As lições de carreira na série da Netflix sobre a 1ª milionária dos EUA
A Vida e a História de Madam C.J. Walker conta a jornada de uma líder com as habilidades para superar qualquer crise
Luísa Granato
Publicado em 10 de abril de 2020 às 08h30.
Última atualização em 25 de julho de 2020 às 14h19.
Está procurando um programa para fazer maratona no final de semana? Na Netflix , a minissérie A Vida e a História de Madam C.J. Walker fala sobre a primeira mulher dos Estados Unidos a se tornar milionária pelo próprio esforço.
Interpretada por Octavia Spencer, vencedora de Melhor Atriz Coadjuvante em 2011, a empreendedora Madam C. J. Walker começou seu próprio negócio de produtos cosméticos para o cabelo em 1905, aos 37 anos.
Segundo o Guinness World Records, quando morreu em 1919, aos 51 anos, a empresária possuía uma fortuna superior a um milhão de dólares. Antes de fundar seu negócio, ela trabalhava como lavadeira e ganhava menos de dois dólares por peça de roupa.
Além de contar a interessante história de sucesso de uma mulher negra durante a época da segregação racial nos Estados Unidos, a minissérie traz lições valiosas de carreira e que podem ajudar a guiar as lideranças durante a crise do coronavírus .
Para Ana Bavon, empreendedora e fundadora do Business for People, o segredo para gerir equipes na pandemia não é técnico, mas emocional.
“A lição para os líderes é que eles devem se enxergar dentro do contexto atual e se conectar com seus sentimentos. Afinal, tudo o que estão sentindo, seus lideradas também estão. Compartilhamos do mesmo medo e insegurança”, comenta Bavon.
E a especialista relaciona isso com um momento marcante da série: no ápice de seu sucesso, Madam Walker teve a oportunidade de expandir seu negócio e comercializar seu creme de cabelo dentro de farmácias. No entanto, seu negócio era sustentado pelas vendedoras de porta em porta que ela mesma treinava. E elas iriam sofrer com a concorrência da distribuição nas lojas.
Na série, ela escolhe negar a proposta que prejudicaria suas funcionárias, criando confiança e tornando-as mais engajadas no trabalho. Quando abre mão do acordo e dá um passo atrás, a empresária mostra que ouviu as preocupações da sua equipe.
“Existe um princípio de reciprocidade na relação corporativa. No contexto que estamos, os líderes devem garantir que as pessoas estão seguras em seus empregos e emocionalmente bem. Esse cuidado garante a estabilidade necessária para manter a produção”, fala Ana.
Além da empatia e confiança, confira outras habilidades que qualquer um pode aprender com a série:
Flexibilidade cognitiva
“Toda vez que ela vê um obstáculo, ela logo vê uma maneira para superar”, fala Ana. Madam Walker não tinha conhecimentos técnicos sobre como fazer o seu produto no início. E ela também não sabia ser uma vendedora. Cada passo seu é dado para encontrar um jeito de superar um obstáculo. Ao invés de detê-la, os desafios eram incentivos para pensar de um jeito novo.
Oratória
Para se tornar vendedora, ela logo aprendeu que precisava contar uma boa história. Quando foi ignorada de primeira pelas clientes, ela mudou sua abordagem e narrou como o creme capilar ajudou a reverter sua calvície e recuperar sua autoestima. “Sua capacidade de influência vem da habilidade de contar uma história e se conectar com as pessoas”, fala Bavon.
Inovação e criatividade
De primeira, Madam queria vender o produto de outra mulher negra e ser sua parceria. Ao ser rejeitada, ela resolveu criar sua própria fórmula. Por tentativa e erro, ela conseguiu criar seu produto. “Mesmo tendo sucesso, ela continuou melhorando a pasta capilar e cria uma linha inteira de produtos para o cabelo da mulher negra. A lição é não se paralisar por causa dos erros. Se ela tivesse medo de errar, não teria nem começado”, comenta Ana.
Aprendizado contínuo
“Em nenhum momento, mesmo no auge do seu negócio, ela deixa de estudar e aprender mais sobre seu público”, conta Ana. Madam não se acomoda com a fama que ganhou e seu sucesso, sempre se preparando para alcançar melhores resultados. Uma das grandes habilidades do futuro é renovar e adicionar conhecimentos a todo momento. “Ela estava sempre atenta aos outros e ao que precisava aprender a mais”, completa a especialista.