Como usar a tecnologia para conseguir o emprego dos sonhos
O que a tecnologia pode fazer para deixar os profissionais mais visíveis aos olhos de recrutadores e de empresas que estão contratando
Da Redação
Publicado em 3 de julho de 2014 às 10h14.
Ninguém mais duvida que uma nova oportunidade de trabalho passe, de uma forma ou de outra, pela web. Tudo começou com o envio de currículo por e-mail. Depois, a divulgação de vagas deixou as páginas dos jornais e os cartazes nas paredes e foi parar em sites de classificados de empregos, banners em sites de notícias e postagens em redes sociais.
Os candidatos em busca de oportunidade ou uma recolocação também entraram há tempos na era digital. Um dos maiores portais de recrutamento do país, o site Vagas conta com 7,5 milhões de currículos em sua base de dados. Esse número dá uma boa ideia da oferta de profissionais e do intenso trabalho de triagem que cabe aos recrutadores de consultorias e áreas de RH.
Em meio a tantos profissionais conectados, você pode pensar que ficou mais difícil ser chamado para entrevistas de emprego, certo? Errado. Se a tecnologia ajuda as empresas a contratar novos talentos também pode (e muito bem) fazer com que você se destaque na multidão.
Para começar, não é mais necessário enviar um currículo para que uma empresa saiba quem você é e se interesse por seu perfil profissional. Aliás, essa é uma das maiores vantagens que Google, LinkedIn, Facebook, YouTube, Twitter e companhia oferecem: se você está na rede, é um potencial candidato e poderá ser fisgado para um nova oportunidade a qualquer momento. É o que mostra uma pesquisa da Jobvite nos Estados Unidos. Segundo o estudo, 78% das companhias americanas já contrataram funcionários por meio de redes de networking.
Em 2010, apenas 58% havia usado essa forma de recrutamento. O LinkedIn é a principal fonte de consulta, responsável por mediar 92% das contratações que começam na web. Lançado em português há aproximadamente quatro anos, a rede social já ajudou a empregar vários profissionais com sua capacidade de estabelecer conexões entre pessoas, seja pelo trabalho ou pelos estudos.
E quem pensa que a rede é uma solução para quem está desempregado está enganado: de acordo com Milton Beck, diretor de vendas e responsável pela área de talent solutions da LinkedIn Brasil, somente 20% dos 15 milhões de usuários ativos no país está efetivamente em busca de emprego. Em pesquisa do LinkedIn Brasil realizada em outubro passado, 99,7% dos 1.120 entrevistados afirmaram estar na rede por outras razões. Comunicar-se com outros profissionais, manter-se atualizado com os temas do setor, pesquisar sobre as companhias de interesse ou construir a própria marca profissional são as principais razões apontadas por eles.
Na definição das empresas de recrutamento, esses são os chamados candidatos passivos. Eles não estão necessariamente em busca de um novo trabalho, mas seus currículos podem ser consultados e, eventualmente, selecionados para um processo seletivo. Foi o que aconteceu com a diretora de government affairs da Avon Brasil, Maria Elisa Curcio, de 31 anos. Ela exercia o cargo de gerente de projetos na Whirlpool Latin America quando um recrutador a convidou para concorrer a uma vaga depois de consultar seu perfil no LinkedIn.
Por que ainda não me chamaram?
Entrar na mira de um headhunter por um perfil em rede social ou de networking, no entanto, exige mais do que um simples cadastro. Se você é um excelente profissional, está presente nas principais redes sociais e sites de vagas, mas, ainda assim, não foi convocado para nenhuma entrevista, é recomendável dar atenção especial ao cadastro e ao currículo.
Ressaltar as experiências de maneira organizada e detalhada é fundamental, pois é por meio de palavras-chaves, como área de atuação, cargo pretendido, universidade e cursos realizados, que os profissionais iniciam as buscas.
