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Menos empregos? Então é hora de focar muito nos resultados

O baixo desempenho da economia pode ameaçar a geração de empregos no segundo semestre. Para quem está empregado, é hora de manter o foco no resultado

A presidente Dilma Rousseff: queda de popularidade com a piora do cenário econômico (REUTERS/Ueslei Marcelino)
DR

Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2013 às 13h04.

O segundo semestre do ano promete ser difícil para o trabalhador brasileiro. Até aqui, a taxa de desemprego vinha se mantendo em torno de 5%, mas há sinais de que o cenário vai piorar. Segundo o Guia Salarial 2013 Hays Insper, levantamento feito no primeiro trimestre com 700 empresas e 7.500 empregados, o índice de desemprego, entre os profissionais qualificados, é 11,6%.

O número representa o dobro da taxa oficial, e a explicação dos responsáveis pelo estudo é que o desemprego vem aumentando mais rapidamente entre os profissionais qualificados, uma parcela significativa dos respondentes.

Em junho, o Banco Central rebaixou para 2,7% a expectativa de crescimento da economia para 2013, ante previsão de 3,1% feita em março. Significa que as empresas vão reduzir a velocidade de abertura de novas vagas. A percepção do brasileiro de que a economia e o mercado de trabalho estão deteriorando fez a avaliação positiva da gestão econômica da presidente Dilma Rousseff cair de 49% para 27%, segundo dados do Datafolha divulgados no fim de junho.

O tempo para se recolocar no mercado aumentou, segundo o levantamento Hays Insper. Entre os desempregados, 23% estavam sem trabalho há cerca de um ano e outros 18,8% estavam nessa situação há quase seis meses. Nos dois casos, trata-se do dobro do verificado pelo estudo do ano anterior.

Entre os entrevistados que declararam estar sem emprego, 55,3% disseram que foram demitidos. Não adianta desanimar. A melhor coisa a fazer é aumentar a dose de motivação para o trabalho. As empresas vão exigir mais de seus profissionais.

Bônus mais magro

A remuneração total dos profissionais com direito a bônus também deverá minguar até o fim do ano. Três em cada dez executivos ouvidos no levantamento da Hays Insper disseram que sua remuneração variável baixou em relação a anos anteriores.

Empresas como a varejista Magazine Luiza, a fabricante de roupas Hering e a construtora MRV estão entre as que eliminaram a remuneração variável de curto prazo, paga neste ano e referente a 2012, dos profissionais da diretoria, segundo a Comissão de Valores Mobiliários.

Nas empresas cujas receitas dependem do mercado externo, a situação é ainda mais complicada. O mercado internacional não vai bem e não estimula as exportações. Isso acontece ao mesmo tempo que, por aqui, o real se desvaloriza e o mercado interno, que vinha servindo de salvação para a economia por meio de pacotes de desoneração de impostos, já diminuiu o ritmo de consumo.

São dados que confirmam a percepção do brasileiro de que o mercado de trabalho está se deteriorando. Mas nem todo empregado percebe esse cenário da mesma forma. Quem vive a pior situação é o trabalhador da indústria.

Nos últimos anos, esse profissional teve aumentos sucessivos de salário, pois o setor industrial precisava reter seus bons funcionários, que estavam sendo sondados por empregadores do setor de serviços. Só que agora o empregador está exigindo retorno dos investimentos que fez em remuneração e treinamento.

"Mesmo com os investimentos, não melhoramos a qualificação da mão de obra nem a produtividade. Ainda assim, os salários continuam aumentando. Esse quadro está estrangulando o crescimento industrial do país como um todo", afirma Mark Bowden, diretor-geral da empresa global de recrutamento Hays para a América Latina. Com isso, sobe o custo de produção, que torna a indústria nacional menos competitiva.

Desde 2010, o custo unitário do trabalho se elevou 15% no Brasil, uma despesa que não pode ser repassada ao consumidor por causa da concorrência dos importados. Com sua margem de lucro comprometida, a indústria brasileira não cresce, como os números demonstram há meses.

Risco de inflação

As políticas de incentivo ao consumo, de que o governo veio lançando mão até agora para aquecer a economia, aumentaram ainda mais a pressão de demanda e a inflação. Enquanto isso, com a recuperação da economia americana e a desaceleração da China — grande importadora de matérias-primas brasileiras —, o real se desvaloriza diante do dólar.

Com a moeda valendo menos, a tendência é de alta dos preços, como forma de manter a margem de lucro. Calcula-se que cada aumento de 10% na taxa de câmbio repercuta de 0,3 a 0,5 ponto percentual na inflação anual. Para controlar essa tendência, o Banco Central (BC) reage aumentando a taxa de juro.

Como efeito, freia-se o crescimento industrial e da economia como um todo. Daí o mesmo BC ter rebaixado para 2,7% a expectativa de crescimento da economia para este ano, ante previsão de 3,1% feita em março. Para quem está empregado, a recomendação é manter o foco na meta de sua área e dar o melhor de si. Os empregadores e profissionais de RH tendem a valorizar — e até a recompensar — os funcionários com melhor desempenho, mesmo em tempos de vacas magras. Em momentos difíceis, os bons valem ainda mais.

