É assim que a Oprah consegue um aumento de salário. Não faça igual
Oprah conseguiu um aumento de salário para toda sua equipe. Especialista em negociação não recomenda usar a estratégia da apresentadora
Luísa Granato
Publicado em 16 de maio de 2019 às 15h00.
Última atualização em 16 de maio de 2019 às 15h00.
São Paulo - Aos 65 anos, Oprah Winfrey , apresentadora, atriz e empresária, já viveu muitos altos e baixos na sua carreira.
Na apresentação do Empowerment in Entertainment Award, em Los Angeles, em abril, uma das mais influentes mulheres da mídia americana falou sobre empoderamento e contou como conseguiu um aumento de salário para sua equipe.
Em 1986, a apresentadora havia sido promovida e teria um show no seu nome na televisão. No entanto, ao questionar seu chefe, ele não viu razão para dar uma aumento para o resto do time. “São só garotas”, ele teria dito a ela.
“Ou elas conseguem seus aumentos ou eu vou me sentar. Eu não vou trabalhar se elas não receberem mais. Querido”, ela retrucou na época.
Oprah conseguiu o que queria.
Infelizmente, não são todos os profissionais que podem ser como a Oprah.
E Breno Paquelet, especialista em negociação pela Harvard Business School, não recomenda usar essa estratégia para a negociação salarial.
“Você precisa confiar muito de que a tática não vai se voltar contra você. Eu acho que ela estava numa posição de poder ímpar, é difícil achar outra Oprah. Diante de uma ameaça assim, a empresa pode te demitir para mostrar que ela toma as decisões. Eu não faria”, explica Paquelet.
Para o especialista, a negociação deve ser pensada de forma a conseguir um resultado, mas manter o relacionamento dentro do ambiente de trabalho. “Você não pode pensar que nunca mais vai cruzar com a pessoa”, fala.
Assim, afrontar diretamente a chefia de forma que a convivência fique prejudicada é uma estratégia insustentável. “Mesmo conseguindo seu objetivo, você não tem garantia que não aconteça um boicote depois”, diz ele.
Em seu discurso, Oprah conta sobre como seu trabalho era visto como menos valioso por ela ser uma mulher negra e que ela mesma precisou encontrar sua valorização como profissional.
Diante de injustiças no trabalho, como a desigualdade entre gêneros e etnias, a primeira recomendação do especialista é tentar enxergar a posição da empresa e do seu gestor, mesmo que não concorde com sua forma de pensar, e perceber quais são suas prioridades e formas de tomar decisões.
Depois, é preciso reunir todas as informações disponíveis sobre seu contexto. Um confronto direto coloca o outro no modo de defesa. Então, é sempre melhor se concentrar em dados e fatos, que justifiquem seu pedido de reajuste salarial.
Procure informações sobre o pagamento para seu nível de experiência, dentro da empresa, entre seus colegas e no mercado. Além disso, saiba dar o valor do seu trabalho, como a Oprah, considerando suas conquistas e resultados naquela posição.
Ao apresentar seus argumentos embasados para pedir o aumento, Paquelet diz que é possível colocar no seu discurso de forma subliminar as questões de injustiça.
“Você pode falar: ‘a única forma que posso ver para não ter o aumento é se houver algum preconceito’. Você mostra que sabe que deve ganhar mais e sem afrontar”, fala ele.
Para se inspirar, mas não seguir à risca, assista ao discurso da apresentadora americana: