As qualidades obrigatórias no currículo do CEO do futuro
Confira quais as credenciais necessárias para chegar ao mais alto cargo da hierarquia corporativa
Camila Pati
Publicado em 27 de outubro de 2015 às 05h00.
São Paulo - Pesquisa realizada pela BMI (Brazilian Management Institute) com 100 executivos entre diretores e presidentes de empresa identificou que a formação de lideranças parece ser um assunto primordial, na teoria. Enquanto 45% afirmam que o processo de desenvolvimento de lideranças é primordial para gerir durante períodos de crise, 84% deles admitem que este mesmo processo ainda precisa ser aprimorado em suas empresas.
Para Daniel Motta, uma mudança de perfil se faz necessária para a boa gestão, sobretudo, em tempos de crise . Ele faz a oposição entre dois estilos de liderança: autômato e essencial.
O primeiro tem foco em processos de comando e controle, hierarquia. “É um estilo eficaz na entrega de resultados de curto prazo, mas não constrói valores de longo prazo”, diz. A imagem é de um maquinista. “Senta na locomotiva, coloca carvão, impõe um ritmo, muitas vezes, não realista e segue por um trilho único”, explica Motta. O problema é dar espaço para os talentos individuais, sufocados por tanto controle.
A liderança essencial, por sua vez, é ancorada na mobilização, colaboração e inspiração de liderados. “É menos executor e mais facilitador. Estimula que as equipes encontrem soluções já que não impõe nem ritmo nem caminhos únicos”, diz Motta. Não é um maquinista e, sim, um orquestrador.
No entanto, de acordo com ele, não se trata de dicotomia. “Não é para abandonar tudo e, sim, conseguir um equilíbrio. Não colocaria como dualidade. Dependendo da situação, o líder opta por um caminho ou pelo outro”, diz. A questão apontada pelo especialista é que a maioria dos executivos ainda não tem consciência da relevância dos atributos da liderança essencial.
Estes aspectos ligados à colaboração e facilitação de processos são, inclusive, algumas das características que especialistas apostam como obrigatórias nos CEOs do futuro.
De que departamento virá o CEO do futuro?
Marketing, finanças, vendas, operações, recursos humanos. Qual a área que mais tem chance de “gerar” os futuros comandantes de empresas?
“Essa não é uma reposta única. Com certeza, afirmo que o CEO do futuro é multitarefa, multidisciplinar e voltado a negócios e ao consumidor ou ao cliente”, diz Adriana Cambiaghi, diretora associada da Robert Half. Com tantas opções de produtos e serviços, conquistar (e manter) a lealdade dos clientes já é e tende a ser cada vez mais importante para a sustentabilidade de qualquer negócio.
Neste contexto de preocupação com satisfação e retenção de clientes e consumidores, as áreas de vendas, marketing ganham mais destaque na trajetória dos executivos. Mas não é regra. O preceito da conquista do posto de CEO, segundo Adriana, passa pelo histórico de participação em projetos e desempenho de funções que envolvam diferentes áreas.
As qualidades mais importantes no currículo de um CEO (hoje e sempre)
A capacidade de lidar com mudanças rápidas e ciclos mais curtos é e será muito importante no futuro, segundo Daniel Motta. “Vemos esta característica em líderes das áreas relacionadas a atendimento ao cliente e a tecnologia”, diz.
Visão sistêmica e capacidade de síntese também são exigências presentes, segundo o especialista. A exposição a variáveis externas e o trânsito em diferentes fóruns trazem habilidades e ler e modelar comportamentos de acordo com o momento e ambiente. “Temos vistos presidentes com background de filosofia, antropologia”, diz Motta.
Conseguir tomar decisões rápidas com base na análise de dados complexoss e ser capaz de fazer gestão de redes igualmente complexas de fornecedores e parceiros também são características obrigatórias para quem deseja ter sucesso na cadeira de CEO.
O foco em resultados permanece importante em qualquer tempo, diz a coach Mari Martins. “Trazer bons resultados é condição obrigatória. Mas hoje se coloca na pauta a forma como se chega ao resultado”, diz Mari. Preocupação com clima organizacional e com o bem-estar dos funcionários é ponto mais crítico hoje e será no futuro, do que era no passado, por exemplo.
“O CEO do futuro cuida das pessoas, sabe que não se faz nada sem conseguir o engajamento das pessoas”, diz Adriana, diretora associada da Robert Half. Por fim, um aspecto citado por Mari Martins é o intraempreendedorismo. “ A base da motivação é a realização, a vontade de fazer acontecer”, diz.