Jovens muito preparados correm este risco nas seleções de emprego
Preparar-se para uma entrevista é fundamental, mas há um limite que deve ser respeitado
Camila Pati
Publicado em 20 de abril de 2017 às 15h00.
Última atualização em 20 de abril de 2017 às 15h00.
São Paulo – Se por um lado quem chega despreparado para uma entrevista de emprego se queima de cara com o recrutador, preparação em excesso também pode atrapalhar. “Às vezes a pessoa treina muito, se prepara tanto que fica artificial e parece um robô falando”, diz Josué Bressane, sócio-diretor da FALCONI Gente.
Não adianta tentar disfarçar, a artificialidade fica evidente, segundo o especialista. “Alguns jovens recebem aconselhamento e vão sendo moldados para serem robôs e isso é, sim, percebido”, diz.
Nesse contexto, o melhor conselho a quem está inscrito em processos seletivos para estágio, trainee , por exemplo, é não se afastar de si mesmo, ainda que a ânsia de causar uma ótima impressão na hora de se apresentar seja grande.
“Preparar-se diminui o nervosismo, mas a pessoa deve ser o mais natural possível. O que eu sempre digo é: seja você mesmo”, diz Bressane. De acordo com ele, essa é a melhor maneira de a empresa saber se você se adequa àquele ambiente de trabalho . Forçar a barra e tentar parecer ser o que não é pode acarretar infelicidade no trabalho quando o profissional perceber que seus valores e os da empresa não combinam.
Não perca a sua essência e leve conteúdo para a seleção, recomenda Bressane. E por conteúdo entenda-se leituras e mais leituras sobre a empresa, o negócio em si, momento de mercado, sua cultura e valores.
“Leia sobre a empresa, entenda a expectativa em relação à vaga, vasculhe informações, converse com pessoas que trabalham ou já trabalharam lá. O candidato deve se municiar do que puder de informação e ser ele mesmo”, indica o especialista. Essa é a preparação que vai mostrar que você está com vontade de trabalhar ali e pode fazer com que você ganhe pontos até mesmo se faltarem alguns aspectos do perfil que é mais valorizado pelas empresas.
Entra ano, sai ano, as tecnologias e metodologias de recrutamento mudam, mas a busca geralmente é voltada para quem reúne um conjunto de características, sobretudo em seleções de estágio e trainee em grandes empresas. “Pessoas bem formadas, com idioma fluente, vivência internacional, atuação em empresa júnior dentro da universidade”, diz Bressane.
Em relação às atitudes, Bressane diz que é na etapa de apresentação individual que ele decide quem será observado com mais cuidado. “É quando eu separo o ‘joio do trigo’”, diz.
Ou seja, em dois minutos de apresentação quem consegue mostrar a que veio tem a chance de encantar e despontar na seleção. Jovens com poder síntese para contar quem é, o que fez e entregou de relevante e o que sonha para sua vida profissional.
“O que é relevante mostrar para aquela empresa”, lembra Bressane. O perfil da empresa e da vaga devem nortear a escolha dos aspectos da trajetória destacados nos poucos minutos disponíveis. Por exemplo, se é uma empresa do setor de varejo e a vaga pressupõe interação com várias pessoas, destacar aspectos ligados a projetos em conjunto com outras pessoas, pode ser uma boa pedida.
Foco dos recrutadores muda de acordo com o perfil da vaga
“Para oportunidades de estágio, recrutadores veem mais alinhamento com a cultura da empresa, a formação e ambição na carreira”, diz Bressane.
Na hora de selecionar trainees, observa-se mais o que o candidato já realizou, olhando também o potencial que demonstra para liderar equipes, perfil de persuasão e habilidade de negociação.
Conhecimentos técnicos específicos também podem ganhar mais importância na seleção, como é o caso de vagas para áreas de logística, engenharia, finanças, marketing. “ O candidato pode ter que passar por uma entrevista técnica, por exemplo, quando vai assumir uma vaga de coordenação em seis meses”, diz Bressane.