Carreira

Bem-estar no trabalho: o que isso tem a ver com aprendizado contínuo?

Um estudo feito pela Harvard Business Review concluiu que o aprendizado contínuo pode ser a solução para o estresse no trabalho

Aprendizado Contínuo combatendo o Estresse e Burnout no Trabalho (Pixabay/Reprodução)

Aprendizado Contínuo combatendo o Estresse e Burnout no Trabalho (Pixabay/Reprodução)

Bruno Leonardo
Bruno Leonardo

Vice President of Corporate Education da Exame

Publicado em 18 de outubro de 2023 às 13h01.

Última atualização em 19 de outubro de 2023 às 14h19.

Estressados, ansiosos, exaustos e sem energia. É assim que muitos profissionais se sentem devido a fatores como horas de trabalho mais longas, layoffs, problemas com as lideranças, alta competitividade, necessidade de realizar mais entregas tendo menos recursos e assim por diante.

A  saúde mental virou pauta fundamental dentro e fora das empresas nos últimos anos, especialmente em decorrência dos desafios da pandemia, incluindo a adaptação para o home office, em 2020. No ano passado, a síndrome de burnout, caracterizada pelo esgotamento físico, emocional e mental causado pelo estresse crônico no trabalho, foi classificada como doença ocupacional pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Brasil já ocupa o segundo lugar em número de casos diagnosticados no mundo, segundo a International Stress Management Association (Isma).

De uma maneira geral, diante de desafios como esses, nós tendemos a ter dois movimentos: continuar ou recuar. No primeiro, um viés de ação e solução nos guia para fazer o trabalho estressante. Quase em um “piloto automático”, continuamos a resolver os problemas, apesar do cansaço. Já no segundo, buscamos reconsiderar a nossa rotina e até desconectar temporariamente do trabalho para fugir do ambiente estressante.

Um artigo publicado pela Harvard Business Review, no entanto, afirma que tanto “passar por cima” quanto “fugir” têm armadilhas em potencial: eles não resolvem os problemas que causam estresse em primeiro lugar. O artigo surge, então, com uma terceira opção: focar no aprendizado!

Mas o que aprendizado contínuo tem a ver com estresse?

Em dois projetos de pesquisa recentes, um com funcionários de vários setores e organizações e outro com médicos residentes, a Harvard Business Review encontrou evidências de que estar sempre aprendendo pode proteger os profissionais dos efeitos prejudiciais do estresse, incluindo emoções negativas, comportamento antiético e esgotamento.

O aprendizado aparece como um amortecedor de estresse porque ele nos ajuda a construir recursos instrumentais e psicológicos valiosos. Aprendendo continuamente, assimilamos novas informações e conhecimentos que podem ser úteis para resolver problemas, e nos capacitamos com novas habilidades para enfrentar ou mesmo prevenir futuros estressores.

Além disso, psicologicamente, dedicar intencionalmente algum tempo em nossas agendas para refletir sobre aquilo que sabemos e aprender coisas novas nos ajuda a ganhar mais confiança, já que desenvolvemos sentimentos de competência e auto eficácia (uma sensação de ser capaz de atingir metas e fazer mais).

A aprendizagem, portanto, nos permite construir resiliência diante do estresse.

Usando estrategicamente a aprendizagem no trabalho

Se o ambiente organizacional é naturalmente desafiador e a aprendizagem é um poder especial para continuarmos na batalha, de pé, saudáveis e prosperando, o que especificamente podemos fazer para implementá-la na rotina e diante do estresse no trabalho? Veja alguns passos:

1) Dê um novo olhar aos desafios

Ao observar uma situação que não ocorreu como você esperava, se alguém da sua equipe cometeu um erro, se você está com dificuldades para se relacionar com aquele colega de trabalho ou algo nesse sentido, busque o viés do aprendizado na resolução. Por exemplo, quando algo estressante acontecer, mude a mensagem que você diz a si mesmo:

“Esta é uma tarefa/situação de trabalho estressante” →  “esta é uma oportunidade desafiadora, mas gratificante, em que posso aprender algo”.

Além de ser uma excelente atitude a nível individual, é também fundamental que líderes cultivem essa cultura em suas equipes. A mudança de mentalidade, que nos leva a encarar as situações como potenciais aprendizados, certamente trará bons frutos a longo prazo, incluindo, por exemplo, o incentivo à inovação.

2) Aprenda com os seus colegas

Em vez de lutar com um desafio apenas em sua própria cabeça, tente obter informações de outras pessoas. Aprender é compartilhar, portanto, converse com seus pares e colegas. Essa atitude certamente fará você identificar outros pontos de vista e percepções ocultas, seja de sua experiência ou das questões que eles levantam.

3) Enxergue a aprendizagem como um momento seu

Pense em encarar o aprendizado como uma pausa divertida nas tarefas chatas do trabalho, como um momento para relaxar ou até mesmo como um dia de folga. Ver o aprendizado como "mais trabalho" o tornará menos atraente. Portanto, abordá-lo como uma forma de descanso pode torná-lo mais interessante e provavelmente resultar em experiências positivas e agradáveis.

Ou seja, para lidar com o estresse, tente aprender algo novo!

Enxergar o aprendizado como algo intrínseco em sua vida pessoal e profissional te ajuda a desenvolver recursos para ser resiliente e preparado para lidar com o estresse futuro no trabalho e na vida. Vai por mim, essa é uma dica de ouro.

Acompanhe tudo sobre:Bem-estarCultura de AprendizagemRecursos humanos (RH)Educação executiva

Mais de Carreira

Por que o processo de contratação está mais difícil do que nunca?

7 frases que você deve evitar se quiser ter sucesso em um negócio franquado

Últimas vagas: pré-MBA em finanças corporativas começa nesta 2ª feira; veja como assistir

Veja 6 estratégias essenciais para empreender no Brasil, segundo o treinador Bernardinho

Mais na Exame