6 competências que os CEOs devem ter
Estudo mapeou o perfil de mais de 200 presidentes de companhias brasileiras ao longo de 17 anos e mostou as principais competências comportamentais em comum
Camila Pati
Publicado em 23 de outubro de 2012 às 05h00.
São Paulo – Aliadas ao conhecimento técnico, algumas competências comportamentais são essenciais para que um profissional chegue ao posto de CEO e se mantenha nele. Para Aline Zimmermann, sócia da Fesa, empresa de recrutamento de executivos, as características comportamentais são analisadas de perto na hora de recrutar CEOs. “São extremamente importantes e tem muito a ver com a cultura da empresa e o momento pelo qual ela está passando”, diz Aline.
Um levantamento recente da Arquitetura Humana mapeou o perfil de 207 presidentes ao longo de 17 anos. O resultado é uma lista de características comuns “ao DNA” daqueles que ocupam o mais alto cargo executivo.
Pessoas com este perfil, além de mais chances de obter sucesso na cadeira de CEO, também podem ser mais felizes no cargo, segundo Elmano Nigri, presidente da Arquitetura Humana. Autoconhecimento é fundamental. “O que eu falo para o jovem executivo que almeje ser presidente de uma empresa é que ele conheça a si mesmo”, diz Nigri.
Na opinião dele, forçar atitudes resulta em um alto preço. “Muitas pessoas veem o cargo, mas não percebem a realidade dele. Por isso é importante fazer a pesquisa comportamental para verificar o quão feliz a pessoa vai ser como presidente de uma empresa”, diz o executivo.
Não ter algumas características listadas abaixo não é motivo para desistir de um plano de carreira nesse sentido.“Hoje em dia, há cada vez mais ferramentas que permitem lapidar o comportamento”, diz. Treinamentos de gestão, coaching e mentoring estão na lista. “Muitos profissionais buscam processos de coaching antes de se tornarem líderes e esse mercado cresce consideravelmente”, diz Aline.
Confira abaixo quais características comportamentais indicam que você já tem o DNA de um CEO e dicas para desenvolvê-las.
1Poder de influência e impacto no ambiente
A personalidade forte é a característica que mais se sobressai entre os CEOs. Segundo o estudo, 92% dos presidentes de empresas causam impacto no ambiente em que atuam. “Eles têm carisma, personalidade forte e são os primeiros a se levantar para resolver uma situação”, diz Nigri.
A capacidade de persuasão também é característica comum a 92% dos CEOs que participaram do estudo. “O presidente precisa ter essa habilidade para motivar os funcionários e fazer com que os outros trabalhem em equipe”, diz Nigri.
Segundo Aline, as empresas têm buscado presidentes que estejam atentos às equipes. “O que as empresas mais pedem é que o executivo tenha o olhar voltado para os talentos, que saiba tirar o melhor das suas equipes e que trabalhe a meritocracia”, diz.
O primeiro passo para aumentar o poder de influência no ambiente de trabalho é ter precisão de objetivos, de acordo com Richard Templar, autor de “As 100 melhores ideias para ter o que se quer sem pedir”.
2Energia
Para suportar uma rotina agitada e as longas horas de expediente é preciso ter uma dose extra de energia. Esta característica está presente em 91% dos presidentes que participaram do levantamento da Arquitetura Humana.
Saber lidar com estresse, suportar a tensão no ambiente de trabalho e trabalhar por longos períodos parece ser a marca registrada de muitos presidentes. Com tantos compromissos, muitos deles acabam também colocando as horas de sono em segundo plano.
Se dormir 4 horas parece ser impossível para você e pode até atrapalhar sua produtividade, acordar um pouco mais cedo pode ser a chave do sucesso. No livro “What the most successful people do before breakfast” (O que as pessoas mais bem sucedidas fazem antes do café-da-manhã), a escritora Laura Vanderkam lista uma série de motivos para que as primeiras horas da manhã sejam levadas mais a sério.
3Rapidez
Ritmo rápido de pensamento e trabalho e forte senso de urgência também estão no DNA dos CEOs. Resultantes da alta competitividade dos ambientes corporativos, da pressão por resultados e lucros, estas características estão presentes em 89% dos presidentes que participaram do levantamento da Arquitetura Humana.
Segundo Aline, as empresas buscam CEOs que tenham o que ela chama de “curiosidade intelectual”. “É aquele profissional que pensa o que ele pode fazer de diferente e que seja melhor”, diz.
Para começar produzir mais e em menos tempo, evitar interrupções desnecessárias no trabalho é uma dica fundamental. Uma pesquisa da consultoria Triad, por exemplo, revela que 84,6% dos entrevistados perdem muito tempo ao acessar redes sociais durante o expediente.
4Capacidade de assumir riscos
A ousadia é quase inerente à condição de CEO. Por isso, 85% têm essa qualidade, segundo Elmano Nigri, presidente da Arquitetura Humana. Independência, individualismo, impulso competitivo e iniciativa são alguns dos aspectos enfatizados pelas pessoas que assumem riscos.
Um bom CEO não pode se restringir à zona de conforto “As empresas querem líderes que saibam criar valor para o negócio, que tragam inovação”, diz Aline. Por isso, uma postura empreendedora é essencial para quem busca ser um presidente de sucesso.
5Extroversão
É um traço da personalidade de 61% dos presidentes. “São pessoas que gostam de ser apreciadas, queridas e que tem alta capacidade de comunicação”, diz Nigri. De acordo com Aline, na hora de recrutar executivos para o cargo de CEO, esta é uma característica muito valorizada pelos headhunters.
“As empresas buscam executivos que consigam fazer com que os departamentos se comuniquem, trabalhando de forma colaborativa o melhor de cada área”, diz a especialista.
A transparência na comunicação também é um fator crucial no recrutamento de CEOs. “Tratar as informações de forma correta e comunicá-las na hora certa e para as pessoas certas é muito importante”, diz Aline.
A sua interação no escritório com gestores e colegas é um bom termômetro para avaliar como anda a sua capacidade de comunicação. Ter bons relacionamentos no trabalho é sinal de sucesso, dizem especialistas.
6Capacidade de tomar decisões sob pressão
O estudo da Arquitetura Humana indica esta habilidade em 66% dos presidentes. Estas pessoas são classificadas, de acordo com a metodologia da pesquisa, como informais. “As pessoas informais tem mais facilidade em tomar decisões de sucesso, com base em menos informações, e são também melhores negociadores”, diz Nigri.
Pessoas de personalidade mais formal ficam mais presas às regras e aos detalhes antes de decidir por qual caminho devem seguir.
Uma recente pesquisa do LinkedIn indica que os profissionais brasileiros são os que mais sentem medo diante de negociações. Mas quem tem dificuldade em tomar decisões em ambientes mais hostis pode optar por cursos de aprimoramento para desenvolver este tipo de competência, por exemplo.