paulo - Há pouco mais de um ano a Accenture, empresa global de consultoria, tecnologia e outsourcing, abria seu primeiro escritório no Nordeste para prestar serviços na área de tecnologia, mas não para o mercado local e, sim, para outros centros da própria empresa espalhados pelo mundo.
O lugar escolhido foi o Porto Digital, um arranjo produtivo de tecnologia da informaçã o e comunicação, que abriga atualmente 182 empresas com foco em desenvolvimento de softwares e áreas afins e está situado no centro antigo do Recife, capital pernambucana.
Uma vez presente fisicamente na cidade, não dava para ignorar as oportunidades de negócios que a economia regional oferecia. O resultado foi a ampliação da oferta de serviços a outras cidades situadas no Nordeste. Na Accenture, a unidade de Recife está entre as três com maior atividade no momento, ao lado de Belo Horizonte e Porto Alegre. "Estamos supersatisfeitos com os resultados", diz Roger Ingold, presidente da Accenture.
O escritório da capital pernambucana já tem cerca de 200 profissionais e a estimativa é terminar o ano com pelo menos mais 150 pessoas contratadas. Ao todo, a Accenture pretende criar 1.700 vagas nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste nos próximos 12 meses. Os profissionais que procura são engenheiros, administradores e cientistas da computação.
Eles deverão atender a uma demanda crescente nas áreas de infraestrutura, agronegócios, saúde, setor público, energia e telecomunicações, que são as apostas da Accenture para a economia brasileira e para impulsionar o crescimento da consultoria no país, que em 2011 foi de 25% em relação ao ano anterior.
Em Recife, que representará 10% das contratações de pessoal no país, a estratégia é atrair gente que queira investir em uma carreira dentro da empresa. "Não estamos contratando para projetos isolados, queremos gente para crescer aqui dentro", diz Roger. Essa preocupação faz sentido porque, em um mercado que começa a se aquecer, como o nordestino, as ofertas de trabalho aumentam e a competitividade pela mão de obra qualificada se acirra.
Assim como a Accenture, muitas organizações estão mirando o Nordeste. Na pesquisa da VOCÊ S/A, 77 empresas afirmaram que vão abrir 35.120 vagas na região este ano. Um número proporcionalmente maior ao da pesquisa do ano passado, quando 95 companhias planejavam contratar 32.720 pessoas. E, desta vez, há oportunidades em nove setores: serviços, varejo, indústria, siderurgia, construção civil, tecnologia da informação, química e petroquímica e telecomunicações.
Segundo relatório da pesquisa mensal de emprego do IBGE, a população ocupada das regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo saltou de 17,6 milhões, em julho de 2002, para 22,7 milhões, em setembro de 2011, um aumento de quase 30%. No caso da região metropolitana de Recife, boa parte desse aumento está relacionada aos investimentos feitos no Porto de Suape e em seu entorno, que deverão atingir 35 bilhões de dólares até 2017.
Esse dinheiro reflete a entrada de empresas que acrescentaram novas atividades na economia pernambucana: offshore e naval, petróleo e gás, petroquímica, farmcêutica, automobilística e siderúrgica, que já começam a competir por profissionais com os setores tradicionais.
"Administradores, gerentes intermediários e controllers são alguns dos cargos que vão faltar no mercado assim que todos esses setores começarem a engrenar", diz Francisco Cunha, analista de mercado e sócio da TGI Consultoria. A estimativa é que o Nordeste e Pernambuco continuem crescendo acima do Brasil pelos próximos cinco anos. O PIB pernambucano, que é a soma de todos os bens e serviços produzidos, foi de 9,3% em 2010, enquanto o Brasil registrou 7,5%.
A previsão para este ano é que o PIB do estado continue cerca de 2% acima do PIB nacional. "O problema é o que será do Nordeste depois da Copa, pois a próxima bola da vez serão o Rio de Janeiro com o pré-sal e os grandes eventos ligados aos esportes", diz Francisco Cunha. O consultor acredita que as questões energéticas e agrícolas tomarão conta da agenda econômica depois da Copa, o que favorecerá as regiões Sudeste e Sul do país.
Leonardo Souza, diretor da consultoria de recrutamento Michael Page em Recife, é mais otimista e aponta as profissões relacionadas à energia renovável e à construção pesada e imobiliária como duas áreas com futuro garantido na região. "Como o Nordeste não é uma massa homogênea, essas referências profissionais vão estar muito relacionadas às características de cada estado."
Para ele, uma prova da evolução regional é que a diferença de remuneração para as funções técnicas em relação ao Sudeste praticamente não existe mais. "Uma próxima etapa é a redução também dessa diferença nos níveis gerencial e executivo, que continua em torno de 15% a menos que em outros mercados, como São Paulo e Rio de Janeiro", afirma Leonardo, da Michael Page.