Carreira

A raiz da infelicidade no trabalho? É fácil ver

Dentro das empresas, as pessoas são tratadas como meros recursos — e aí está a origem de grande parte das frustrações profissionais

Por que estamos tão infelizes (Marcelo Calenda)

Por que estamos tão infelizes (Marcelo Calenda)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de janeiro de 2014 às 11h52.

São Paulo - A reportagem Como vencer a decepção, desta edição da VOCÊ S/A, que aborda as principais frustrações das pessoas com o trabalho, me faz lembrar uma pesquisa realizada por três colegas. Trata-se do livro de Betânia Tanure, Antônio Carvalho Neto e Juliana Oliveira Andrade chamado Executivos: Sucesso e (in)Felicidade (Elsevier, 2007).

Os autores fizeram um estudo com presidentes, vice-presidentes e diretores de empresas e constataram que mais de 80% deles se declaravam infelizes com a profissão.

A decepção vai do topo à base da pirâmide hierárquica das empresas. As principais reclamações referem-se a baixos salários, falta de identificação com as organizações e autonomia limitada — resultados semelhantes aos da reportagem desta edição.

O trabalho é a principal atividade na sociedade contemporânea. Ele nos fornece o sustento material e a possibilidade de massagear o ego. A maioria de nós precisa estar bem no trabalho para estar bem na vida.

Qual o motivo de termos tanta gente decepcionada com o trabalho no mundo corporativo? O problema começa quando nos damos conta de que dentro das empresas as pessoas são meros recursos. Como recursos, estão lá para satisfazer o interesse do acionista, ou seja, a maximização do lucro.

Enganam-se os que procuram felicidade no trabalho. Isso é para poucos. Para a maioria, o trabalho é tedioso e constitui apenas um meio de vida. Desde o início, as preocupações em motivar funcionários existiram para fazer com que trabalhassem mais. Corporações só investem nas pessoas para ter lucro.

Mas o discurso hoje é da empresa amiga das pessoas e do meio ambiente. Nada mais falacioso em uma contemporaneidade regida pela busca de mais e melhores resultados corporativos. 

O modelo das corporações naturalizado historicamente é o da divisão das tarefas e da hierarquia. Nesse modelo, a autonomia sempre será limitada. Identificar-se com a empresa é muito difícil. Os anseios humanos sempre serão mais complexos do que os limitados objetivos corporativos. 

O problema central da nossa decepção com o trabalho é que esperamos algo que ele jamais vai conseguir oferecer nos moldes em que está estruturado hoje: autonomia e realização. Isso apenas seria possível em outro tipo de organização. Uma que colocasse a pessoa em primeiro lugar.

Acompanhe tudo sobre:Ambiente de trabalhoEdição 186FelicidadeGestão de pessoasgestao-de-negociosMotivação

Mais de Carreira

Como usar a técnica de Delphi para tomada de decisões

10 dicas para criar uma cultura de inovação na empresa

10 profissões para quem gosta de Direito

Como falar para o recrutador que você tem uma viagem marcada