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Ana Paula Padrão conta por que quis sair da Record

Em entrevista a EXAME.com, jornalista conta como planejou sua transição de carreira agora que deixou a bancada do jornal Record para apostar no seu lado empresária

EXAME.com (EXAME.com)

Camila Pati

Publicado em 23 de março de 2013 às 08h00.

São Paulo - De jornalista a empresária. Mas não sem alguns anos de muito planejamento. A mudança de carreira de Ana Paula Padrão foi algo pensado e estudado. Nesta semana ela anunciou sua saída da bancada do Jornal da Record para se dedicar exclusivamente aos negócios que comanda, a produtora de conteúdo Touareg e o Tempo de Mulher, que além de portal, oferece serviços, promove eventos e faz pesquisas sobre a mulher de classe média. Neste ano ela promete realizar outro seminário em São Paulo, o Momento Mulher.

No fim do ano passado, Ana Paula ainda fez um teste de mercado para o lançamento uma revista voltada para mulheres executivas , a Tempo de Mulher Business, que deve sair do forno no próximo mês. “Ainda estamos estudando qual será a periodicidade dela, se mensal ou bimestral”, adiantou à EXAME.com.

Com tantos projetos simultâneos, dividir a bancada com Celso Freitas no principal jornal da emissora de Edir Macedo tinha prazo certo para acabar, conforme explicou em entrevista. Confira:

- A decisão de sair da Record foi repentina?

Ana Paula Padrão: Não, pelo contrário. Quando eu fiz o contrato com a Record já estava estabelecido que seriam 4 anos e não teria extensão. Quando eu fui negociar eu disse que já estava abrindo uma exceção porque já tinha a minha produtora Toureg, que está crescendo muito e hoje a gente está abrindo outra área para desenvolver novos formatos para televisão, por conta da lei que estabelece cotas de programação nacional para os canais pagos.

No fim do ano passado eu falei para a direção da Record que se eles não tivessem outra coisa para me oferecer, além da bancada do jornal, que a nossa relação iria mesmo terminar, mas foi super tranquilo, não teve briga.


- O planejamento começou então antes mesmo de você entrar na Record?

Ana Paula Padrão: Naquele momento, eu já via a mudança na minha carreira e já estava fazendo pesquisas e sabia que precisava estudar a classe média. O Portal Tempo de Mulher foi lançado em setembro de 2011 e cresceu rapidamente. Hoje nós temos 30 milhões de page views e somos um dos gigantes do MSN.

E tudo veio muito rápido, eu queria investir em plataformas e continuar as pesquisas dando informação para quem precisa falar com a mulher. Tem também a revista Tempo de Mulher Business que fiz um teste no fim do ano passado e teve uma boa aceitação. Devemos lançar em abril e a empresa de eventos.

Já fizemos 3 grandes seminários, dois em São Paulo e um no Rio de Janeiro e neste vou fazer mais um São Paulo, o Momento Mulher. Quero levar também eventos para outras regiões do país, para o Sul para o Nordeste que não têm eventos voltados para mulheres.


- Por que a decisão de antecipar o fim do contrato com a Record em um mês?

Ana Paula Padrão: O meu contrato se encerraria no começo de maio e achei melhor antecipar a minha saída porque não fazia sentido eu ir ao lançamento da nova programação (que seráanunciada na próxima semana) se eu não ia participar. As pessoas ficam procurando pelo em ovo, mas não teve briga, é a minha vida, eu planejei isso, muita gente não planeja, mas eu sou assim.

- Não há planos de fazer televisão?

Ana Paula Padrão: Não estou dizendo que nunca mais farei televisão, se combinar com meus negócios eu posso voltar a fazer.

- Como surgiu o interesse na questão da mulher?

Ana Paula Padrão: Sempre me interessei em fazer matérias sobre mulheres. As mulheres no mundo inteiro têm preocupações parecidas, algo em comum, como essa questão do equilibro entre a vida familiar e profissional. Mas a grande virada foi quando eu estava na Globo e voltei para o Brasil (ela era correspondente internacional até 2000)para ancorar o Jornal da Globo e comecei a ser procurada por muitas mulheres.

- O que elas queriam?

