Esta frase “embromatória” de 4 linhas poderia ter 1 e ganharia elegância
Professor mostra uma típica situação de quem crê em "inspiração para falar e escrever bem" e que só traz falta de elegância ao texto
Da Redação
Publicado em 14 de maio de 2019 às 12h30.
Última atualização em 14 de maio de 2019 às 12h44.
Como é prazeroso conviver com gente objetiva. Objetividade, à visão da poesia, é o que areja o miocárdio da convivência.
Na vida social, precisamos estar sempre atentos ao uso de frase úteis, exemplos didáticos e texto com qualidade, para gerarmos boa impressão e um ambiente melhor.
Concisão, correção e clareza são, pois, pilares de um ótimo escritor, palestrante, comunicador.
Para ser conciso, brevidade no falar e no escrever, o profissional precisa eliminar expressões "embromatórias". O pesquisador Nelson Maia, em sua competente obra Português Jurídico, traz o seguinte exemplo:
"Eu escreverei a petição se não houver, como ocorreu ontem, por volta do meio-dia, quando me preparava para realizar uma prova, baixada na Internet, e alguns amigos foram à minha casa, de sunga, para que fôssemos à praia, alguém para me interromper."
O trecho denota deselegância: ausência do hábito de leitura, ausência do hábito de escrita. É uma típica situação de quem crê em "inspiração para falar e escrever bem".
Bastaria que o trecho acima assim expusesse:
"Redigirei a petição se não houver alguém para me interromper."
Entre todos os hábitos, ler traz um justíssimo resultado: raciocínio apurado, desenvolvimento do vocabulário, criatividade intensa, analogias coerentes e apontamentos gramaticais.
Para haver correção e clareza, vale dedicar-se à reescritura de trechos, pensar em sinônimos e estudar - dia após dia - Gramática Normativa.
Quem não gostaria de trabalhar com um falante criterioso, escritor honesto, afeito ao uso educado de expressões, distante de xingamentos excessivos e poluidores do discurso?
Será mesmo à toa o sucesso do advogado que escreve com correção, assertividade, precisão? É ele mesmo um ultrapassado por se dedicar a entender o Machado e a aplaudir o Eça e o Guimarães?
Enquanto isso, lá se vão nas inseguranças complexas os que se dizem expertos e tão modernos, a proferirem impropérios diante de casos vitais de Vírgulas...
Não há enigma: um discurso de muito sucesso não desperdiça termos; um discurso irretocável foi feito e refeito, respeitando o tempo e o espaço que lhe foram dados, com a devida organização.
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DIOGO ARRAIS
YouTube: MesmaLíngua
Autor Gramatical pela Editora Saraiva
Professor de Língua Portuguesa
Fundador doARRAIS CURSOS