Esta dúvida deixa estudantes de português de cabelo em pé
Diferenciar complemento nominal de objeto direto é talvez uma das maiores dificuldades da análise sintática. Aprenda com o professor Diogo Arrais
Da Redação
Publicado em 29 de agosto de 2017 às 12h57.
Em "E não se diga que Mário Quintana haja sido insensível às legítimas exigências da poética contemporânea.", a expressão "às legítimas exigências da poética contemporânea" desempenha a função de:
a) objeto direto
b) sujeito
c) adjunto adnominal
d) complemento nominal
e) objeto indireto
Quem estuda análise sintática sabe que o objeto direto, o objeto indireto e o agente da passiva complementam verbos. No entanto, há um complemento dos nomes e do advérbio, muito semelhante ao objeto indireto, já que também depende do auxílio da preposição, chamado de complemento nominal.
Claudio Henriques, em uma das minhas obras favoritas sobre Sintaxe, exemplifica:
"Temos ódioaos nazistas."
"Odiamosos nazistas."
Em "ódio aos nazistas ", percebe-se o complemento nominal, já que "ódio", um substantivo, é complementado.
No entanto, em "Odiamos os nazistas.", percebe-se o objeto direto: complemento verbal, sem a presença da preposição.
Ratifiquemos essas funções sintáticas com dois novos exemplos:
"Sua opinião é favorávelao povo."
"Sua opinião favoreceo povo."
Em "favorável ao povo", há um complemento do adjetivo "favorável", ou seja, complemento nominal.
Já em "favorece o povo", o complemento é do verbo "favorecer", sem o auxílio da preposição: objeto direto.
Diante disso, só podemos dizer que o termo destacado (na questão inicial deste texto) é um complemento nominal, opção da letra d. É a expressão " às legítimas exigências da poética contemporânea " preposicionada e com a função de completar o adjetivo "insensível".
Um grande abraço, até a próxima e siga-me pelo Twitter!
Diogo Arrais
@diogoarrais
Professor de Língua Portuguesa - CPJUR
Autor Gramatical pela Editora Saraiva