Ana Paula Padrão: Queriam que eu fizesse palestras, e foi ali que eu percebi que eu era uma referência de sucesso sendo mulher. Porque a minha geração, dos anos 80, se masculinizou muito no mercado de trabalho e eu nunca consegui ser muito masculina. O máximo foram aquelas ombreiras enormes que eu usava. Então eu acho que era isso que as mulheres viam em mim esse equilíbrio.

- E quando o interesse virou negócio?

Ana Paula Padrão: Quando eu estava no SBT é que comecei a fazer pesquisas sobre a comunicação com as mulheres. Mas eu precisava de mais tempo de exposição e a Record me deu essa chance e de me aproximar justamente da mulher de classe média, de fazer matérias, e hoje eu sou muito bem recebida nas comunidades. Perdi aquela coisa de ser de nicho classe AB.



- Nos Estados Unidos, a chefe operacional do Facebook, Sheryl Sandberg tem despontado como uma liderança feminina. Você também se considera uma líder nesse sentido?

Ana Paula Padrão: Dizem isso de mim. Já li o livro da Sheryl e gostei muito, é bem voltado para mulher executiva no mercado norte-americano. Acho que aqui no Brasil, na América Latina como um todo, é diferente. As latinas levam muito em consideração a vida familiar, temos pesquisas que indicam que para 71% o trabalho não vem em primeiro lugar.

Ou seja, o trabalho para elas não é um fim, é um meio. É preciso levar isso em conta. É importante para a mulher ter vida fora do trabalho, ter um companheiro, a ligação com a vida pessoal é muito forte. Nesse nosso mercado temos que falar mais para esse equilíbrio entre vida profissional e vida pessoal.

- A questão de encontrar esse equilíbrio é importante na sua vida?

Ana Paula Padrão: Sim, muito. Sou parte de uma geração que investiu pesado no trabalho. E muitas mulheres foram muito bem sucedidas na carreira, mas tiveram pouco tempo livre, se masculinizaram no mercado de trabalho. Eu passei a me preocupar mais em equilibrar vida pessoal e vida profissional quando me casei, em 2002, muito apaixonada. Naquele momento eu parei e pensei: quero ter tempo para viver isso. E foi bom porque me deu a estabilidade que eu queria para fazer as minhas pesquisas.

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São Paulo - De jornalista a empresária. Mas não sem alguns anos de muito planejamento. A mudança de carreira de Ana Paula Padrão foi algo pensado e estudado. Nesta semana ela anunciou sua saída da bancada do Jornal da Record para se dedicar exclusivamente aos negócios que comanda, a produtora de conteúdo Touareg e o Tempo de Mulher, que além de portal, oferece serviços, promove eventos e faz pesquisas sobre a mulher de classe média. Neste ano ela promete realizar outro seminário em São Paulo, o Momento Mulher.

No fim do ano passado, Ana Paula ainda fez um teste de mercado para o lançamento uma revista voltada para mulheres executivas , a Tempo de Mulher Business, que deve sair do forno no próximo mês. “Ainda estamos estudando qual será a periodicidade dela, se mensal ou bimestral”, adiantou à EXAME.com.

Com tantos projetos simultâneos, dividir a bancada com Celso Freitas no principal jornal da emissora de Edir Macedo tinha prazo certo para acabar, conforme explicou em entrevista. Confira:

- A decisão de sair da Record foi repentina?

Ana Paula Padrão: Não, pelo contrário. Quando eu fiz o contrato com a Record já estava estabelecido que seriam 4 anos e não teria extensão. Quando eu fui negociar eu disse que já estava abrindo uma exceção porque já tinha a minha produtora Toureg, que está crescendo muito e hoje a gente está abrindo outra área para desenvolver novos formatos para televisão, por conta da lei que estabelece cotas de programação nacional para os canais pagos.

No fim do ano passado eu falei para a direção da Record que se eles não tivessem outra coisa para me oferecer, além da bancada do jornal, que a nossa relação iria mesmo terminar, mas foi super tranquilo, não teve briga.


- O planejamento começou então antes mesmo de você entrar na Record?