Para Diego Rondon, gerente da Page Personnel de Campinas, o grande erro de muitos candidatos está na crença de que seu perfil ou currículo está completo. Segundo ele, são comuns os perfis em que o candidato não detalha suas experiências, não diz por onde passou nem menciona os projetos que executou. Logicamente, essa pessoa sai atrás na disputa da vaga. Se eu encontro dois perfis, e um está mais detalhado do que outro, obviamente serei mais assertivo com o candidato que me passar mais informações, diz.
Na Avon Brasil, os principais filtros adotados no processo de recrutamento de funcionários por ferramentas online são a área de atuação e o local de trabalho, segundo a vice-presidente de recursos humanos Alessandra Ginante.
A leitura de currículos muito extensos, em processos seletivos com muitos candidatos, é um problema frequente para os recrutadores. A recomendação, segundo ela, é conter a prolixidade e produzir um relato conciso de cada passagem profissional. Uma característica que observo nos currículos e no LinkedIn é o excesso de palavras descritivas. O ideal seria o candidato oferecer, nas primeiras linhas, um resumo do que ele é. O sumário, no topo da página do LinkedIn, por exemplo, tem de trazer seus ativos, quais valores e experiências oferece para a empresa, explica.
Outro conselho de Milton Beck, do LinkedIn Brasil, vale tanto para o perfil na rede como no currículo: colocar as competências em pirâmide invertida, com as experiências mais recentes ganhando destaque e maior nível de detalhamento. Se sou um profissional com 30 anos de experiência, preciso explicar mais meu último trabalho do que o que eu fiz no começo da carreira, exemplifica.
Adicionar uma foto também pode tornar-se uma vantagem competitiva no LinkedIn. Segundo o executivo, o uso de uma imagem de perfil adequada tem o poder de aumentar em até sete vezes a chance de um candidato ser convocado para um processo de seleção.
Em sistemas específicos de recrutamento também é preciso ficar atento ao preenchimento de formulários de requerimento de vagas, cartas de apresentação e do próprio currículo online.
Fabíola Lago, da site Vagas, reforça a importância do atenção para o campo de objetivo profissional. É um campo imprescindível para que os recrutadores selecionem profissionais. Colocar o cargo pretendido e usar palavras-chaves são recursos muito eficientes. Outro campo que merece atenção é o da experiência profissional. Muitos candidatos usam adjetivos, como criativo ou proativo, quando deveriam especificar suas realizações profissionais. Ah, e é claro, não vale mentir sobre alguma competência, curso ou especialidade, cometer erros ortográficos nem esquecer as informações de contato.
Esteja sempre visível
Um profissional com uma rede de contatos sólida e que esteja efetivamente envolvido em projetos, fóruns e eventos do setor pode alcançar as melhores posições no ranking de pesquisas por candidatos. Uma forma de chamar a atenção para o perfil é interagir com marcas, companhias e grupos em assuntos pertinentes à área de atuação. E isso vale para todas as redes sociais.
No LinkedIn, por exemplo, há grupos de discussão sobre assuntos específicos. Participar desses grupos, postar conteúdo e fazer comentários pode ser uma excelente maneira de se mostrar antenado com os temas relacionados ao trabalho.
Ser atuante no Facebook e no Twitter também pode contar pontos. Segundo o Jobvite, 65% das empresas vasculham a rede de Mark Zuckerberg em processos de recrutamento e 55% consultam as postagens no Twitter para saber mais dos potenciais candidatos. No Brasil não deve ser muito diferente.
Separar tempo para atualizar informações nas redes e nos currículos online periodicamente é outra maneira eficiente de aumentar a visibilidade. É importante ter em mente que, mesmo que você não tenha tido êxito em um processo seletivo, seu currículo continua na base de dados dos recrutadores e pode ser novamente acessado. Seus amigos do Facebook não ficam sabendo quando você faz uma viagem bacana ou algo novo acontece? Nas redes profissionais também é preciso compartilhar tudo o que há de relevante. Novos cursos, certificados obtidos, formações adicionais, trabalhos realizados e prêmios alcançados ajudam a manter seu perfil no radar das empresas.
* Matéria originalmente publicada na revista INFO Dicas