Evite roubadas ao aceitar um novo emprego
Como avaliar uma empresa antes de aceitar um convite de emprego
Da Redação
Publicado em 21 de fevereiro de 2013 às 19h40.
São Paulo - A julgar pela decoração do comércio e pelas propagandas coloridas, a rede de lojas de móveis parecia, por fora, um bom lugar para trabalhar. Foi o que pensou Sabrina Muller, de 33 anos, hoje consultora de comércio eletrônico da Carvajal, multinacional de serviços de TI, de Vila Velha, Espírito Santo, ao aceitar o convite de seu emprego anterior. Sua tarefa seria supervisionar e modernizar 11 lojas distribuídas pelo estado.
Logo na primeira semana, Sabrina percebeu que a gestão antiquada da empresa não permitiria que executasse o trabalho da maneira que considerava correta. Faltavam recursos, sobrava burocracia e as promessas de benefícios não se cumpriram. A empresa era, em resumo, uma roubada.
Em dois meses, ela deixou o cargo. “O emprego não tinha nada a ver com a ideia que me venderam”, diz Sabrina. Para ingressar na companhia em que trabalha atualmente, ela buscou informações no site e também conversou com gente do mercado para ter certeza de que estava entrando em uma empresa consolidada. Dessa vez, não teve más surpresas.
Para quem recebe um convite de emprego, o desafio é detectar roubadas antes de aceitá-lo. Segundo Rafael Souto, presidente da Produtive, empresa de planejamento e transição de carreira, com sede em Porto Alegre, o momento da seleção é quando a companhia se vende e faz seu jogo de conquista. Por isso, é importante ser crítico, fazer perguntas e buscar informações em outras fontes. Mas, de acordo com Rafael, poucos profissionais tomam esse tipo de precaução.
“A pesquisa frequentemente limita-se a esclarecimentos durante a entrevista de emprego”, afirma Rafael, que entende que o esforço de obter informações deve ser mais amplo e inclui passar pelo site da empresa, pelo Google e buscar contato com funcionários e ex-funcionários. Na reunião com os recrutadores, faça perguntas também. Se houver encontros com diferentes profissionais durante o processo, aproveite para verificar se há uma coerência no discurso dos envolvidos.
Isso ajuda a identificar contradições na cultura organizacional e problemas de gestão que podem atrapalhar o cotidiano do trabalho. E, em todas as conversas, avalie se o discurso das pessoas tem afinidade com seus valores e hábitos profissionais e pessoais. “Questione com clareza o que faz os profissionais darem certo ou não na companhia”, diz Ricardo Basaglia, diretor da Michael Page, empresa de recrutamento, de São Paulo.
Bom para quem?
De acordo com a Produtive, a reputação negativa da empresa é o segundo motivo mais alegado para a saída de funcionários, ficando atrás apenas dos projetos de carreira frustrados. Então, para saber como uma companhia é vista no mercado, busque notícias e relatórios financeiros, cheque se há envolvimento com corrupção e como o negócio é visto dentro de seu segmento.
Flávio Marchezini Holzmann, atualmente gerente comercial da Samsung, fabricante de eletroeletrônicos, de São Paulo, passou por um choque de valores quando foi convidado para assumir o cargo de gerente nacional de vendas em uma nova unidade de uma fabricante de lâmpadas e leds. O emprego em um grupo conhecido fez com que Flávio mudasse com a família para o Rio Grande do Sul.
Em três meses, ele percebeu que a gestão era pouco estruturada e bateu o arrependimento. “Na ânsia de pegar um projeto diferente, deixei de avaliar itens importantes para mim”, afirma Flávio. O desafio foi aceitar que não havia feito a escolha certa. “É preciso sair da situação o mais rápido possível”, diz Flávio, que acionou sua rede de contatos e conseguiu sair já empregado do negócio.
Para cada candidato existem pontos-chave: remuneração, desenvolvimento de carreira, qualidade de vida, estabilidade. Para João Paulo Camargo, sócio-gerente da empresa de recrutamento Asap, de São Paulo, um salário generoso só é capaz de motivar por seis meses.
“É preciso analisar quais pontos, além do dinheiro, têm mais peso para você”, diz João Paulo. As informações que você coletar vão ajudá-lo a conhecer a empresa e formar uma opinião sobre ela. A empresa é boa? A resposta a essa pergunta dificilmente será sim ou não. A questão é se ela serve para você neste momento da carreira. Por isso, pergunte sempre mais.