Ana Paula Padrão: Naquele momento, eu já via a mudança na minha carreira e já estava fazendo pesquisas e sabia que precisava estudar a classe média. O Portal Tempo de Mulher foi lançado em setembro de 2011 e cresceu rapidamente. Hoje nós temos 30 milhões de page views e somos um dos gigantes do MSN.

E tudo veio muito rápido, eu queria investir em plataformas e continuar as pesquisas dando informação para quem precisa falar com a mulher. Tem também a revista Tempo de Mulher Business que fiz um teste no fim do ano passado e teve uma boa aceitação. Devemos lançar em abril e a empresa de eventos.

Já fizemos 3 grandes seminários, dois em São Paulo e um no Rio de Janeiro e neste vou fazer mais um São Paulo, o Momento Mulher. Quero levar também eventos para outras regiões do país, para o Sul para o Nordeste que não têm eventos voltados para mulheres.


- Por que a decisão de antecipar o fim do contrato com a Record em um mês?

Ana Paula Padrão: O meu contrato se encerraria no começo de maio e achei melhor antecipar a minha saída porque não fazia sentido eu ir ao lançamento da nova programação (que seráanunciada na próxima semana) se eu não ia participar. As pessoas ficam procurando pelo em ovo, mas não teve briga, é a minha vida, eu planejei isso, muita gente não planeja, mas eu sou assim.

- Não há planos de fazer televisão?

Ana Paula Padrão: Não estou dizendo que nunca mais farei televisão, se combinar com meus negócios eu posso voltar a fazer.

- Como surgiu o interesse na questão da mulher?

Ana Paula Padrão: Sempre me interessei em fazer matérias sobre mulheres. As mulheres no mundo inteiro têm preocupações parecidas, algo em comum, como essa questão do equilibro entre a vida familiar e profissional. Mas a grande virada foi quando eu estava na Globo e voltei para o Brasil (ela era correspondente internacional até 2000)para ancorar o Jornal da Globo e comecei a ser procurada por muitas mulheres.

- O que elas queriam?

Ana Paula Padrão: Queriam que eu fizesse palestras, e foi ali que eu percebi que eu era uma referência de sucesso sendo mulher. Porque a minha geração, dos anos 80, se masculinizou muito no mercado de trabalho e eu nunca consegui ser muito masculina. O máximo foram aquelas ombreiras enormes que eu usava. Então eu acho que era isso que as mulheres viam em mim esse equilíbrio.

- E quando o interesse virou negócio?

Ana Paula Padrão: Quando eu estava no SBT é que comecei a fazer pesquisas sobre a comunicação com as mulheres. Mas eu precisava de mais tempo de exposição e a Record me deu essa chance e de me aproximar justamente da mulher de classe média, de fazer matérias, e hoje eu sou muito bem recebida nas comunidades. Perdi aquela coisa de ser de nicho classe AB.



- Nos Estados Unidos, a chefe operacional do Facebook, Sheryl Sandberg tem despontado como uma liderança feminina. Você também se considera uma líder nesse sentido?

Ana Paula Padrão: Dizem isso de mim. Já li o livro da Sheryl e gostei muito, é bem voltado para mulher executiva no mercado norte-americano. Acho que aqui no Brasil, na América Latina como um todo, é diferente. As latinas levam muito em consideração a vida familiar, temos pesquisas que indicam que para 71% o trabalho não vem em primeiro lugar.

Ou seja, o trabalho para elas não é um fim, é um meio. É preciso levar isso em conta. É importante para a mulher ter vida fora do trabalho, ter um companheiro, a ligação com a vida pessoal é muito forte. Nesse nosso mercado temos que falar mais para esse equilíbrio entre vida profissional e vida pessoal.

- A questão de encontrar esse equilíbrio é importante na sua vida?

Ana Paula Padrão: Sim, muito. Sou parte de uma geração que investiu pesado no trabalho. E muitas mulheres foram muito bem sucedidas na carreira, mas tiveram pouco tempo livre, se masculinizaram no mercado de trabalho. Eu passei a me preocupar mais em equilibrar vida pessoal e vida profissional quando me casei, em 2002, muito apaixonada. Naquele momento eu parei e pensei: quero ter tempo para viver isso. E foi bom porque me deu a estabilidade que eu queria para fazer as minhas pesquisas.

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