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O segundo semestre do ano promete ser difícil para o trabalhador brasileiro. Até aqui, a taxa de desemprego vinha se mantendo em torno de 5%, mas há sinais de que o cenário vai piorar. Segundo o Guia Salarial 2013 Hays Insper, levantamento feito no primeiro trimestre com 700 empresas e 7.500 empregados, o índice de desemprego, entre os profissionais qualificados, é 11,6%.

O número representa o dobro da taxa oficial, e a explicação dos responsáveis pelo estudo é que o desemprego vem aumentando mais rapidamente entre os profissionais qualificados, uma parcela significativa dos respondentes.

Em junho, o Banco Central rebaixou para 2,7% a expectativa de crescimento da economia para 2013, ante previsão de 3,1% feita em março. Significa que as empresas vão reduzir a velocidade de abertura de novas vagas. A percepção do brasileiro de que a economia e o mercado de trabalho estão deteriorando fez a avaliação positiva da gestão econômica da presidente Dilma Rousseff cair de 49% para 27%, segundo dados do Datafolha divulgados no fim de junho.

O tempo para se recolocar no mercado aumentou, segundo o levantamento Hays Insper. Entre os desempregados, 23% estavam sem trabalho há cerca de um ano e outros 18,8% estavam nessa situação há quase seis meses. Nos dois casos, trata-se do dobro do verificado pelo estudo do ano anterior.

Entre os entrevistados que declararam estar sem emprego, 55,3% disseram que foram demitidos. Não adianta desanimar. A melhor coisa a fazer é aumentar a dose de motivação para o trabalho. As empresas vão exigir mais de seus profissionais.

Bônus mais magro

A remuneração total dos profissionais com direito a bônus também deverá minguar até o fim do ano. Três em cada dez executivos ouvidos no levantamento da Hays Insper disseram que sua remuneração variável baixou em relação a anos anteriores.

Empresas como a varejista Magazine Luiza, a fabricante de roupas Hering e a construtora MRV estão entre as que eliminaram a remuneração variável de curto prazo, paga neste ano e referente a 2012, dos profissionais da diretoria, segundo a Comissão de Valores Mobiliários.

Nas empresas cujas receitas dependem do mercado externo, a situação é ainda mais complicada. O mercado internacional não vai bem e não estimula as exportações. Isso acontece ao mesmo tempo que, por aqui, o real se desvaloriza e o mercado interno, que vinha servindo de salvação para a economia por meio de pacotes de desoneração de impostos, já diminuiu o ritmo de consumo.

São dados que confirmam a percepção do brasileiro de que o mercado de trabalho está se deteriorando. Mas nem todo empregado percebe esse cenário da mesma forma. Quem vive a pior situação é o trabalhador da indústria.

Nos últimos anos, esse profissional teve aumentos sucessivos de salário, pois o setor industrial precisava reter seus bons funcionários, que estavam sendo sondados por empregadores do setor de serviços. Só que agora o empregador está exigindo retorno dos investimentos que fez em remuneração e treinamento.

"Mesmo com os investimentos, não melhoramos a qualificação da mão de obra nem a produtividade. Ainda assim, os salários continuam aumentando. Esse quadro está estrangulando o crescimento industrial do país como um todo", afirma Mark Bowden, diretor-geral da empresa global de recrutamento Hays para a América Latina. Com isso, sobe o custo de produção, que torna a indústria nacional menos competitiva.

Desde 2010, o custo unitário do trabalho se elevou 15% no Brasil, uma despesa que não pode ser repassada ao consumidor por causa da concorrência dos importados. Com sua margem de lucro comprometida, a indústria brasileira não cresce, como os números demonstram há meses.

Risco de inflação

As políticas de incentivo ao consumo, de que o governo veio lançando mão até agora para aquecer a economia, aumentaram ainda mais a pressão de demanda e a inflação. Enquanto isso, com a recuperação da economia americana e a desaceleração da China — grande importadora de matérias-primas brasileiras —, o real se desvaloriza diante do dólar.

Com a moeda valendo menos, a tendência é de alta dos preços, como forma de manter a margem de lucro. Calcula-se que cada aumento de 10% na taxa de câmbio repercuta de 0,3 a 0,5 ponto percentual na inflação anual. Para controlar essa tendência, o Banco Central (BC) reage aumentando a taxa de juro.

Como efeito, freia-se o crescimento industrial e da economia como um todo. Daí o mesmo BC ter rebaixado para 2,7% a expectativa de crescimento da economia para este ano, ante previsão de 3,1% feita em março. Para quem está empregado, a recomendação é manter o foco na meta de sua área e dar o melhor de si. Os empregadores e profissionais de RH tendem a valorizar — e até a recompensar — os funcionários com melhor desempenho, mesmo em tempos de vacas magras. Em momentos difíceis, os bons valem ainda mais.

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