São Paulo - A julgar pela decoração do comércio e pelas propagandas coloridas, a rede de lojas de móveis parecia, por fora, um bom lugar para trabalhar. Foi o que pensou Sabrina Muller, de 33 anos, hoje consultora de comércio eletrônico da Carvajal, multinacional de serviços de TI, de Vila Velha, Espírito Santo, ao aceitar o convite de seu emprego anterior. Sua tarefa seria supervisionar e modernizar 11 lojas distribuídas pelo estado.
Logo na primeira semana, Sabrina percebeu que a gestão antiquada da empresa não permitiria que executasse o trabalho da maneira que considerava correta. Faltavam recursos, sobrava burocracia e as promessas de benefícios não se cumpriram. A empresa era, em resumo, uma roubada.
Em dois meses, ela deixou o cargo. “O emprego não tinha nada a ver com a ideia que me venderam”, diz Sabrina. Para ingressar na companhia em que trabalha atualmente, ela buscou informações no site e também conversou com gente do mercado para ter certeza de que estava entrando em uma empresa consolidada. Dessa vez, não teve más surpresas.
Para quem recebe um convite de emprego, o desafio é detectar roubadas antes de aceitá-lo. Segundo Rafael Souto, presidente da Produtive, empresa de planejamento e transição de carreira, com sede em Porto Alegre, o momento da seleção é quando a companhia se vende e faz seu jogo de conquista. Por isso, é importante ser crítico, fazer perguntas e buscar informações em outras fontes. Mas, de acordo com Rafael, poucos profissionais tomam esse tipo de precaução.
“A pesquisa frequentemente limita-se a esclarecimentos durante a entrevista de emprego”, afirma Rafael, que entende que o esforço de obter informações deve ser mais amplo e inclui passar pelo site da empresa, pelo Google e buscar contato com funcionários e ex-funcionários. Na reunião com os recrutadores, faça perguntas também. Se houver encontros com diferentes profissionais durante o processo, aproveite para verificar se há uma coerência no discurso dos envolvidos.
Isso ajuda a identificar contradições na cultura organizacional e problemas de gestão que podem atrapalhar o cotidiano do trabalho. E, em todas as conversas, avalie se o discurso das pessoas tem afinidade com seus valores e hábitos profissionais e pessoais. “Questione com clareza o que faz os profissionais darem certo ou não na companhia”, diz Ricardo Basaglia, diretor da Michael Page, empresa de recrutamento, de São Paulo.
Bom para quem?
De acordo com a Produtive, a reputação negativa da empresa é o segundo motivo mais alegado para a saída de funcionários, ficando atrás apenas dos projetos de carreira frustrados. Então, para saber como uma companhia é vista no mercado, busque notícias e relatórios financeiros, cheque se há envolvimento com corrupção e como o negócio é visto dentro de seu segmento.
Flávio Marchezini Holzmann, atualmente gerente comercial da Samsung, fabricante de eletroeletrônicos, de São Paulo, passou por um choque de valores quando foi convidado para assumir o cargo de gerente nacional de vendas em uma nova unidade de uma fabricante de lâmpadas e leds. O emprego em um grupo conhecido fez com que Flávio mudasse com a família para o Rio Grande do Sul.
Em três meses, ele percebeu que a gestão era pouco estruturada e bateu o arrependimento. “Na ânsia de pegar um projeto diferente, deixei de avaliar itens importantes para mim”, afirma Flávio. O desafio foi aceitar que não havia feito a escolha certa. “É preciso sair da situação o mais rápido possível”, diz Flávio, que acionou sua rede de contatos e conseguiu sair já empregado do negócio.
Para cada candidato existem pontos-chave: remuneração, desenvolvimento de carreira, qualidade de vida, estabilidade. Para João Paulo Camargo, sócio-gerente da empresa de recrutamento Asap, de São Paulo, um salário generoso só é capaz de motivar por seis meses.
“É preciso analisar quais pontos, além do dinheiro, têm mais peso para você”, diz João Paulo. As informações que você coletar vão ajudá-lo a conhecer a empresa e formar uma opinião sobre ela. A empresa é boa? A resposta a essa pergunta dificilmente será sim ou não. A questão é se ela serve para você neste momento da carreira. Por isso, pergunte sempre mais.